domingo, 29 de dezembro de 2019

MOVIMENTO GOROROBA: uma mostra da produção artística contemporânea maranhense.


Obra "Taipa" do artista Murilo Santos, localizada no Museu de Artes Visuais, no Centro Histórico de São Luís

   O Movimento situa a arte maranhense no cenário contemporâneo da arte e da contracultura da década de 1970. E este conteúdo foi estruturado de forma a direcionar o leitor ao tema, dando-lhe embasamento teórico através de informações que designem a posição importante da arte maranhense na História da Arte Contemporânea.
    A começar pela delimitação do termo contemporâneo e, também, ao que alguns autores citam como pós-modernismo, suas características e principais preceitos na evolução temporal da arte. Trilhamos, dentro da história, a representação simbólica da arte de forma a percorrê-la pelos diferentes movimentos artísticos, a fim de descrever suas principais características, artistas e obras, relacionando-os com o objeto de estudo nesta pesquisa.
gororoba imagem de jornal da época, de uma das exposições
    O estudo da História da Arte Contemporânea visou fazer da apreciação do tipo de arte produzida no período de 1970, no Maranhão, um contexto de participação, uma forma de afetar o fruidor / observador de arte. Para que, do contrário, tais obras não expressem apenas um sentimento de choque e repulsa, negando sua própria natureza artística, o que não é sua intenção. Ela é um tipo de arte que mexe com o raciocínio e a imaginação do público, pois está contextualizada com temas sociais e filosóficos.
     Mostra também, que a arte, por mais que artistas, críticos e historiadores queiram negar, sempre foi impulsionada pela arte estrangeira. Antes a Européia, que com o Modernismo, passa a ter como centro dispersor, os Estados Unidos, chegando ao eixo Rio/São Paulo, para somente depois abranger o resto do Brasil, assim como o Maranhão.
     A pesquisa traçou todo esse processo demarcando a arte estrangeira, a brasileira e a maranhense, que partindo da década de 1970, se restringe às consultas ao livro produzido pelo extinto Banco do Estado do Maranhão, a algumas monografias de conclusão de curso de graduação, aos jornais da época e, principalmente à memória oral pelo contato com alguns artistas e estudiosos sobre a arte em São Luís, comentários referentes à vivência da comunidade artística e de críticos de arte durante o período, que se dispuseram a compartilhar tais informações. No entanto, Houve uma grande lacuna deixada por artistas que participaram das exposições, a grande maioria não se dispôs, ou manifestou interesse em pronunciar-se, até mesmo em ceder materiais, como imagens e documentos.
jornal da época, divulgando uma das exposições
    O Movimento consistiu de um encontro entre jovens artistas engajados com a situação social, econômica e política exposta durante a ditadura militar, que limitava a apresentação de seus trabalhos através da censura. Para eles, suas atuações não se caracterizaram como movimento por, sobretudo, “não compartilharem de uma total unidade de objetivos”. Mas, esta reunião de idéias do grupo, que surgiu para a montagem das exposições Gororoba entre 1977 e 1980, com intuito de buscar maior diversificação possível de técnicas e suportes, observáveis nos trabalhos ilustrados na pesquisa e suas constantes mobilizações culturais através das exposições, já caracteriza um movimento.
    Os trabalhos reunidos, constituem apenas uma porção muito pequena do que houve nas quatro exposições, necessitando de um espaço de tempo maior para uma pesquisa mais detalhada e minuciosa. É palpável a extensão que se tornou a pesquisa deste grupo. Cada consulta aos arquivos de jornais nos surpreendia juntamente com os artistas do grupo que nem tinham conhecimento de sua abrangência e de ainda haver tantos registros de obras que em sua maioria têm paradeiro desconhecido. Tantas informações os causaram um sentimento de emoção e nostalgia por terem participado de um acontecimento tinha um viés de luta pela garantia de liberdade de expressão e pela busca de inovação artística.
     Na história da Arte, o posicionamento político através da arte é sempre revisitado, como no Realismo, Expressionismo e por artistas como os mexicanos Diego Rivera, José Clemente Orozco e Davi Alfaro Siqueiros em sua arte mural na década de 1920, que tinha o objetivo de pintar para o povo. Segundo Castelani, só mesmo o mural poderia redimir artisticamente um povo que esquecera a grandeza de sua civilização pré-colombiana durante tantos séculos de opressão estrangeira e de espoliação por parte das oligarquias nacionais culturalmente voltadas para a metrópole espanhola. Os muralistas constituíam um grupo atuante e criativo que formava a vanguarda cultural revolucionária do México, com forte sentido do valor social de sua arte. Intenções semelhantes?
    O grupo possuía visão partidária. Arte deve se posicionar sim!  Com envolvimentos em diretórios acadêmicos, partidos políticos e sindicatos. Fatores que incentivavam a utilização de temas que retratam esse tipo de estética mobilizando e contextualizando diversas linguagens artísticas à história sócio-política na Arte local. Mostraram também uma diversificação de estilos, técnicas e materiais.
Joaquim Santos s/ titulo
Registros da atuação do grupo podem ser conferidos em minha pesquisa que se encontra no acervo do curso de Especialização em História do Maranhão na UEMA (entitulando o tema), em matérias de jornais, já bastante deteriorados, da época, na Biblioteca Pública Benedito Leite que me forneceram os principais dados; menção na uma monografia de conclusão de curso do artista Maciel Pinheiro, em um site com uma página sobre o artista César Teixeira e, mais recentemente, no livro Veredas Estéticas de João Carlos Pimentel.

1ª Exposição: junho do ano de 1977 em comemoração ao aniversário de fundação do teatro Artur Azevedo.



2ª exposição: 17 de junho a 02 de julho de 1978




Murilo Santos, instalaçao

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