sexta-feira, 27 de janeiro de 2023

ARTE E CULTURA GRECO-ROMANA: O nascimento do CLÁSSICO

Sítio arqueológico de Baelo Claudia, em Andalusia, Espanha, 2018. 

ARTE GRECO-ROMANA

Ao longo da história da humanidade absorvemos, influenciamos ou somos influenciados por culturas que mantivemos qualquer tipo de contato, pois alguma forma de arte existe em todas as partes do globo, mas a história da arte como um esforço contínuo não tem seu princípio ou fim definido. Mas há a continuidade transmitida de mestre a discípulo, e de discípulo a admirador ou copista, o que ligaria a arte do vale do Nilo de cerca de cinco mil anos atrás à produção do povo grego. Pois veremos que os mestres gregos “frequentaram” a escola dos egípcios (parafraseando o historiador de arte austríaco Ernst Hans Josef Gombrich) e todos nós somos discípulos dos povos gregos e também dos povos romanos que foram influenciados de forma linear e transitória pelos mesmos.

A influência dos gregos e romanos pode ser verificada ao longo da história da humanidade, a partir de sua própria existência...

Assim, na Idade Média, negando seus preceitos e cânones, depois resgatada nos períodos posteriores como o Renascimento (cuja nomenclatura já os requisita de forma direta, no século XIV) e o Neoclassicismo (onde a nomenclatura os trata como o “novo clássico”, fomentado pela descoberta das ruínas da cidade de Pompéia, soterrada pelas lavas do vulcão Vesúvio). Esta influência perdura e se reinventa, sempre negando ou exaltando os “clássicos”, nas mais diferentes representações artísticas, culturais e sociais.

A palavra clássico deriva do latim classicus, que significa um cidadão da mais alta classe, de extremo valor, segundo o pesquisador da história da música, Roy Bennett. Desta forma, falamos clássicos a obras com grande estima e reconhecimento universal: Shakespeare é um “clássico” da literatura e os gregos e romanos “clássicos” para a filosofia, sociologia, matemática, política, música, arquitetura, escultura e para a literatura.

 Servem de referências e bases para a nossa cultura geral.

ARTE GREGA

Evolução da representação técnica na escultura masculina, visualizado: https://br.pinterest.com/pin/359302876497601334/, acesso em 29/07/2020.

A arte grega costuma ter seu estudo dividido em três períodos que demarcam, em sua temporalidade, modificações substanciais e acréscimos de rebuscamentos:

Período Arcaico

Nos primeiros séculos, a produção escultórica do povo grego se assemelhava à dos egípcios em rigidez. Mas, sabemos que os egípcios baseavam sua arte no próprio reconhecimento. Mas os gregos começaram a usar os próprios olhos, não a representação deles. Uma vez iniciada essa revolução, os escultores em suas oficinas ensaiaram novas ideias e novos modos de composição da figura humana, e cada inovação era avidamente adotada por outros. O homem jovem era representado nú (essas estátuas eram chamadas de “Kouros”) e as moças eram representadas vestidas (korés).

A sua cerâmica era decorada com padrões geométricos simples e, quando se queria representar uma cena, esta formava parte do desenho com austeridade e rigor.

Evolução da representação técnica na escultura feminina, visualizado: https://br.pinterest.com/pin/67835538115476935/, em 29/07/2020.

Período Clássico

Quando a arte passa a apresentar grande apuro técnico, com a criação de cânones e regras para a representação pautada na natureza, tanto para figura humana quanto para a arquitetura e a pintura. Com a utilização de formas idealizadas, mais belas que o normal, representação de atletas em pleno movimento e mulheres com vestes esvoaçantes, como representação dos deuses (os gregos eram politeístas!), tudo podendo ser detalhado em esculturas que servem como enfeites dos templos. Neste período percebemos maior indução de movimento nas estátuas, para isto, começa a utilização do bronze que era mais resistente do que o mármore, podendo fixar o movimento sem que os membros (braços, pernas) se quebrem.  Na pintura da cerâmica, há o destaque no uso de tintas vermelhas sobre o fundo negro, percebemos a pintura com maior dinamismo, realismo, naturalismo e expressividade. Foi o período em que a democracia ateniense atingira seu nível mais elevado e que a arte grega deu início a um grande desenvolvimento.


O corpo naa obras de arte da Grécia Antiga #vivieuvi

Período Helenístico

Teve influência oriental da macedônia, com a arte mais decorativa e suntuosa. Quando o apogeu técnico, estético e conceitual do povo grego foi atingido e, por fim, seu declínio. Aprimoraram uma multiplicidade de usos e técnicas, como a da encáustica sobre gesso e mármore pela aplicação de cera derretida, criação de mosaicos, que adquirem detalhismo e refinamento. As esculturas ganham intensa expressividade e teatralidade, emotividade e riqueza de detalhes, feitas em bronze (o domínio da técnica escultórica em mármore será alcançado apenas pelos romanos, que copiarão as obras gregas e usarão o bronze para fazerem armamentos). A arte helênica conservou ainda algumas direções clássicas puras idealizadoras do objeto, mas a tendência, todavia, é para o aumento de imaginação e liberdade, a arte passa a superar o equilíbrio clássico, por sua dinamicidade.


A arquitetura tinha seu planejamento matematicamente calculado. Nos templos, eram colocadas esculturas decorativas nos frisos e frontões (observe na imagem do templo), Eram muitas vezes pintadas em cores vivas, mas praticamente nada dessa decoração chegou até nós. Este modelo repercutiu largamente em todo o território grego, assumindo, porém, muitas variações que dependiam de preferências locais ou do orçamento disponível, com regras de composição pautadas na precisão geométrica do uso do retângulo áureo, inventado por este povo, e hoje nos serve de base para o corte de uma folha de papel que compramos em resmas para impressão de atividades (tamanho A4), no caderno que utilizamos para escrever (A5, o pequeno - ou A4 o grande, com o dobro do tamanho), e no cartão do banco, que passamos no caixa eletrônico para pagar nossas compras).

Na arquitetura grega foram desenvolvidos três estilos ou ordens: a ordem dórica, jônica e a coríntia (empregadas respectivamente nos períodos arcaico, clássico e helenístico). Imagem visualizada: http://pontozeroum.blogspot.com/2016/01/colunas-gregas.html, acesso 29/07/2020.

Outra das invenções importantes da arquitetura grega foi o anfiteatro, geralmente construído na encosta de uma colina, aproveitando as características favoráveis do terreno para ajustar as arquibancadas semicirculares. No centro do teatro ficava a orquestra, e ao fundo o palco, decorado com um cenário arquitetônico fixo.

Imagem de um anfiteatro na antiga cidade de Myra, na Lycia, onde atualmente ocupa região da Turquia. visualizada: https://br.pinterest.com/pin/85568461654535623/, acesso em 29/07/2020.

No âmbito das artes cênicas, os gregos fundaram gêneros que até hoje organizam as várias modalidades do teatro contemporâneo. A tragédia e a comédia aparecem como textos em que os costumes, instituições e dilemas da existência eram discutidos através da elaboração de narrativas e personagens bastante elaboradas. Tendo grande prestigio entre a população, o teatro atraía os olhares de várias pessoas que se reuniam para admirar e discutir as peças encenadas publicamente.


 

ARTE ROMANA

A estética romana teve por base a estética da cultura greco-helenística, que aos poucos foi adquirindo características próprias, na construção de uma arte que atendia com praticidade o modo de vida e necessidades dos romanos. A temporalidade é aproximada de 753 a.C. (quando a cidade de Roma é fundada) até 476 d.C. (com o fim do Império Romano), um império que durou cerca de mil anos.

Assim como os gregos, eram politeístas, absorvendo a mesma religiosidade e suas características, adotando a mudança dos nomes de alguns deuses do panteão grego. Assim, Afrodite se transformou em Vênus, Ares virou Martes, Hera – esposa de Zeus - foi chamada de Juno pelos romanos, e o Zeus grego (soberano do olimpo), se converteu em Júpiter.

Herdeiros da arte grega, os romanos espalharam suas esculturas, pinturas e mosaicos por todo território que conquistavam, igualmente, construíam teatros onde podiam ser representadas peças que serviam para instruir e divertir a população. Em algumas cidades eram levantadas arenas para jogos de gladiadores, recriações de batalhas, lutas entre homens e animais selvagens (o anfiteatro romano era construído a céu aberto e em vários pavimentos, diferente do grego que aproveitava o relevo das encostas de montanhas).

Imagem do Teatro Coliseu, em Roma, capital da Itália. Visualização: https://www.maxmilhas.com.br/blog/guia-de-destinos/viagem-para-a-italia-o-guia-ideal-para-voce, em 30/07/2020.

A arquitetura romana deriva da arquitetura grega, embora diferenciando-se por algumas características ou agregando-as, por isso alguns autores agrupam ambos estilos designando-os por arquitetura clássica. Alguns tipos de edifícios característicos deste estilo propagaram-se por toda a Europa, em particular, o aqueduto, a basílica, a estrada romana, o domus, arcos do triunfo, e o Panteão. Os monumentos romanos se caracterizam pela solidez; aprenderam com os etruscos o emprego do arco, assim como a abóbada ou teto curvo e o cimento hidráulico. Construíram também catacumbas, fontes, obeliscos e templos.

Os romanos abastados prezavam pelo conforto e, geralmente, nas casas dos patrícios havia água encanada. Se o rio não estivesse perto da cidade, um aqueduto era levantado para trazer água à população que a recolhia nas fontes instaladas na cidade. (Aquedutos são sistemas de transporte de águas feitos na forma de pontes, sustentadas por arcos superpostos).

Imagem do aqueduto da cidade de Segóvia, Espanha, visualizada: https://fuigosteicontei.com.br/segovia-espanha-la-que-fica-o-castelo-que-inspirou-walt-disney/, em 30/07/2020.

As termas eram as casas de banho, que usavam água aquecida, caracterizando alto grau de higiene dessa civilização.

Roma propiciou a primeira experiência republicana da história. A Civilização ainda contribuiu grandemente para o desenvolvimento do direito, arte, literatura, arquitetura, tecnologia, religião, governo, e da linguagem no mundo ocidental e sua história continua a ter uma grande influência sobre o mundo de hoje.

Na técnica como expressão, a pintura romana é uma variante da pintura grega das fases clássica e helenística. Apenas, por ser de caráter prático, o romano acentuou as finalidades decorativas, aplicando com maior frequência à arquitetura, dando-lhe forte realismo.

Imagem da pintura “Quíron e Aquiles”, um afresco da cidade de Herculano, soterrada pelo vulcão Vesúvio, hoje a cidade é um museu à céu aberto, Museu Arqueológico Nacional de Nápoles, na Itália. O centauro Quíron ensina Aquiles a tocar a lira. Visualização: https://www.wikiwand.com/pt/Quíron, em 30/07/2020.

Os afrescos da cidade de Pompéia, soterrada também pelo vulcão Vesúvio no séc. I a.C., representam bem este período antigo, na pintura mural, na forma de afrescos. Com cenas do cotidiano, figuras mitológicas, religiosas e conquistas militares. Usavam tintas feitas com materiais retirados da natureza, como de metais ou pedras em pó, substâncias retiradas da madeira ou extraídas de moluscos, vidros pulverizados e seivas de árvores.

Afresco é uma técnica de pintura mural, executada sobre uma base de gesso, cal ou argamassa ainda úmida, por isso o nome derivado da expressão italiana fresco, de mesmo significado no português, na qual o artista deve aplicar pigmentos puros diluídos somente em água. Dessa forma, as cores penetram no revestimento e, ao secarem, passam a integrar a superfície em que foram aplicadas, ganha grande durabilidade.


As pinturas chamadas “trompe l’oeil” (que significa ilusão de ótica) se tornaram mais usuais e variadas, com a multiplicação de elementos simulados de arquitetura, oferecendo vistas de paisagens urbanas e jardins, evidenciando um uso bastante correto da perspectiva para dar a impressão de tridimensionalidade e ilusionismo ao ambiente. Imagem de pintura em uma parede na cidade de Pompéia, visualização: https://pompeiiinpictures.org/VF/Villa_016_p7.htm, em 30/07/2020.

A Escultura romana também é fortemente inspirada na grega. Algumas estátuas representavam o imperador ou chefes políticos e militares famosos e eram colocadas em lugares públicos, outras representavam deuses. Também foram esculpidos bustos, retratando membros das famílias imperiais ou abastadas e baixos-relevos narrativos em arcos de triunfo e colunas, como forma de comemorar os feitos notáveis do Imperador.

Imagem “Augusto de Prima Porta”, mármore, 2,08 metros, 0,12 metro x 1,3 metro, localizado no Museu do Vaticano. Visualizada: http://beatrizlagoa.com.br/beatrizlagoa/romanos/, em 30/07/2020.


Além da grande produção de esculturas romanas, havia o hábito generalizado da cópia de obras gregas mais antigas e a permanência de alusões ao classicismo grego ao longo de toda sua história, mesmo através do Cristianismo primitivo, manteve vivas uma tradição e uma iconografia que de outra forma poderia ter-se perdido.


Ruínas, localizadas na baía de Bolonha em Tarifa. Trata-se de uma antiga povoação romana que confirma a importância deste local estratégico nos tempos antigos. Um dos mais importantes achados romanos, não só da Andaluzia, mas de toda a península, é o SITIO ARQUEOLÓGICO de Baelo Claudia.



Neste local, praticava-se uma economia baseada na pesca, no fabrico de conservas, salga de peixe e comércio com as embarcações que se deslocavam de um lado para outro lado nas Colunas de Hércules.



Também se elaborava o famoso molho garum de Cádiz. Nas ruínas, o bairro industrial está situado junto à praia, perto das tabernas.



Baelo Claudia, ruínas romanas de Bolonia, sul da Espanha, pertinho da cidade de Tarifa.

 


POMPÉIA 


Nas aulas, sugiro os slides:
Arte Grega: 

Arte Romana: 
https://docs.google.com/presentation/d/1PZVdmwJSMTYA4GTLr1xBm-wMEI0WndUB/edit?usp=sharing&ouid=100787546922949216228&rtpof=true&sd=true.

QUESTÕES DE PROVAS JÁ APLICAS QUE SE RELACIONAM AO CONTEÚDO:

 

Questão 1 (Ueg 2013)

Analise a imagem. 

Augusto de Prima Porta, esculpida por volta de 19 a.C., é uma típica escultura da Roma antiga. A diferença dessa escultura em relação às gregas do período clássico está:

a) na monocromia, indicando maior austeridade dos costumes romanos em comparação com os dos gregos.   

b) na postura ereta e estática, demonstrando que as esculturas gregas retratavam o movimento dos corpos.   

c) no caráter político, já que as esculturas gregas priorizavam temas da mitologia religiosa.   

d) no uso da indumentária militar na composição da obra, uma vez que as esculturas gregas valorizavam o corpo humano.

 

Resposta: Letra C

 

Questão 2 (Ufsm 2012)

 Observe as imagens:

 


Com base nas gravuras, reflita a respeito da Antiguidade Clássica e analise as afirmativas a seguir.

I. A Civilização Grega não sofreu influência dos egípcios nem dos povos do Oriente Médio. Sua cultura esgotou-se entre os gregos e sua originalidade foi reconhecida apenas com o Renascimento Cultural.

II. A arte do período clássico evidenciou o ideal grego de harmonia e equilíbrio, percebido tanto na representação da figura humana quanto no projeto de sociedade, a pólis.

III. A arte do período helenístico expressou uma dramaticidade que pode ser entendida como expressão das tensões do mundo grego da época: a derrocada da pólis autônoma e independente e a formação de grandes reinos.

IV. Ao conquistar e dominar as cidades gregas, o Império Romano manteve o seu projeto original (oriundo das culturas itálicas) e ignorou a cultura helênica.

Está(ão) correta(s)

a) apenas I e II.   

b) apenas II e III.   

c) apenas I, II e III.   

d) apenas III e IV.   

e) apenas IV.   

 Resposta: Letra B

 

 Questão 3 (Enem 2011)

 



Brasília 50 anosVeja. N° 2 138, nov. 2009.

Utilizadas desde a Antiguidade, as colunas, elementos verticais de sustentação, foram sofrendo modificações e incorporando novos materiais com ampliação de possibilidades. Ainda que as clássicas colunas gregas sejam retomadas, notáveis inovações são percebidas, por exemplo, nas obras de Oscar Niemeyer, arquiteto brasileiro nascido no Rio de Janeiro em 1907. No desenho de Niemeyer, das colunas do Palácio da Alvorada, observa-se

a)    a presença de um capitel muito simples, reforçando a sustentação.

b)    o traçado simples de amplas linhas curvas opostas, resultando em formas marcantes.

c)    a disposição simétrica das curvas, conferindo saliência e distorção à base.

d)    a oposição de curvas em concreto, configurando certo peso e rebuscamento.

e)    o excesso de linhas curvas, levando a um exagero na ornamentação.

 

Resposta: Letra B

A partir da interpretação da imagem e do texto, é possível perceber que as colunas têm traços modernos, principalmente, se compararmos com as informações do enunciado, que nos informa que tais colunas sofreram modificações e incorporaram novos materiais com ampliação de possibilidades, o que pode ser evidenciado na obra de Oscar Niemeyer.

 

Referências

BOZZANO, Hugo B. Arte em interação. Volume único. São Paulo: Ibep, 2013.

COSTA, Francisca. Arte Grega. Acesso: https://drive.google.com/file/d/1zHAS4iTVIOy8x75w_IL_8s0zPbV15ek-/view?usp=sharing, em 30/07/2020.

Dominici, Marcos. Grécia – Artes Visuais.

https://drive.google.com/file/d/1bvRX4PVTsUVSNRxBuk4JLQaB-OO1Ps1t/view?usp=sharing, acesso em 29/07/2020.

Enciclopédia Itaú cultural: http://enciclopedia.itaucultural.org.br/termo26/afresco, acesso em 30/07/2020.

FERRARI, Solange dos Santos Utari. Arte por toda parte: volume único. 2. Ed. São Paulo: FTD, 2016.

GOMBRICH, E. H. A História da Arte. São Paulo: Martins Fontes, 1998.

REIS, Eliana Vilela dos. Manual compacto de Arte – ed. Rideel – 2010.


*Texto produzido em 2020 para a Plataforma Gonçalves Dias, preparativo pré-vestibular do Governo do Estado do Maranhão. 

quarta-feira, 25 de janeiro de 2023

Artes Visuais na Idade Média: Origens e influências orientais e ocidentais (Hindu / Islâmica / Românica / Bizantina / Gótica)

Arte Hindu

A arte hindu possui um caráter essencialmente religioso e diversificado, devido à difusão de distintas religiões, que se manifestam, em sua maioria, explicando a origem do universo e contemplação da natureza, formando uma fabulosa diversidade étnica.

As manifestações artísticas desse estilo, levam em consideração a comunhão entre o mundo material e o espiritual. Os indianos preconizam a harmonia entre o mundo criado, os deuses, os animais e as pessoas.

 Contexto Histórico

Arte Hindu é bastante ligada às tradições e ancestralidade. É formada por concepções que envolvem a estética das religiões de povos de seu entorno, principalmente o Hinduísmo, Budismo.

Os egípcios não foram os únicos a adaptar os novos métodos de arte às suas necessidades religiosas. Mesmo na distante Índia, o modo romano de contar uma história e glorificar um herói foi adotado por artistas que se propuseram a tarefa de ilustrar a história de uma conquista pacifica: a história do Buda.

“A arte da escultura tinha florescido na índia muito tempo antes da influência grega. Foi na região de Gândara que a figura do Buda foi pela primeira vez mostrada em relevos que passaram a ser o modelo para a arte budista posterior. Este, representa o episódio da lenda do Buda conhecido pelo nome de A Grande Renúncia”. (Gombrich, 74).   

 


As criações artísticas indianas consistem, geralmente, de imagens votivas ou comemorativas, de cultos direcionados aos deuses ou aos soberanos. “Em instrumentos de propaganda destinados a servir à fama dos imortais ou à fama póstuma de seus representantes na terra” (Houser, 29).

A criação artística da Arte Hindu também influenciou a imprensa e reprodução da imagem através da xilogravura (arte de gravar em madeira), tendo seu exemplar mais antigo na obra conhecida como a “Lição dos ensinamentos de Buda”, datado de 868 d.C.

A localização geográfica, de fronteira com o Nepal, China e Paquistão, favorece uma grande mistura e diversidade cultural e artística, mas que respeitam a tradição e ancestralidade, como a dança, que possui forte ligação entre o sagrado, o profano e a natureza, pois é considerada uma espécie de oferenda aos deuses, assim como a comida e as flores que enfeitam o templo e as imagens. Conserva a mesma estrutura desde os tempos mais antigos.

Neste contexto, há o teatro sagrado da Índia, o “Kathakali”, atividade artística que une encenação e dança executadas por homens e existe há mais de 400 anos, reverenciando o hinduísmo, apenas através de um código gestual, usando movimentos de cabeça, olhos, sobrancelhas, mãos, pescoço e corpo, chamado “mudras”. 

Imagem, Bozzano, p.202.

 As “imagens sacras hindus têm uma linguagem que inclui formas humanas, símbolos e uma tendência à multiplicidade”, pondera o historiador Heather Elgood. Como os múltiplos braços da Deusa Shiva. Imagem da escultura da Deusa Shiva, no Museu Sant Darshan, em Hadshi, Índia.

As divindades são representadas frequentemente com vários braços e cabeças, justamente para fazer uma alusão à extensão de seu poder e de sua habilidade.

A estética peculiar da arte indiana é única e inconfundível por suas simbologias, cores e adereços envolvidos, os deuses são também representados em formas zoomorfas, como o deus Ganesha. Como mostra a Imagem de pintura mural da Austrália:



Temos como exemplo arquitetônico Templo de Brihadisvara, feito com granito, na cidade de Tanjore, Tâmil Nadu, Índia do Sul, o maior templo da Índia. Foi construído entre 1003 e 1010, no reinado do Rei Chola, e é um exemplo do estilo dravidiano, predominante no Sul da Índia, cuja característica principal é a construção em formato de torre escalonada, com vários pavilhões de múltiplas camadas. Tombado pela Unesco como Patrimônio da Humanidade. Imagem visualizada no site  Wikipedia.

A imagem abaixo mostra detalhes esculturais em relevo que contam a estória das divindades religiosas do Templo de Kedareshvara, na cidade de Balligavi, perto de Shikaripura, no distrito de Shimoga, no estado de Karnataka, na Índia.


Principais características da arte Hindu:

·         A arte hindu se desenvolveu especialmente na arquitetura e na escultura;

·         Também se destaca na pintura em tecidos e murais;

·         A arquitetura possui uma relação muito forte com a religião;

·         Os templos foram erguidos em homenagem a uma série de divindades diferentes, espalhados pelo continente indiano e em outros países;

·         A escultura está geralmente associada à arquitetura, na forma de relevos, colunas e imagens que centralizam a estética do ambiente projetado;

·         Símbolos, considerados sagrados: Om, o mantra mais importante do hinduísmo, representa aos três estados da consciência: vigília, sono e sonho; a Suástica, que representa o sol, fonte da vida; a Flor de lótus, simbolizando a pureza do coração e da mente.

·         Principais deuses: Vishnu, o protetor; Shiva, o destruidor; Brahma, o criador;

A SUÁSTICA é um símbolo místico encontrado em muitas culturas e religiões em tempos diferentes, dos índios Hopi aos Astecas, dos Celtas aos budistas, dos Gregos aos hindus e ainda dos japoneses, sendo encontrados registros dele há mais de 5 mil anos.



Desde que foi adotada como logotipo do Partido Nazista de Adolf Hitler a suástica passou a ser associada ao fascismo, ao racismo, devido ter sido encontrada em descobertas arqueológicas de povos arianos, pelos nazistas. O que desvirtuou seu emprego como símbolo integrador e de comunhão com o sol, com os povos e a natureza. Considerado amuleto de sorte e sucesso em várias culturas, pois a palavra "suástica" deriva do sânscrito svastika, significando felicidade, prazer e boa sorte. Imagem de diferentes suásticas, visualizada: https://pt.wikipedia.org/wiki/Suástica, em 29/12/2020.

Houve grande repercussão o Pavilhão indiano da Bienal de Veneza, homenageando o 150º aniversário do nascimento de Mahatma Gandhi, onde a obra evoca protesto pacífico, resistência passiva e respeito ao meio ambiente. Os chinelos na parede representam os seguidores do líder indiano.



Imagem da instalação do Pavilhão da Índia, “Our Time for a Future Caring”, com GR Iranna, Naavu, na 58ª Bienal de Veneza, 2019.



“Modelo de Rolo”, de Riyas Komu, 2011. Impressão digital em tecido polimicro cada impressão com 40 metros (caixa: 283,87 x 51.61 x 51.61cm). é outra obra contemporânea,  que inclui as raízes do povo indiano, exposta no Centro Cultural Banco do Brasil – CCBB, com cortesia da Sakshi Gallery, em Mumbai, Índia. Fez parte  da ,exposição ÍNDIA – LADO A LADO, feita em fevereiro de 2012. Todas as obras expressaram momentos distintos da cultura indiana ligados a questões históricas, sociais, econômicas, urbanísticas.


Arte Islâmica

O estilo de arte apresentado é posicionado partindo da formação das primeiras civilizações ao período medieval, de onde teve poucas modificações artísticas ao longo dos milênios.

 

ü  Contexto Histórico

Somos familiarizados com a Arte Islâmica sem nos darmos conta disso, você sabia?

A prática de usar tapetes estampados com almofadas no chão, o chamado dos sinos da Igreja Católica ou dos evangélicos nas portas de seus templos. O costume de revestir os pisos e paredes com azulejos; o capricho estético das letras quando escrevemos, são heranças da cultura dos povos orientais.

A arte dos povos desse estilo possui características multifacetada, mas ainda presa às tradições ancestrais, formada por concepções que envolvem uma estética austera e contemplativa. Parte dos povos que compõem o Oriente Médio adaptaram a arte às suas necessidades religiosas.

Na Idade Média, os árabes convertidos ao islamismo, tinham como o conhecimento da natureza uma razão para entender os desígnios do “todo poderoso”, como chamam o ser supremo em sua crença: Alá.

Os pilares da prática do islã são a estrutura da vida do muçulmano, do fiel; baseiam-se na resignação, esmola, jejum, peregrinação e oração diária. Todas estas curiosidades em torno da religião Islâmica são fundamentais para entendermos a arte e cultura desse estilo, que se estendeu ao longo da Península Arábica, África, Índia, Egito e Pérsia.

Conquistadores, também conseguiram absorver as culturas de povos dominados, formando uma arte rica e multifacetada, apesar de pouca representação figurativa – há a crença de idolatria na figuração-, mas com enorme diversidade de cores e formas, a partir da combinação de elementos geométricos e florais. A beleza de sua tapeçaria, de sua arquitetura, de sua caligrafia, de sua cerâmica - só para citar alguns poucos exemplos - é prova viva do refinamento desse povo, que tantas contribuições deixou para o Ocidente, inclusive para São Luís, cuja arquitetura trazida pelos portugueses, na verdade foi absorvida da cultura dos mouros e árabes. Desta forma, visualizamos, através dos países colonizados, grande influência cultural do Islã sobre toda a Europa.

A Arte Islâmica é ancorada em torno da religião: Islamismo. Portanto, conhecer a história da religião é fundamental para entender sua cultura, centrada nas visões do profeta Maomé, suas orientações religiosas e dogmáticas que servem a um Deus único e universal, que uniu diversos povos por meio de suas crenças. Na cidade de Medina, Maomé fundou sua primeira comunidade religiosa em 622, data que marca o início do calendário muçulmano.

Em árabe, muçulmano quer dizer "fiel", todo aquele que aceita o islã. Os muçulmanos se guiam pelos princípios enunciados oralmente por Maomé e encerrados no livro sagrado, o Alcorão, no qual Maomé teria deixado também uma série de preceitos morais e civis.

A imagem mostra uma iluminura* da “A Ascensão Mística do Profeta aos Céus”, data de 1580, miniatura persa em Khamsa, livro de Nizami Ganjavi, da Coleção David, Copenhague, Dinamarca.


 
*Uma ILUMINURA é um desenho ou ilustração feita à mão que representa um texto manuscrito. A etimologia da palavra illuminare em latim significa iluminar, trazer a luz, clarear. As primeiras iluminuras fazem parte das ilustrações encontradas no Livro dos Mortos, no Antigo Egito.

Outra importante representação cultural é a mesquita. Ela representa três importantes valores da cultura muçulmana: a religiosidade, a sabedoria e o poder. Na mesquita não há altares nem imagens, mas existem arabescos e caligrafia em toda a sua decoração, levando os fiéis à leitura - porque leitura também é prece, a prece é a razão de existência da mesquita.
A arquitetura encontrou sua maior expressão nas construções das mesquitas, palácios, tumbas, banhos públicos e fontes. Imagem de detalhe de uma fonte na fachada da Mesquita Hassan II em Casablanca, Marrocos. é o mais alto templo do mundo, e o segundo maior. Imagem visualizada: https://www.voali.com.br/mesquita-hassan-ii-em-casablanca-marrocos/, em 29/12/2020.


 O domínio do Império Otomano, compôs uma síntese eclética de todas as experiências arquitetônicas pelas quais passou, daí as semelhanças da arte Islâmica com a Bizantina.


Acima, imagem de um “Minarete”, torre com autofalantes utilizada para chamar os muçulmanos para as cinco orações diárias. Baseada nas das Igrejas cristãs, geralmente usa uma lua crescente em seu topo (simbolizando iluminação para os fiéis, assim como a lua ilumina o caminho para os viajantes do deserto). Visualização: http://www.tropicalisland.de/united_arab_emirates/fujairah/dibba/pages/DXB%20Dibba%20-%20mosque%20minaret%20detail%205340x3400.html, acesso em 31/12/2020.

 


*Imagem acima mostra a planta usual de uma mesquita, extraída do livro “Arte Islâmica” de Sueli Lemos, p. 14.



Os palácios desse estilo são adornados por pátios, lagos e jardins, nos quais se fazia o uso de elementos como arcadas, trabalhos em estuque, caligrafias ornamentais, rendilhados, mosaicos e azulejos decorados e coloridos. Esse estilo de arte ficou conhecido como arte mourisca, espalhou-se por toda a Península Ibérica e chegou no Maranhão com os portugueses durante a colonização. Imagem com detalhe de um mosaico de pedaços coloridos de cerâmica esmaltada (azulejo), do Palácio de Alhambra, em Granada, Espanha. Incrível legado do povo islâmico. Visualização: https://www.pinterest.pt/pin/60235713745467060/, em 31/12/2020.



A arte azulejar é uma síntese das experiências egípcia, chinesa e mesopotâmica, desenvolvendo sobre elas novas técnicas estampadas com uma variedade de padrões, criando formas elaboradas e requintadas, que são valorizadas até os dias de hoje. A cerâmica turca de Iznik teve seu auge no período otomano; a qualidade dos azulejos e a primazia do desenho fizeram dela referência para a cerâmica de vários lugares do mundo. Não só azulejos, mas também vasos, tigelas, lampadários e pratos.

No palácio, há o “harém”, um local destinado às mulheres, na tradição muçulmana, é uma espécie de recinto ricamente decorado, para alojar a mãe do sultão, sua esposa ou esposas, suas irmãs e filhas, e, ainda, as concubinas, companheiras não reconhecidas socialmente ou escravas. Ao lado, outro detalhe do Palácio de Alhambra, o Pátio dos Leões, visualização: https://www.pinterest.pt/pin/259942209713864457/, em 31/12/2020.



Rendilhado de estuque, reboco trabalhado: A imagem mostra uma coluna em estilo mourisco, do mesmo palácio, extraída do livro “Arte Islâmica” de Sueli Lemos, p. 23.

Outro dos objetos de maior importância para os muçulmanos é o tapete. Serve de almofada, travesseiro e até de cama, herança do antigo nomadismo. Sendo ainda urna peça indispensável no culto religioso. Os tapetes feitos à mão são produzidos desde épocas antigas como um artesanato próprio do povo turco. Feitos de lã e algodão mesclados com seda pura, oferecem uma variedade de desenhos e cores com características próprias de cada região. Imagem extraída do livro “Arte Islâmica” de Sueli Lemos, p. 26.



A caligrafia é outra atividade artística bastante cultivada. Em suas simbologias, o *calígrafo, por meio da palavra colorida, era capaz de reter o olhar e o sentido: a cor azul evocava o céu; o dourado, o paraíso; nos sinais em vermelho, aumentava-se a voz; e os em verde determinavam a pausa. A caligrafia primava pela perfeição, pois representava a materialização da palavra de Deus. A iluminura é o seu perfeito complemento artístico.



 A palavra arte em árabe: فن

Com o passar do tempo - e a influência de outras culturas como a chinesa, hindu e persa - seres inanimados, figuração de animais e mesmo de pessoas acabaram por integrar o universo árabe-islâmico. Imagem de iluminura medieval persa que conta a história de Alexandre, O Grande. Extraída do livro “Arte Islâmica” de Sueli Lemos, p. 30.

Haviam ainda, as novelas curtas e narrações de “As mil e uma noites”, feitas em formato de iluminuras. Com temas de amor sensual, de origem não definida, provavelmente da Espanha ou Marrocos.

 

  Principais características da Arte Islâmica:

·         Essencialmente decorativa, gosto pela exuberância e luxo;

·         Condicionada pela religião, é uma representação da atividade espiritual;

·         Aniconismo, evita a representação da imagem para adoração;

·         Os desenhos são baseados em motivos geométricos e figurações abstratas;

·         A representação de Maomé é mostrada com seu rosto coberto, a chama que o envolve significa iluminação;

·         Tem destaque para a caligrafia* - a arte de escrever de maneira elegante;

·         Uso de arabescos, uma ornamentação rendilhada e sutil com três motivos visuais: Motivo geométrico, Motivo Vegetal e Motivo Epigráfico (com grafia de palavras ou trechos do Alcorão;

·         Uso de arcos em forma de ferradura;

·         Revestimentos de azulejos, ladrilhos e mosaicos em paredes e pisos;

·         Tipos de Arte: nas iluminuras, nas joias, nos metais, nos azulejos, nas cerâmicas, nas pedras entalhadas, nos tecidos e tapetes estampados.

 


Na contemporaneidade...

Há a Bienal dos Emirados Árabes Unidos, que em 2019 realizou sua 14ª edição, intitulada Leaving the Echo Chamber (deixando a câmara de eco), criticando a veiculação monopolizada de notícias. A bienal expôs instalações e obras em locais públicos, com sessões de performances, cinema e música, com o intuito de criar uma série de provocações sobre “como alguém poderia renegociar a forma e a função da ‘câmara de eco’ da vida contemporânea”. O evento acontece em diferentes espaços da cidade de Sharjah, incluindo sítios históricos.  A imagem mostra a cena de um vídeo exposto, da artista Alia Farid. Visualização: https://artebrasileiros.com.br/arte/bienais/bienal-de-sharjah-vai-ate-junho-nos-emirados-arabes-unidos/, acesso em 02/01/2021.


Arte Românica

É um estilo dentro da arte medieval que se desenvolveu em Roma, influenciada pelo intercâmbio cultural resultante das invasões bárbaras. Nasceu da necessidade do povo de ir em busca de sua identidade cultural de encontro aos valores greco-romanos. Devemos estar conscientes que o período medieval produziu uma arte com grandes semelhanças de estilos entre si: Românica, Bizantina, Islâmica e Gótica. E, além da cristã, recebeu influências das religiões muçulmana e judaica.


A palavra bárbaro era usada pelos romanos para classificar todos aqueles povos que habitavam fora das fronteiras do Império Romano, que não falavam o latim. Esses povos estavam divididos em vários grupos: mongóis, francos, alamanos, saxões, vândalos, godos, entre outros. Todos contribuíram para a formação dos países e da cultura europeia

Sigamos atentos às minúcias que as distinguem umas das outras, neste período de mudanças sociais e riquezas artísticas, que nos levarão a perceber como as obras de arte influenciaram toda a sociedade de uma época.

 Contexto Histórico

O estilo prevaleceu na Europa no período da Alta Idade Média (entre os séculos XI e XIII). O termo "Românico" é uma referência às influências da cultura do Império Romano, que havia dominado durante séculos quase toda o lado Ocidental, porém, essa unidade foi rompida com a invasão dos povos bárbaros.

Apesar de línguas e tradições diferenciadas nas várias regiões europeias, e da fragmentação do poder entre os senhores feudais, o elemento religioso manteve a ideia de unidade em todo o território: a arte Românica reforça esse pensamento.

Imagem de detalhe da parede da Basílica de Santa Maria Madalena, França.


 A arquitetura românica:

Foi nas igrejas que o estilo românico se desenvolveu em toda a sua plenitude. Eram os próprios religiosos que comandavam as construções, a partir do conhecimento monástico.

Pois o estilo desenvolveu-se principalmente na sua arquitetura, na construção de mosteiros e basílicas, havia o prevalecimento do uso dos arcos de volta-perfeita e abóbadas (influências da arte romana). Os castelos seguiram um estilo voltado para o aspecto de defesa. As paredes eram grossas e existiam poucas e pequenas janelas. Tanto as igrejas como os castelos passavam uma ideia de construções “pesadas”, voltadas para a proteção. As igrejas deveriam ser fortes e resistentes para barrarem a entrada das “forças do mal”, enquanto os castelos deveriam proteger as pessoas dos ataques inimigos durante as guerras.

As formas originais do românico foram aproveitas fazendo surgir dos arcos romanos, abóbadas sobre paredes sólidas e delicadas colunas terminadas em capitéis ao estilo das colunas dóricas gregas.



Durante a Idade Média, os mosteiros tornaram-se os centros culturais da Europa, onde a ciência, a arte e a literatura estavam centralizadas. Eram, na verdade, unidades independentes e, dessa forma, estruturaram-se segundo necessidades particulares ou das localidades.

Características da arquitetura:

·         Uso de Abóbadas nos telhados das construções religiosas: Abóbada de Berço (prolongamento de um arco pleno) e Abóbada de Aresta (cruzamento de duas abóbadas de berço);

·         Tipos de Edificações: igrejas, mosteiros, catedrais, basílicas e castelos fortificados: Os castelos seguiram características que agregavam elementos de defesa, como paredes grossas com poucas e pequenas janelas.

·         Torre circular, quadrada ou octogonal de telhado pontiagudo;

·          Escultura diretamente associada à arquitetura e/ou às colunas;

·         Uso de relevos em fachadas, nos portais, nos frontões e nos interiores das Igrejas;

·         Nas esculturas e nas pinturas a imagem da figura humana é alongada, as proporções dos membros e são distorcidos da realidade;

·         Janelas pequenas e estreitas.

 Imagem da Igreja de São Pedro de Rates.




A pintura:

ganhou sua plenitude durante o Período Carolíngio, dedicado ao Imperador Carlos Magno, que recebeu o título de “Protetor da Igreja Romana”. Ele patrocinou vários centros monásticos, verdadeiros ateliês que eram responsáveis pelas produções dos manuscritos sagrados.


A imagem da iluminura mostra “Os quatro evangelistas”, datada de c. 820, Catedral de Aachen, Alemanha. Onde os evangelistas:  São Mateus, São Marcos, São Lucas e São João, foram retratados em um fundo difuso na cor azul. Todos com o livro aberto e portam tinteiro e pena, o que sugere que estejam mergulhados em seus trabalhos. Tinham a função de contar a vida de Jesus, escrever o Evangelho. A iconografia cristã atribui um símbolo a cada um: São Mateus - um anjo alado, significando que Deus criou o homem à sua imagem e semelhança; São Marcos - um leão alado, simbolizando as feras que habitam o deserto. É uma dimensão de força, realeza, poder e autoridade do filho de Deus; São João - É representado por uma águia, ave caracterizada por voar muito alto e fazer seus ninhos nos mais elevados picos; São Lucas - representado por um touro, também alado, que remete aos sacrifícios e à dimensão de sua oferta a Deus.

Estes ícones são representados na Igreja dos Remédios em São Luís, no telhado de sua arquitetura eclética inspirada nas construções do Estilo Gótico, detalhado no final deste artigo.



ILUMINURAS: A Iluminura alia a ilustração e a caligrafia, muito utilizada em antigos manuscritos, ocupando normalmente as margens, como barras laterais, na forma de molduras desenhadas, com escritas à mão, alfabeto gótico e letra capitulada, poucos textos, monogramas, muitas imagens.

   Características gerais da pintura:

·         Pintura mural nas igrejas, em afresco (pintura feita em superfície úmida) e têmpera (uma tinta feita com pigmento em pó, misturada à clara e gema do ovo, vinagre ou água destilada);

·         Uso de mosaicos: desenhos feitos com pequenos pedaços de pedras coloridas, colocadas lado a lado, com temas religiosos;

·         Ilustração em papel, couro, em livros ou manuscritos, as iluminuras eram usadas para evidenciar e ornar um episódio religioso;

·         Pintura sobre madeira: altares, pórticos ou púlpitos;

·         Temas são quase sempre iguais e comuns à escultura da época, ilustrando a vida de santos, atividade do cotidiano, acontecimentos lendários ou glórias passadas;

·         Uso de cores vivas, figuras sombrias, mas de grande expressividade;

·         Os pintores não se preocupavam em pintar, de maneira realista, o fundo das personagens, com perspectiva na cena retratada, mais atentos ao uso de símbolos religiosos;

·         Ausência de proporção e harmonia na anatomia (a ausência de realismo anatômico sugeria o distanciamento da imagem das pessoas com o divino).

 A escultura:

Possuía um caráter didático-religioso, pois poucos sabiam ler, a Igreja utilizou as esculturas, vitrais e pinturas, principalmente dentro das igrejas e catedrais, para ensinar os princípios da religião católica. Os temas mais abordados foram: vida de Jesus e dos santos, passagens da Bíblia e outros temas cristãos. Em seus tipos mais frequentes, destacamos as estátuas-colunas, que se desenvolvem nos relevos de pórticos e arcadas. A escultura tinha também um caráter ornamental, onde o espaço em branco dos frisos, capitéis e pórticos é coberto por uma profusão de figuras apresentadas de frente e com as costas grudadas na parede. As imagens encontradas são as mais diversas, desde representações do demônio, até personagens do Velho Testamento.

Em grande parte da Europa, a arte dos bárbaros, também conhecida como arte germânica, foi desenvolvida por um povo nômade, formado por caçadores e guerreiros com costumes e crenças diferentes. Eles assimilaram a cultura e a religião do povo conquistado, ao mesmo tempo em que introduziram seus costumes e traços culturais, concebendo uma arte baseada nos metais, vidros, pedras preciosas e bordados.

O fato de esses povos serem nômades favoreceu fortemente as suas expressões artísticas na ourivesaria e na fundição de metais, pois confeccionavam objetos pequenos e facilmente transportáveis, fossem eles utilitários ou apenas decorativos.

Devemos mencionar também o desenvolvimento da ourivesaria durante esse período. A exemplo da escultura e da pintura, essa arte teve um caráter religioso, tendo por isso se voltado para a fabricação de objetos como relicários, cruzes, estatuetas, Bíblias e para a decoração de altares.

O desenvolvimento da ourivesaria está associado diretamente às relíquias, uma vez que as Igrejas ou mosteiros que possuíam as relíquias com o poder de realizarem milagres eram objeto de maior peregrinação, atraindo não só fiéis, mas ofertas.

 Como exemplos e objetos da ourivesaria medieval, temos o cálice e as coroas votivas, feitos de ouro e pedras preciosas.

 



Características da escultura:

  • Desenvolve-se nos relevos de pórticos e arcadas;
  • A fusão das formas orientais de Bizâncio com as romanas antigas, resulta numa estatuária de caráter ornamental;
  • As figuras humanas se alternam com as de animais fantásticos;
  • O tema das cenas é religioso;
  • Os relevos, além de decorar a fachada, tinham uma função didática;
  • O capitel é quase sempre esculpido com cenas bíblicas, figuras de artesãos, cotidiano, monstros, ou mesmo figuras alegóricas e inventadas.
  • A função dessa decoração era doutrinar as pessoas analfabetas nos ensinamentos do Evangelho;
  • Não havia relação do personagem com a realidade, daí as deformações, as transposições simbólicas.
Mapa Mental feito por ANDREINA XAVIER FERNANDES, do Curso de Artes Visuais da UFMA na Cidade de Imperatriz (MA).

Mapa Mental feito por LIDIANE BARBOSA DE MELO, do Curso de Artes Visuais da UFMA na Cidade de Imperatriz (MA).


Arte Bizantina

Estilo de arte medieval que se desenvolveu em Bizâncio, uma antiga colônia grega situada entre a Europa e a Ásia, no estreito de Bósforo.

 Contexto Histórico

Constantino I, imperador romano que reinou entre 306 e 337, tomou duas grandes decisões que mudaram pra sempre os rumos da história da humanidade:

1.  Oficializou o cristianismo;

2.  Fundou uma nova capital imperial em Bizâncio. Era uma cidade fortificada grega que passou a se chamar: Constantinopla.

Imagem de mosaico ilustrando o Imperador Constantino IX e imperatriz Zoe com o Cristo entronado, 1179. Basílica de Santa Sofia, Istambul, Turquia.


Constantino rompeu com as tradições do Império Romano ao conceder liberdade religiosa, no Édito de Milão datado de 313.

A prosperidade econômica e localização geográfica da cidade de Constantinopla favoreceu a criação da arte bizantina, que sofreu influências de Roma, da Grécia e do Oriente. A união de elementos dessas três culturas, formou um estilo bastante peculiar e diferente do que já era feito no início da Idade Média, uma arte luxuosa e rica em decoração.

Este império se manteve até 1453, quando os turcos otomanos tomaram a cidade de Constantinopla, mudando seu nome para Istambul.

 

Principais características da arte Bizantina:

·         A arte bizantina foi toda estruturada em função da afirmação da religião cristã;

·         Enquanto a Arte Paleocristã pregava a pobreza e a santidade, a Arte Bizantina é majestosa e ostensiva;

·         Nas pinturas e mosaicos, as imagens dos imperadores passam se misturar ao sagrado, com finalidade de expressar autoridade absoluta;

·         A intensificação do uso do mosaico: expressão máxima da arte bizantina e não se destinava apenas a enfeitar as paredes e abóbadas, servia para instruir os fiéis com cenas da vida de Cristo, dos profetas e dos vários imperadores;

·         A perspectiva e o volume são ignorados, o uso da cor dourada é demasiadamente utilizada devido à associação com maior bem existente na terra: o ouro;

·         Uma simbologia solene determinava o lugar de cada personagem sagrado na composição: indicação de gestos, as mãos, os pés, as dobras das roupas e paisagem;

·         A figura de Cristo era representada em tamanho maior que as demais, e com cores mais expressivas em suas roupas;

·         A representação do Imperador seguia o mesmo padrão, já que ele era tão importante quanto Cristo, convencionou representar o Imperador com uma auréola sobre a cabeça, assim como ladeia a Virgem Maria e o Menino Jesus.

arquitetura das igrejas recebeu maior projeção na arte bizantina, elas eram planejadas sobre uma base circular, octogonal ou quadrada, com imensas cúpulas, criando-se prédios enormes e espaçosos totalmente decorados.

imagem da Basílica de Santa Sofia.


A Basílica de Santa Sofia (Sofia = Sabedoria), localizada em Istambul, foi um dos maiores triunfos da nova técnica bizantina, possui uma cúpula de 55 metros apoiada em quatro arcos plenos. Um museu até o ano de 2020, quando foi convertida em mesquita, recentemente aberta ao público para orações muçulmanas, mas com promessa de abertura a visitantes de todas as religiões.

ü  Características arquitetônicas:

·         Planta quadrada;

·         Vértices elevados em 4 pilares unidos por arcos;

·         Cúpula extremamente elevada (sugerindo, por associação à abóbada celeste, sentimentos de universalidade e poder absoluto);

·         Colunas com capitel ricamente decorado com mosaicos;

·         Pinturas nas paredes;

·         Chão de mármore polido.

A arte bizantina teve seu grande apogeu no século VI, durante o reinado do Imperador Justiniano. Porém, logo sucedeu-se um período de crise chamado de Iconoclastia. Constituía na destruição de qualquer imagem santa devido ao conflito entre os imperadores e o clero. A arte bizantina não se extinguiu em 1453, pois, durante a segunda metade do século XV e boa parte do século XVI, a arte daquelas regiões, onde ainda florescia a ortodoxia grega, permaneceu dentro da arte bizantina. E essa arte extravasou em muito os limites territoriais do império, penetrando, por exemplo, nos países eslavos.

Com a queda de Constantinopla em 1453, foi a população dos Balcãs que contribuiu para difundir e incrementar a produção desta representação sacra, sendo na Rússia o local onde assume um significado particular e de grande importância.

O simbolismo e a tradição não englobam somente o aspecto pictórico, mas também aquele relativo à preparação espiritual e aos materiais utilizados para os rituais religiosos.

O simbolismo das cores e letras:

  • Como na maioria das representações sacras, a cor no ícone assume uma importância fundamental para expressar a intenção do pintor.
  • O AZUL é a cor da transcendência, mistério divino;
  • O VERMELHO, a cor mais viva presente nos ícones, é a cor do humano e do sangue dos mártires;
  • O VERDE é usado como símbolo da natureza, da fertilidade e da abundância;
  • O MARRON simboliza o terrestre, o humilde e pobre;
  • O BRANCO é a harmonia, a paz, a cor do divino que representa a luz que se avizinha;
  • Muitos ícones trazem a inscrição ICXC, forma grega abreviada de Cristo.
  • Também Ø O N, significando ‘’aquele que é’’, aparece nas auréolas (forma circular sobre as cabeças dos santos);
  • Abundancia do dourado: a luz é divina.

 

Arte Gótica

Foi um período de grande rebuscamento artístico e fez a transição entre a Idade Média e o Renascimento artístico e cultural europeu, mas que serviu de inspiração arquitetônica para estilos posteriores.

  Contexto Histórico

Entre momentos artísticos há as fases transitórias, que marcam as mudanças de um estilo, ao outro que se inicia. Os renascentistas, tentaram romper este elo com a arte Gótica, negando esta ligação estética. Exaltando um compromisso visível com a antiguidade greco-romana, mas lembraremos aqui que a Arte Gótica também buscou esta inspiração.

Os mesmos, de forma preconceituosa, descreveram o período como sendo de escuridão, de trevas. E ainda, como arte dos Godos, arte de “bárbaros”, daí a origem do termo “gótico”, para os renascentistas, uma arte considerada de mau gosto, exótica, carregada de apelos decorativos e exagerados - no tamanho das igrejas, na altura de suas torres e profusão de vitrais. O estilo surgiu inicialmente na França, no final do século XII, em paralelo à Arte Românica. Difundiu-se progressivamente por toda a Europa, impondo novas soluções arquitetônicas, e permaneceu em alguns territórios até o século XVI.

Com o declínio da vida agrícola e a desintegração do feudalismo, surgiu um surto de urbanização; nesse momento, as cidades se encontravam mais livres para novos experimentos. Cada cidade da Europa ocidental tratou de erguer uma catedral cuja torre fosse a mais alta possível, assim haveria uma “maior aproximação de Deus”, mas também como uma forma de competição entre as cidades.

Os construtores passaram a ser mais reconhecidos, surgindo, uma nova profissão, a de mestre de obras. As construções das igrejas já não estavam somente a cargo do clero, mas, também, nas mãos de homens laicos que se expressavam mais livremente. Exemplo disso é a escultura do anjo com sorriso enigmático da Catedral de Reims, em Paris, fugindo da solenidade nas expressões típicas medievais.

Imagem da fachada da Catedral de Reims. Extraída do livro arte Gótica, p. 9.

 

CARACTERÍSTICAS

ü  Arquitetura:

Contrariando os sólidos edifícios da Arte Românica, a arquitetura gótica possuía mais delicadeza, sugerindo maior proximidade do céu por seus altos arcos ogivais, abóbadas e torres que a tecnologia da época já permitia. Estas construções deveriam sobressair-se de todas as outras do entorno.

A principal característica da arquitetura gótica é o predomínio da verticalidade sobre a horizontalidade.

As altas construções se libertaram das paredes grossas e passaram a apresentar paredes mais finas, com enormes vitrais e rosáceas.

As colunas de pedra sustentavam o peso do teto, graças à utilização de elementos mais elaborados, tornou-se possível a construção das mais altas e exuberantes catedrais do período.

O nome catedral surgiu da palavra "cátedra", uma cadeira de espaldar alto, onde se senta o bispo para presidir as celebrações solenes.

 

O Gótico francês:

A Catedral de Notre-Dame (1136-1272), uma das mais antigas de Paris. Foi construída com ajuda de doações da população. O edifício é consagrado à Virgem Maria, mãe de Jesus, e apresenta uma variedade de estilos que se deve à participação de inúmeros arquitetos durante sua longa construção. Mas no dia 15 de abril de 2019, ela pegou fogo. Ficou em chamas até o teto e sua torre central desabarem. O telhado, chamado de “floresta”, porque teve mais de 1.400 árvores de mais de 300 anos, usadas para sua construção, está sendo reconstruído e restaurado. A Imagem da Catedral de Notre-Dame.

Os ensinamentos bíblicos encontram-se representados por toda a igreja, nas esculturas, nos entalhes e nos vitrais. Os portais de entrada representam a obra de Cristo e se convertem em uma imensa proclamação de otimismo.

A imagem mostra umas das muitas e diferenciadas quimeras ou gárgulas do telhado da Catedral, Lemos, p. 15. Há a crença que essas esculturas de pedra tinham a função de guardar e defender simbolicamente o local, além de servir de objeto de escoamento de água das chuvas.

O Gótico italiano

Foi na Catedral de Milão (1386-1813) que o gótico italiano adquiriu toda o seu esplendor: conhecido como Gótico Flamejante. Toda feita em mármore, com exterior apresentando exuberante decoração, levando ao extremo o aspecto estético do estilo gótico. Em dimensão, é uma das maiores igrejas góticas construídas com 157 m de comprimento e 109 m de largura. A verticalidade é acentuada pelos contrafortes que terminam em agulhas. Estas sustentam figuras de santos, e na agulha central encontra-se a figura da Madona. A catedral é atualmente um importante ponto turístico de Milão, a visitação inclui o espaço interior e ainda é possível vislumbrar toda a cidade do alto de seus terraços. Acima, Imagem da Catedral de Milão.


O Gótico inglês

A Catedral de Canterbury foi uma das primeiras criações do estilo gótico inglês, considerada a igreja-mãe da Comunhão Anglicana, tendo sido reconstruída em 1174, após um incêndio. Em sua reconstrução foram usadas múltiplas molduras para a decoração das formas arqueadas e verticais e a aplicação de pilastras decorativas. O gótico inglês se diferencia do francês também  por conferir maior importância à ornamentação. Um exemplo disso é o teto do claustro que vemos na imagem ao lado; uma série de nervuras se abre como um leque até alcançar o teto, formando a abóbada em cálice. O efeito é extraordinário, é algo como andar por uma alameda repleta de palmeiras, como verificamos na imagem.

O arco ogival é um arco quebrado, formado por curvas que se encontram em um ângulo ligeiramente agudo, pontudo. Desempenha um papel fundamental na estrutura das construções góticas. Quando utilizado no teto, são cruzados, formando as abóbadas; nas janelas, a ogiva se transforma em motivos ornamentais, criando uma verticalidade estrutural e mística, símbolo entre o humano e o divino. Na imagem ao lado, vemos alguns exemplos de molduras com formatos geométricos e florais onde os vidros devem ser encaixados, formando os vitrais. imagem de modelos de arcos ogivais, Lemos, p.23.

 Vitrais

Os vitrais substituíram a pintura mural como ornamentação da iconografia religiosa. Concebidos com a finalidade de iluminar o ambiente, suas cores filtram a luz solar e criam milhares de manchas coloridas com significado espiritual, transformando a igreja em um espaço místico propício ao recolhimento e à prece.

Técnica: recortando os vidros coloridos em pedaços pequenos, de acordo com as necessidades do desenho. Posteriormente, uni-os com uma fita de chumbo que, ao mesmo tempo, cria o contorno.

Muitos acreditam que a Catedral de Chartres é um dos conjuntos mais completos do que deve ser a verdadeira catedral gótica. Os vitrais da catedral, colocados em paredes de pedra, são gigantescos manuscritos transparentes e iluminados. Eles contam a história da Bíblia e da vida cotidiana de pessoas que foram doadoras, que contribuíram para a confecção do grande número de janelas. Vitrais da Catedral de Chartres, Lemos, p.24.



Rosácea:

A rosácea é um ornamental muito utilizado catedrais. Trata-se de uma abertura circular, uma janela, onde um desenho geométrico de forma circular, imitando uma flor é preenchido com vidro colorido, deixando passar a luz.



 

ü  Escultura:

A escultura passou a ter maior autonomia em relação à arquitetura. Eram verdadeiros documentos que registravam as transformações do período. O homem, que passou a ser a medida de todas as coisas, emprestou às divindades suas formas e roupagens, humanizando-as. Na imagem abaixo as esculturas das arquivoltas, têm proporções reduzidas para que seu volume não destrua o ritmo da ogiva. As pesquisas mostram que as esculturas das catedrais eram pintadas com um colorido vivo e brilhante. Nossa Senhora aparecia em dourado, os demônios em negro, os anjos sempre na cor branca e as roupas dos santos sempre muito coloridas. Esse colorido não chegou até nós devido à ação do tempo. Imagem das esculturas do portal central da Catedral de Chartres, Lemos, p.18.


Essas estátuas-colunas apresentam características naturalistas com uma expressividade individual. Os pregueados das túnicas caem sobre os corpos de maneira variada, dando movimento e leveza às obras.

Para substituir as configurações lineares e duras das décadas anteriores, os escultores buscaram recursos estilísticos na origem clássica.

imagem de anjo sorridente da porta central, ao lado direito, no conjunto da Anunciação e Visitação, Catedral de Reims, Lemos p.20.

  

Pintura:

A pintura gótica abre um novo capítulo na história da arte, marcando a transição da Idade Média para o Renascimento. Em suas obras, os artistas transmitiam uma maior percepção do espaço tridimensional e grande expressividade na emoção humana.

A pintura foi a última manifestação artística a assimilar o estilo gótico. A pintura gótica surgiu na Itália, no final do século XIII, pelas mãos do artista Giotto di Bondone (1267-1337), discípulo de Cinni di Pepo (conhecido por Cimabue) (1240-1302), primeiro pintor a receber a influência da arte clássica e a libertar a pintura italiana do geométrico estilo bizantino. Em sua obra, a figura atinge proporções mais próximas da realidade, além de não abandonar a sinuosidade das linhas e criar uma maior percepção do espaço físico.

Giotto foi considerado um inovador da pintura italiana e o precursor do Renascimento, tendo criado sua própria linguagem expressiva para comunicar os conteúdos sagrados. Seus afrescos eram pintados nas paredes da igreja contando a vida de Cristo a partir de uma sequência narrativa, como uma verdadeira história em quadrinhos em tamanho grande.

A obra “O beijo de Judas, é um afresco pintado cerca de 1304-1306”, faz parte do conjunto de afrescos da Capela Arena, em Pádua, Venêto, Itália.



Vídeo que descreve a Arte Gótica, por Fredson Reinaldo, do Curso de Artes Visuais da UFMA.

 

VAMOS PRATICAR?


 Questão 1 (FAPERP 2011)

A Idade Média foi considerada a "Idade das Trevas" graças a guerras, invasões bárbaras, crises e desigualdades sociais, mas esta terminologia negativa não faz jus às grandes criações artísticas que também aconteceram nesta época. Analise as afirmações abaixo que dizem respeito à arte bizantina:

I- Construções com cúpulas muito altas, levando a sentimentos de universalidade e poder absolutos.

II- Construções muito pesadas, baixas, com muitas janelas.

III- Colunas com capitéis decorados e mosaicos ricamente trabalhados.

IV- Igrejas espaçosas e muito grandes com cúpulas cobertas de decorações suntuosas.

Assinale a alternativa que contempla todos e somente os itens corretos.

 a)    I e II

b)    I, II e III

c)    I, II e IV

d)    I, III e IV

 Resposta: Letra D

 Questão 2 (FAPERP 2011)

A cultura romana deixou inúmeras colaborações para as gerações futuras, entre elas, a invenção do cimento, os códigos legislativos, o saneamento, a água encanada, os arcos e as abóbadas. Com relação a estes últimos, podemos afirmar que:

a)    As abóbadas não foram importantes para a arquitetura.

b)    Os arcos e abóbadas possibilitavam construções com maiores vãos livres.

c)    Os arcos não trouxeram grandes mudanças para a arquitetura.

d)    Os arcos serviam apenas para decorar as construções.

Resposta: Letra B

 Questão 3 (Ufsm-Unipampa 2007)



As igrejas góticas - a exemplo da Catedral de Notre Dame - começaram a ser construídas no século doze e estão relacionadas com um momento histórico caracterizado pelo(a)

a) declínio da tecnologia e das cidades comerciais, em decorrência da desagregação do Império Romano.

b) papel das ordens monásticas na estagnação da cultura, da tecnologia e da economia das sociedades feudais.

c) desenvolvimento comercial, pelo enriquecimento das cidades e pelo declínio da Igreja como elemento organizador do mundo medieval.

d) desenvolvimento das cidades, em função da atividade comercial, e pelo papel da Igreja como polo de poder político e cultural.

e) desestruturação do mundo feudal, provocada por meio do renascimento comercial, pelo declínio das monarquias e pela decadência política e cultural da Igreja.

Resposta: Letra D

 

Questão 4 (Enem 2014)

A filosofia encontra-se escrita neste grande livro que continuamente se abre perante nossos olhos (isto é, o universo), que não se pode compreender antes de entender a língua e conhecer os caracteres com os quais está escrito. Ele está escrito em língua matemática, os caracteres são triângulos, circunferências e outras figuras geométricas, sem cujos meios é impossível entender humanamente as palavras; sem eles, vagamos perdidos dentro de um obscuro labirinto. GALILEI, G. O ensaiador. Os pensadores. São Paulo: Abril Cultural, 1978. No contexto da Revolução Científica do século XVII, assumir a posição de Galileu significava defender a

a)    continuidade do vínculo entre ciência e fé dominante na Idade Média.

b)    necessidade de o estudo linguístico ser acompanhado do exame matemático.

c)    oposição da nova física quantitativa aos pressupostos da filosofia escolástica.

d)    importância da independência da investigação científica pretendida pela Igreja.

e)    inadequação da matemática para elaborar uma explicação racional da natureza.

Resposta:

Letra C

Galileu, a partir de seus estudos astronômicos e físicos, defendia o heliocentrismo que ia de encontro com a filosofia medieval.

 

Questão 5 (Fac. Cultura Inglesa SP/2015)

 A catedral é uma igreja urbana. Ela domina a cidade e observa tudo o que se produz e se troca em uma aglomeração que fora dela é só emaranhado de ruelas, de cloacas e de imundícies. A cidade é concentrada, estreita. A catedral é toda aberta. Ela é uma demonstração de autoridade. Ela fala da soberania do Cristo-Rei por meio de suas fachadas que têm a aparência de fortalezas e por meio de suas torres que prolongam as fachadas. A catedral é a afirmação que a salvação é alcançada na ordem e na disciplina, sob o controle do poder do bispo.

(Georges Duby. A Europa na Idade Média, 1984. Adaptado.)

O excerto refere-se ao renascimento das cidades na Idade Média europeia e à emergência 

a) da construção de igrejas e do surgimento de novas religiões cristãs.

b)    da arte gótica e do fortalecimento do poder da hierarquia eclesiástica.

c)    da igreja românica e da confirmação do poder dos senhores feudais.

d)    da arquitetura barroca e da catequização cristã dos povos pagãos.

e)    da basílica neoclássica e do retorno do cristianismo às suas origens.

 

Resposta: letra B

QUESTÕES DE PROVAS JÁ APLICAS QUE SE RELACIONAM AO CONTEÚDO:

Questão 6 (Enem 2012)

Lord Willingdon's Dilemma (Disponível em: www.gandhiserve.org. Acesso em: 21 nov.2011.)

O cartum, publicado em 1932, ironiza as consequências sociais das constantes prisões de Mahatma Gandhi pelas autoridades britânicas, na Índia, demonstrando

a)    a ineficiência do sistema judiciário inglês no território indiano. 

b)    o apoio da população hindu à prisão de Gandhi.

c)    o caráter violento das manifestações hindus frente à ação inglesa.

d)    a impossibilidade de deter o movimento liderado por Gandhi. 

e)    a indiferença das autoridades britânicas frente ao apelo popular hindu.

 Resposta: Letra D


Questão 7 (Enem 2009)

 

 A figura expressa o conflito que se arrasta por décadas no Oriente Médio, mais especificamente na região da Palestina. A alternativa que melhor explica o motivo do conflito é:

a) Depois do fim da Guerra Fria, cada grupo tenta impedir que o outro tenha acesso aos armamentos nucleares.

b) Os judeus acreditam possuir direitos históricos sobre a região, enquanto os palestinos afirmam possuir direitos adquiridos pela longa e contínua permanência no local.

c) O fator que motiva a ocupação da Palestina é o desejo de controlar a extração de petróleo nesse local e assumir maior poder de negociação frente às grandes potências atuais: Estados Unidos, China e União Europeia.

d) As caveiras ilustradas na figura simbolizam o grande número de mortes provocadas pelo conflito, da ordem de milhões de indivíduos.

e) Os balões da figura indicam que, tanto as questões religiosas como as econômicas, seriam facilmente solucionadas caso os dois grupos falassem a mesma língua.

Resposta: B

A figura retrata o conflito entre judeus e palestinos pelo território da Palestina, atual Estado de Israel. No ano 70 d.C., os judeus foram expulsos pelas forças do Império Romano, iniciando sua dispersão pelo mundo. Já os palestinos são árabes, que ocuparam a região no século VII. No século XIX, surgiu na Europa o movimento sionista, que defendia a volta do povo hebreu para a Palestina. Esse movimento culminou em 1948 com a criação de Israel, tornando os palestinos um povo sem pátria.

 

Questão 8 (PUCCamp SP/2014)

A civilização islâmica desempenhou um importante papel na história da matemática não só por ter preservado a sabedoria antiga, mas também por tê-la desenvolvido. O seu papel foi inovador na álgebra, graças ao uso da numeração árabe e do zero. A matemática foi usada pelos sábios islâmicos com objetivo religioso, como a elaboração do calendário e o cálculo da qibla, ou seja, da orientação da cidade sagrada de Meca no sentido da qual se devem realizar as orações.

(Adaptado de: pt.wikipedia.org/wiki/Ciência_islâmica)

 O conhecimento histórico e o texto permitem afirmar que, além da importante contribuição deixada por essa civilização,

a) dentre os legados dos árabes da Baixa Idade Média e que se mantêm na vida contemporânea, destaca-se a idealização e a valorização do trabalho manual em todas as dimensões.

b)    as atividades econômicas de mercadores e banqueiros árabes na Europa ocidental favoreceram o surgimento de valores culturais e científicos que marcaram todo o mundo Moderno.

c)    as traduções árabes, estudadas na Europa medieval, propiciaram a sobrevivência da cultura clássica greco-romana, o que contribuiria para dar origem ao Renascimento.

d)    o Islamismo exerceu uma grande influência sobre as civilizações posteriores, principalmente no que se refere à organização social mais igualitária e à estrutura administrativa.

e)    a civilização muçulmana, ao difundir a cultura oriental por vasto território do mundo antigo, contribuiu para preservar as noções de cidadania e de direito, que embasam a cultura ocidental.

Resposta: letra C


NÓS PESQUISAMOS AQUI!

 

BOZZANO, Hugo. Arte em Interação. São Paulo: Ibep, 2013.

FERRARI, Solange dos Santos Utari. Arte por toda parte: volume único. 2. Ed. São Paulo: FTD, 2016.

GOMBRICH, E. H. A história da arte. Rio de Janeiro: LTC Livros Técnicos e Científicos, 1995.

HOUSER, Arnold. História Social da Arte e da Literatura. São Paulo: Martins Fontes, 1998.

LEMOS, Sueli. Arte Bizantina: arte na Idade Média. São Paulo: Instituto Callis, 2013.

____________. Arte Gótica: arte na Idade Média. São Paulo: Instituto Callis, 2013.

____________. Arte Islâmica: arte na Idade Média. São Paulo: Instituto Callis, 2013.

____________. Arte Românica e Bárbara: arte na Idade Média. São Paulo: Instituto Callis, 2013.

MARIOTTO, Gladys. Arte, leitura de mundo. Curitiba, PR: Expoente, 2011.

REIS, Eliana Vilela dos. Manual compacto de Arte – ed. Rideel – 2010.


* Texto produzido para a Plataforma Gonçalves Dias, preparatório pré vestibular do Governo do Estado do Maranhão em 2020.