Sítio arqueológico de Baelo Claudia, em Andalusia, Espanha, 2018.
ARTE GRECO-ROMANA
Ao longo da história da humanidade absorvemos, influenciamos ou somos
influenciados por culturas que mantivemos qualquer tipo de contato, pois alguma
forma de arte existe em todas as partes do globo, mas a história da arte como
um esforço contínuo não tem seu princípio ou fim definido. Mas há a continuidade
transmitida de mestre a discípulo, e de discípulo a admirador ou copista, o que
ligaria a arte do vale do Nilo de cerca de cinco mil anos atrás à produção do
povo grego. Pois veremos que os mestres gregos “frequentaram” a escola dos
egípcios (parafraseando o historiador de arte austríaco Ernst Hans Josef Gombrich) e todos nós somos discípulos
dos povos gregos e também dos povos romanos que foram influenciados de forma
linear e transitória pelos mesmos.
A influência dos gregos e romanos pode ser verificada ao longo da
história da humanidade, a partir de sua própria existência...
Assim, na Idade Média,
negando seus preceitos e cânones, depois resgatada nos períodos posteriores
como o Renascimento (cuja nomenclatura já os requisita de forma direta, no
século XIV) e o Neoclassicismo (onde a nomenclatura os trata como o “novo
clássico”, fomentado pela descoberta das ruínas da cidade de Pompéia, soterrada
pelas lavas do vulcão Vesúvio). Esta influência perdura e se reinventa, sempre negando ou
exaltando os “clássicos”, nas mais diferentes representações artísticas,
culturais e sociais.
A palavra clássico deriva do latim classicus, que significa um
cidadão da mais alta classe, de extremo valor, segundo o pesquisador da
história da música, Roy Bennett. Desta forma, falamos clássicos a obras com
grande estima e reconhecimento universal: Shakespeare é um “clássico” da
literatura e os gregos e romanos “clássicos” para a filosofia, sociologia, matemática, política, música,
arquitetura, escultura e para a literatura.
Servem de referências e bases para
a nossa cultura geral.
A arte grega costuma ter seu estudo dividido em três períodos que
demarcam, em sua temporalidade, modificações substanciais e acréscimos de rebuscamentos:
Período Arcaico
Nos primeiros séculos, a produção escultórica do povo grego se
assemelhava à dos egípcios em rigidez. Mas, sabemos que os egípcios baseavam
sua arte no próprio reconhecimento. Mas os gregos começaram a usar os próprios
olhos, não a representação deles. Uma vez iniciada essa revolução, os escultores
em suas oficinas ensaiaram novas ideias e novos modos de composição da figura
humana, e cada inovação era avidamente adotada por outros. O homem jovem era
representado nú (essas estátuas eram chamadas de “Kouros”) e as moças eram
representadas vestidas (korés).
A sua cerâmica era decorada com padrões geométricos
simples e, quando se queria representar uma cena, esta formava parte do desenho
com austeridade e rigor.
Quando a arte passa a apresentar grande apuro técnico, com a criação de
cânones e regras para a representação pautada na natureza, tanto para figura
humana quanto para a arquitetura e a pintura. Com a utilização de formas
idealizadas, mais belas que o normal, representação de atletas em pleno
movimento e mulheres com vestes esvoaçantes, como representação dos deuses (os gregos
eram politeístas!), tudo podendo ser detalhado em esculturas que servem como
enfeites dos templos. Neste período percebemos maior indução de movimento nas
estátuas, para isto, começa a utilização do bronze que era mais resistente do
que o mármore, podendo fixar o movimento sem que os membros (braços, pernas) se
quebrem. Na pintura da cerâmica, há o
destaque no uso de tintas vermelhas sobre o fundo negro, percebemos a pintura
com maior dinamismo, realismo, naturalismo e expressividade. Foi o período em
que a democracia ateniense atingira seu nível mais elevado e que a arte grega deu
início a um grande desenvolvimento.
Teve influência oriental da macedônia, com a arte mais
decorativa e suntuosa. Quando o apogeu técnico, estético e conceitual do povo
grego foi atingido e, por fim, seu declínio. Aprimoraram uma multiplicidade de
usos e técnicas, como a da encáustica sobre gesso e mármore pela aplicação de
cera derretida, criação de mosaicos, que adquirem detalhismo e refinamento. As
esculturas ganham intensa expressividade e teatralidade, emotividade e riqueza
de detalhes, feitas em bronze (o domínio da técnica escultórica em mármore será
alcançado apenas pelos romanos, que copiarão as obras gregas e usarão o bronze
para fazerem armamentos). A arte helênica conservou ainda algumas direções
clássicas puras idealizadoras do objeto, mas a tendência, todavia, é para o
aumento de imaginação e liberdade, a arte passa a superar o equilíbrio
clássico, por sua dinamicidade.
A arquitetura tinha seu
planejamento matematicamente calculado. Nos templos, eram colocadas esculturas
decorativas nos frisos e frontões (observe na imagem do templo), Eram muitas
vezes pintadas em cores vivas, mas praticamente nada dessa decoração chegou até
nós. Este modelo repercutiu largamente em todo o território grego, assumindo,
porém, muitas variações que dependiam de preferências locais ou do orçamento disponível, com regras de
composição pautadas na precisão geométrica do uso do retângulo áureo, inventado
por este povo, e hoje nos serve de base para o corte de uma folha de papel que compramos em resmas para impressão de atividades (tamanho
A4), no caderno que utilizamos para escrever (A5, o pequeno - ou A4 o grande,
com o dobro do tamanho), e no cartão do banco, que passamos no caixa eletrônico
para pagar nossas compras).
Na arquitetura grega foram desenvolvidos três estilos ou ordens: a ordem
dórica, jônica e a coríntia (empregadas respectivamente nos períodos arcaico,
clássico e helenístico). Imagem visualizada: http://pontozeroum.blogspot.com/2016/01/colunas-gregas.html,
acesso 29/07/2020.
Outra das invenções
importantes da arquitetura grega foi o anfiteatro, geralmente construído na
encosta de uma colina, aproveitando as características favoráveis do terreno
para ajustar as arquibancadas semicirculares. No centro do teatro ficava a
orquestra, e ao fundo o palco, decorado com um cenário arquitetônico fixo.
No âmbito das artes cênicas, os gregos fundaram gêneros que até hoje
organizam as várias modalidades do teatro contemporâneo. A tragédia e a comédia
aparecem como textos em que os costumes, instituições e dilemas da existência
eram discutidos através da elaboração de narrativas e personagens bastante
elaboradas. Tendo grande prestigio entre a população, o teatro atraía os
olhares de várias pessoas que se reuniam para admirar e discutir as peças
encenadas publicamente.
ARTE ROMANA
A estética romana teve por base a estética da cultura greco-helenística,
que aos poucos foi adquirindo características próprias, na construção de uma
arte que atendia com praticidade o modo de vida e necessidades dos romanos. A
temporalidade é aproximada de 753 a.C. (quando a cidade de Roma é fundada) até
476 d.C. (com o fim do Império Romano), um império que durou cerca de mil anos.
Assim como os gregos, eram politeístas, absorvendo a
mesma religiosidade e suas características, adotando a mudança dos nomes de
alguns deuses do panteão grego. Assim, Afrodite se transformou em Vênus, Ares
virou Martes, Hera – esposa de Zeus - foi chamada de Juno pelos romanos, e o
Zeus grego (soberano do olimpo), se converteu em Júpiter.
Herdeiros da arte grega, os romanos espalharam suas esculturas, pinturas
e mosaicos por todo território que conquistavam, igualmente, construíam teatros
onde podiam ser representadas peças que serviam para instruir e divertir a
população. Em algumas cidades eram levantadas arenas para jogos de gladiadores,
recriações de batalhas, lutas entre homens e animais selvagens (o anfiteatro
romano era construído a céu aberto e em vários pavimentos, diferente do grego
que aproveitava o relevo das encostas de montanhas).
A arquitetura romana deriva da arquitetura grega, embora
diferenciando-se por algumas características ou agregando-as, por isso alguns
autores agrupam ambos estilos designando-os por arquitetura clássica. Alguns
tipos de edifícios característicos deste estilo propagaram-se por toda a
Europa, em particular, o aqueduto, a basílica, a estrada romana, o domus, arcos
do triunfo, e o Panteão. Os monumentos romanos se caracterizam pela solidez;
aprenderam com os etruscos o emprego do arco, assim como a abóbada ou teto
curvo e o cimento hidráulico. Construíram também catacumbas, fontes, obeliscos
e templos.
Os romanos abastados prezavam pelo conforto e,
geralmente, nas casas dos patrícios havia água encanada. Se o rio não estivesse
perto da cidade, um aqueduto era levantado para trazer água à população que a
recolhia nas fontes instaladas na cidade. (Aquedutos são sistemas de transporte
de águas feitos na forma de pontes, sustentadas por arcos superpostos).
As termas eram as casas de banho, que usavam água aquecida,
caracterizando alto grau de higiene dessa civilização.
Roma propiciou a primeira experiência republicana da história. A
Civilização ainda contribuiu grandemente para o desenvolvimento do direito,
arte, literatura, arquitetura, tecnologia, religião, governo, e da linguagem no
mundo ocidental e sua história continua a ter uma grande influência sobre o
mundo de hoje.
Na técnica como expressão, a pintura romana é uma variante da pintura
grega das fases clássica e helenística. Apenas, por ser de caráter prático, o
romano acentuou as finalidades decorativas, aplicando com maior frequência à
arquitetura, dando-lhe forte realismo.
Imagem da pintura “Quíron e Aquiles”,
um afresco da cidade de Herculano,
soterrada pelo vulcão Vesúvio, hoje a cidade é
um museu à céu aberto, Museu Arqueológico Nacional de Nápoles,
na Itália. O centauro Quíron ensina Aquiles a tocar a lira. Visualização: https://www.wikiwand.com/pt/Quíron, em
30/07/2020.
Os afrescos da cidade de Pompéia, soterrada também pelo vulcão Vesúvio
no séc. I a.C., representam bem este período antigo, na pintura mural, na forma
de afrescos. Com cenas do cotidiano, figuras mitológicas, religiosas e
conquistas militares. Usavam tintas feitas com materiais retirados da natureza,
como de metais ou pedras em pó, substâncias retiradas da madeira ou extraídas
de moluscos, vidros pulverizados e seivas de árvores.
Afresco é uma técnica de
pintura mural, executada sobre uma base de gesso, cal ou
argamassa ainda úmida, por isso o nome derivado da expressão italiana fresco, de mesmo significado
no português, na qual o artista deve aplicar pigmentos puros diluídos
somente em água. Dessa forma, as cores penetram no revestimento e, ao secarem,
passam a integrar a superfície em que foram aplicadas, ganha grande
durabilidade.
As pinturas chamadas “trompe l’oeil” (que significa ilusão de ótica) se
tornaram mais usuais e variadas, com a multiplicação de elementos simulados de
arquitetura, oferecendo vistas de paisagens urbanas e jardins, evidenciando um
uso bastante correto da perspectiva para dar a impressão de tridimensionalidade
e ilusionismo ao ambiente. Imagem de pintura em uma parede na cidade de
Pompéia, visualização: https://pompeiiinpictures.org/VF/Villa_016_p7.htm,
em 30/07/2020.
A Escultura romana também é fortemente inspirada na grega. Algumas
estátuas representavam o imperador ou chefes políticos e militares famosos e
eram colocadas em lugares públicos, outras representavam deuses. Também foram
esculpidos bustos, retratando membros das famílias imperiais ou abastadas e
baixos-relevos narrativos em arcos de triunfo e colunas, como forma de
comemorar os feitos notáveis do Imperador.
Além da grande produção de esculturas romanas, havia o hábito
generalizado da cópia de obras gregas mais antigas e a permanência de alusões
ao classicismo grego ao longo de toda sua história, mesmo através do
Cristianismo primitivo, manteve vivas uma tradição e uma iconografia que de
outra forma poderia ter-se perdido.
Ruínas, localizadas na baía de Bolonha em
Tarifa. Trata-se de uma antiga povoação romana que confirma a importância deste
local estratégico nos tempos antigos. Um dos mais importantes achados romanos,
não só da Andaluzia, mas de toda a península, é o SITIO ARQUEOLÓGICO de Baelo
Claudia.
Neste local,
praticava-se uma economia baseada na pesca, no fabrico de conservas, salga
de peixe e comércio com as embarcações que se deslocavam de um lado para outro
lado nas Colunas de Hércules.
Também se elaborava
o famoso molho garum de Cádiz. Nas ruínas, o bairro industrial está
situado junto à praia, perto das tabernas.
Baelo Claudia, ruínas romanas de Bolonia,
sul da Espanha, pertinho da cidade de Tarifa.
QUESTÕES DE
PROVAS JÁ APLICAS QUE SE RELACIONAM AO CONTEÚDO:
Questão 1 (Ueg 2013)
Analise a imagem.
Augusto de Prima
Porta, esculpida por volta de 19 a.C., é uma típica escultura da Roma
antiga. A diferença dessa escultura em relação às gregas do período clássico
está:
a) na
monocromia, indicando maior austeridade dos costumes romanos em comparação com
os dos gregos.
b) na postura
ereta e estática, demonstrando que as esculturas gregas retratavam o movimento
dos corpos.
c) no caráter
político, já que as esculturas gregas priorizavam temas da mitologia
religiosa.
d) no uso da
indumentária militar na composição da obra, uma vez que as esculturas gregas
valorizavam o corpo humano.
Resposta: Letra C
Questão 2 (Ufsm 2012)
Observe as
imagens:
Com base nas
gravuras, reflita a respeito da Antiguidade Clássica e analise as afirmativas a
seguir.
I. A Civilização
Grega não sofreu influência dos egípcios nem dos povos do Oriente Médio. Sua
cultura esgotou-se entre os gregos e sua originalidade foi reconhecida apenas
com o Renascimento Cultural.
II. A arte do
período clássico evidenciou o ideal grego de harmonia e equilíbrio, percebido
tanto na representação da figura humana quanto no projeto de sociedade,
a pólis.
III. A arte do
período helenístico expressou uma dramaticidade que pode ser entendida como
expressão das tensões do mundo grego da época: a derrocada
da pólis autônoma e independente e a formação de grandes reinos.
IV. Ao conquistar
e dominar as cidades gregas, o Império Romano manteve o seu projeto original
(oriundo das culturas itálicas) e ignorou a cultura helênica.
Está(ão)
correta(s)
a) apenas I e
II.
b) apenas II e
III.
c) apenas I, II e
III.
d) apenas III e
IV.
e) apenas
IV.
Resposta: Letra B
Questão 3
(Enem 2011)
Brasília
50 anos. Veja. N° 2 138, nov. 2009.
Utilizadas desde a
Antiguidade, as colunas, elementos verticais de sustentação, foram sofrendo
modificações e incorporando novos materiais com ampliação de possibilidades.
Ainda que as clássicas colunas gregas sejam retomadas, notáveis inovações são
percebidas, por exemplo, nas obras de Oscar Niemeyer, arquiteto brasileiro
nascido no Rio de Janeiro em 1907. No desenho de Niemeyer, das colunas do
Palácio da Alvorada, observa-se
a)a presença de um capitel muito simples, reforçando
a sustentação.
b)o traçado simples de amplas linhas curvas opostas,
resultando em formas marcantes.
c)a disposição simétrica das curvas, conferindo
saliência e distorção à base.
d)a oposição de curvas em concreto, configurando
certo peso e rebuscamento.
e)o excesso de linhas curvas, levando a um exagero na
ornamentação.
Resposta: Letra B
A partir da interpretação da imagem e do texto, é possível perceber que
as colunas têm traços modernos, principalmente, se compararmos com as
informações do enunciado, que nos informa que tais colunas
sofreram modificações e incorporaram novos materiais com ampliação de
possibilidades, o que pode ser evidenciado na obra de Oscar Niemeyer.
Referências
BOZZANO, Hugo B. Arte em
interação.
Volume único. São Paulo: Ibep, 2013.
A arte hindu possui um caráter essencialmente religioso e diversificado,
devido à difusão de distintas religiões, que se manifestam, em sua maioria,
explicando a origem do universo e contemplação da natureza, formando uma fabulosa
diversidade étnica.
As manifestações artísticas desse estilo, levam em consideração a
comunhão entre o mundo material e o espiritual. Os
indianos preconizam a harmonia entre o mundo criado, os deuses, os animais e as pessoas.
Contexto
Histórico
Arte
Hindu é bastante ligada às tradições e ancestralidade. É formada por concepções
que envolvem a estética das religiões de povos de seu entorno, principalmente o
Hinduísmo, Budismo.
Os egípcios não foram os
únicos a adaptar os novos métodos de arte às suas necessidades religiosas.
Mesmo na distante Índia, o modo romano de contar uma história
e glorificar um herói foi adotado por artistas que se propuseram a tarefa de
ilustrar a história de uma conquista pacifica: a história do Buda.
“A
arte da escultura tinha florescido na índia muito tempo antes da influência grega.
Foi na região de Gândara que a figura do Buda foi pela primeira vez mostrada em
relevos que passaram a ser o modelo para a arte budista posterior. Este,
representa o episódio da lenda do Buda conhecido pelo nome de A Grande Renúncia”.
(Gombrich, 74).
As criações artísticas indianas
consistem, geralmente, de imagens votivas ou comemorativas, de cultos
direcionados aos deuses ou aos soberanos. “Em instrumentos de propaganda
destinados a servir à fama dos imortais ou à fama póstuma de seus
representantes na terra” (Houser, 29).
A criação artística da Arte
Hindu também influenciou a imprensa e reprodução da imagem através da
xilogravura (arte de gravar em madeira), tendo seu exemplar mais antigo na obra
conhecida como a “Lição dos ensinamentos de Buda”, datado de 868 d.C.
A localização geográfica, de
fronteira com o Nepal, China e Paquistão, favorece uma grande mistura e
diversidade cultural e artística, mas que respeitam a tradição e ancestralidade,
como
a dança, que possui forte ligação entre o sagrado, o profano e a natureza, pois
é considerada uma espécie de oferenda aos deuses, assim como a comida e as
flores que enfeitam o templo e as imagens. Conserva a mesma estrutura desde os
tempos mais antigos.
Neste contexto, há o teatro
sagrado da Índia, o “Kathakali”, atividade artística que une encenação e dança
executadas por homens e existe há mais de 400 anos, reverenciando o hinduísmo, apenas
através de um código gestual, usando movimentos de cabeça, olhos, sobrancelhas,
mãos, pescoço e corpo, chamado “mudras”.
Imagem, Bozzano, p.202.
As “imagens
sacras hindus têm uma linguagem que inclui formas humanas, símbolos e uma
tendência à multiplicidade”, pondera o historiador Heather Elgood. Como os múltiplos braços
da Deusa Shiva. Imagem da escultura da Deusa Shiva, no Museu Sant
Darshan, em Hadshi, Índia.
As divindades são representadas frequentemente com
vários braços e cabeças, justamente para fazer uma alusão à extensão de seu
poder e de sua habilidade.
A estética peculiar da arte
indiana é única e inconfundível por suas simbologias, cores e adereços envolvidos,
os deuses são também representados em formas zoomorfas,como o deus Ganesha. Como mostra a Imagem de
pintura mural da Austrália:
Temos como exemplo arquitetônico o Templo de Brihadisvara, feito com granito,
na cidade de Tanjore, Tâmil Nadu, Índia do Sul, o maior templo da Índia. Foi
construído entre 1003 e 1010, no reinado do Rei Chola, e é um exemplo do estilo dravidiano,
predominante no Sul da Índia, cuja característica principal é a construção em
formato de torre escalonada, com vários pavilhões de múltiplas camadas. Tombado
pela Unesco como Patrimônio da Humanidade. Imagem visualizada no site Wikipedia.
A imagem abaixo mostra detalhes esculturais em relevo que contam a
estória das divindades religiosas do Templo de Kedareshvara, na cidade de Balligavi, perto de Shikaripura, no
distrito de Shimoga, no estado de Karnataka, na Índia.
Principais
características da arte Hindu:
·A arte hindu se
desenvolveu especialmente na arquitetura e na escultura;
·Também se destaca
na pintura em tecidos e murais;
·A arquitetura
possui uma relação muito forte com a religião;
·Os templos foram
erguidos em homenagem a uma série de divindades diferentes, espalhados pelo continente
indiano e em outros países;
·A escultura
está geralmente associada à arquitetura, na forma de relevos, colunas e imagens
que centralizam a estética do ambiente projetado;
·Símbolos, considerados sagrados: Om, o mantra mais
importante do hinduísmo, representa aos três estados da consciência: vigília,
sono e sonho; a Suástica, que representa o sol, fonte da vida; a Flor
de lótus, simbolizando a pureza do coração e da mente.
·Principais
deuses: Vishnu, o protetor; Shiva, o destruidor; Brahma, o criador;
A SUÁSTICA é
um símbolo místico encontrado em muitas culturas e religiões em
tempos diferentes, dos índios Hopi aos Astecas,
dos Celtas aos budistas, dos Gregos aos hindus e
ainda dos japoneses, sendo encontrados registros dele há mais de 5 mil anos.
Desde que foi adotada como
logotipo do Partido Nazista de Adolf Hitler a suástica
passou a ser associada ao fascismo, ao racismo, devido ter sido
encontrada em descobertas arqueológicas de povos arianos, pelos nazistas. O que
desvirtuou seu emprego como símbolo integrador e de comunhão com o sol, com os
povos e a natureza. Considerado amuleto de sorte e sucesso em várias culturas,
pois a palavra "suástica" deriva do sânscrito svastika,
significando felicidade, prazer e boa sorte. Imagem de diferentes suásticas,
visualizada: https://pt.wikipedia.org/wiki/Suástica, em 29/12/2020.
Houve grande repercussão o Pavilhão indiano da Bienal de Veneza,
homenageando o 150º aniversário do nascimento de Mahatma Gandhi, onde
a obra evoca protesto pacífico, resistência passiva e respeito ao
meio ambiente. Os chinelos na parede representam os seguidores do líder
indiano.
Imagemda instalação
do Pavilhão da Índia, “Our Time for a Future Caring”, com GR Iranna, Naavu, na
58ª Bienal de Veneza, 2019.
“Modelo de Rolo”, de Riyas Komu, 2011. Impressão
digital em tecido polimicro cada impressão com 40 metros (caixa: 283,87 x 51.61
x 51.61cm). é outra obra
contemporânea, que inclui as raízes do
povo indiano, exposta no Centro Cultural Banco do Brasil – CCBB, com cortesia da Sakshi Gallery, em Mumbai, Índia. Fez parte
da ,exposição ÍNDIA – LADO A LADO, feita em fevereiro de 2012. Todas as
obras expressaram momentos distintos da cultura indiana ligados a questões
históricas, sociais, econômicas, urbanísticas.
Arte Islâmica
O estilo de arte apresentado é posicionado partindo da formação das
primeiras civilizações ao período medieval, de onde teve poucas modificações artísticas
ao longo dos milênios.
üContexto
Histórico
Somos
familiarizados com a Arte Islâmica sem nos darmos conta disso, você sabia?
A
prática de usar tapetes estampados com almofadas no chão, o chamado dos sinos
da Igreja Católica ou dos evangélicos nas portas de seus templos. O costume de
revestir os pisos e paredes com azulejos; o capricho estético das letras quando
escrevemos, são heranças da cultura dos povos orientais.
A
arte dos povos desse estilo possui características multifacetada, mas ainda presa
às tradições ancestrais, formada por concepções que envolvem uma estética austera
e contemplativa. Parte dos
povos que compõem o Oriente Médio adaptaram a arte às suas necessidades
religiosas.
Na Idade Média, os
árabes convertidos ao islamismo, tinham como o conhecimento da natureza uma
razão para entender os desígnios do “todo poderoso”, como chamam o ser supremo
em sua crença: Alá.
Os pilares da prática do islã são a estrutura da vida do muçulmano, do
fiel; baseiam-se na resignação, esmola, jejum, peregrinação e oração diária.
Todas estas curiosidades em torno da religião Islâmica são fundamentais para
entendermos a arte e cultura desse estilo, que se estendeu ao longo da
Península Arábica, África, Índia, Egito e Pérsia.
Conquistadores, também conseguiram
absorver as culturas de povos dominados, formando uma arte rica e multifacetada,
apesar de pouca representação figurativa – há a crença de idolatria na
figuração-, mas com enorme diversidade de cores e formas, a partir da
combinação de elementos geométricos e florais. A beleza de sua tapeçaria, de
sua arquitetura, de sua caligrafia, de sua cerâmica - só para citar alguns
poucos exemplos - é prova viva do refinamento desse povo, que tantas contribuições
deixou para o Ocidente, inclusive para São Luís, cuja arquitetura trazida pelos
portugueses, na verdade foi absorvida da cultura dos mouros e árabes. Desta
forma, visualizamos, através dos países colonizados, grande influência cultural
do Islã sobre toda a Europa.
A Arte Islâmica é ancorada em torno da religião: Islamismo. Portanto,
conhecer a história da religião é fundamental para entender sua cultura,
centrada nas visões do profeta Maomé, suas orientações religiosas e dogmáticas que
servem a um Deus único e universal, que uniu diversos povos por meio de suas
crenças. Na cidade de Medina, Maomé fundou sua primeira comunidade religiosa em
622, data que marca o início do calendário muçulmano.
Em árabe, muçulmano quer dizer "fiel", todo aquele que aceita
o islã. Os muçulmanos se guiam pelos princípios enunciados oralmente por Maomé
e encerrados no livro sagrado, o Alcorão, no qual Maomé teria deixado também
uma série de preceitos morais e civis.
A imagem mostra uma iluminura* da “A Ascensão Mística do Profeta aos Céus”, data
de 1580, miniatura persa em Khamsa, livro de
Nizami Ganjavi, da Coleção David, Copenhague, Dinamarca.
*Uma ILUMINURA é um desenho ou ilustração feita à mão
que representa um texto manuscrito. A etimologia da palavra illuminare em latim significa
iluminar, trazer a luz, clarear. As primeiras iluminuras fazem parte das
ilustrações encontradas no Livro dos Mortos, no Antigo Egito.
Outra importante representação cultural é a mesquita.
Ela representa três importantes valores da cultura muçulmana: a religiosidade,
a sabedoria e o poder. Na mesquita não há altares nem imagens, mas existem
arabescos e caligrafia em toda a sua decoração, levando os fiéis à leitura -
porque leitura também é prece, a prece é a razão de existência da mesquita.
A arquitetura encontrou sua maior expressão nas construções das
mesquitas, palácios, tumbas, banhos públicos e fontes. Imagem de detalhe de uma
fonte na fachada da Mesquita Hassan II em Casablanca, Marrocos. é o
mais alto templo do mundo, e o segundo maior. Imagem visualizada:
https://www.voali.com.br/mesquita-hassan-ii-em-casablanca-marrocos/,
em 29/12/2020.
O domínio do Império Otomano, compôs uma síntese eclética de
todas as experiências arquitetônicas pelas quais passou, daí as semelhanças da
arte Islâmica com a Bizantina.
*Imagem acima mostra a planta usual de uma
mesquita, extraída do livro “Arte Islâmica” de SueliLemos, p. 14.
Os palácios desse estilo são adornados por pátios, lagos e jardins, nos
quais se fazia o uso de elementos como arcadas, trabalhos em estuque,
caligrafias ornamentais, rendilhados, mosaicos e azulejos decorados e coloridos.
Esse estilo de arte ficou conhecido como arte mourisca, espalhou-se por toda a
Península Ibérica e chegou no Maranhão com os portugueses durante a colonização.
Imagem com detalhe de um
mosaico de pedaços coloridos de cerâmica esmaltada (azulejo), do Palácio
de Alhambra, em Granada,
Espanha. Incrível legado do povo islâmico. Visualização: https://www.pinterest.pt/pin/60235713745467060/, em
31/12/2020.
A arte azulejar é uma síntese
das experiências egípcia, chinesa e mesopotâmica, desenvolvendo sobre elas
novas técnicas estampadas com uma variedade de padrões, criando formas
elaboradas e requintadas, que
são valorizadas até os dias de hoje. A cerâmica turca de Iznik teve seu auge no
período otomano; a qualidade dos azulejos e a primazia do desenho fizeram dela
referência para a cerâmica de vários lugares do mundo. Não só azulejos, mas
também vasos, tigelas, lampadários e pratos.
No palácio, há o “harém”, um local destinado às mulheres, na tradição
muçulmana, é uma espécie de recinto ricamente decorado, para alojar a
mãe do sultão, sua esposa ou esposas, suas irmãs e filhas, e, ainda, as
concubinas, companheiras não reconhecidas socialmente ou escravas. Ao lado, outro detalhe do Palácio de Alhambra, o Pátio dos Leões,
visualização:https://www.pinterest.pt/pin/259942209713864457/, em
31/12/2020.
Rendilhado de estuque, reboco trabalhado: A imagem
mostra uma coluna em estilo mourisco, do mesmo palácio, extraída do livro “Arte Islâmica” de Sueli Lemos, p. 23.
Outro dos objetos de maior
importância para os muçulmanos é o tapete. Serve de almofada, travesseiro e até
de cama, herança do antigo nomadismo. Sendo ainda urna peça indispensável no
culto religioso. Os tapetes feitos à mão são produzidos desde épocas antigas
como um artesanato próprio do povo turco. Feitos de lã e algodão mesclados com
seda pura, oferecem uma variedade de desenhos e cores com características
próprias de cada região. Imagem extraída
do livro “Arte Islâmica” de Sueli Lemos, p. 26.
A caligrafia é outra atividade artística
bastante cultivada. Em suas simbologias, o *calígrafo, por meio da palavra
colorida, era capaz de reter o olhar e o sentido: a cor azul evocava o céu; o
dourado, o paraíso; nos sinais em vermelho, aumentava-se a voz; e os em verde
determinavam a pausa. A caligrafia primava pela perfeição, pois representava a
materialização da palavra de Deus. A iluminura é o seu perfeito complemento
artístico.
A
palavra arte em árabe: فن
Com o passar do tempo - e a influência de outras culturas como a
chinesa, hindu e persa - seres inanimados, figuração de animais e mesmo de
pessoas acabaram por integrar o universo árabe-islâmico. Imagem de iluminura
medieval persa que conta a história de Alexandre, O Grande. Extraída do livro “Arte Islâmica” de Sueli Lemos, p. 30.
Haviam ainda, as novelas curtas e narrações de “As mil e uma noites”, feitas em
formato de iluminuras. Com temas de amor sensual, de origem não definida,
provavelmente da Espanha ou Marrocos.
Principais
características da Arte Islâmica:
·Essencialmente
decorativa, gosto pela exuberância e luxo;
·Condicionada
pela religião, é uma representação da atividade espiritual;
·Aniconismo,
evita a representação da imagem para adoração;
·Os desenhos
são baseados em motivos geométricos e figurações abstratas;
·A
representação de Maomé é mostrada com seu rosto coberto, a chama que o envolve
significa iluminação;
·Tem destaque
para a caligrafia* - a arte de escrever de maneira elegante;
·Uso de arabescos, uma ornamentação rendilhada e
sutil com três motivos visuais: Motivo geométrico, Motivo Vegetal e Motivo
Epigráfico (com grafia de palavras ou trechos do Alcorão;
·Uso de arcos em
forma de ferradura;
·Revestimentos
de azulejos, ladrilhos e mosaicos em paredes e pisos;
·Tipos de Arte:
nas iluminuras, nas joias, nos metais, nos azulejos, nas cerâmicas, nas pedras
entalhadas, nos tecidos e tapetes estampados.
Na contemporaneidade...
Há a Bienal dos Emirados Árabes Unidos, que em
2019 realizou sua 14ª edição, intitulada Leaving
the Echo Chamber (deixando a câmara de eco), criticando a veiculação
monopolizada de notícias. A bienal expôs instalações e obras em locais
públicos, com sessões de performances, cinema e música, com o intuito de criar
uma série de provocações sobre “como alguém poderia renegociar a forma e a
função da ‘câmara de eco’ da vida contemporânea”. O evento acontece em
diferentes espaços da cidade de Sharjah, incluindo sítios históricos. A imagem
mostra a cena de um vídeo exposto, da artista
Alia Farid. Visualização: https://artebrasileiros.com.br/arte/bienais/bienal-de-sharjah-vai-ate-junho-nos-emirados-arabes-unidos/,
acesso em 02/01/2021.
Arte Românica
É um estilo dentro da arte medieval que se desenvolveu em Roma, influenciada
pelo intercâmbio cultural resultante das invasões bárbaras. Nasceu da necessidade do povo de ir em busca de sua identidade cultural de
encontro aos valores greco-romanos. Devemos estar conscientes que o período medieval produziu uma arte com
grandes semelhanças de estilos entre si: Românica, Bizantina, Islâmica e Gótica.
E, além da cristã, recebeu influências das religiões muçulmana e judaica.
A palavra bárbaro era
usada pelos romanos para classificar todos aqueles povos que habitavam fora
das fronteiras do Império Romano, que não falavam o latim. Esses povos
estavam divididos em vários grupos: mongóis, francos, alamanos, saxões,
vândalos, godos, entre outros. Todos contribuíram para a formação dos
países e da cultura europeia
Sigamos atentos às minúcias que as distinguem
umas das outras, neste período de mudanças sociais e riquezas artísticas, que
nos levarão a perceber como as obras de arte influenciaram toda a sociedade de
uma época.
Contexto Histórico
O estilo prevaleceu na Europa no período da Alta Idade Média (entre os
séculos XI e XIII). O termo "Românico" é uma referência às
influências da cultura do Império Romano, que havia dominado durante séculos
quase toda o lado Ocidental, porém, essa unidade foi rompida com a invasão dos
povos bárbaros.
Apesar de línguas e tradições diferenciadas nas várias regiões
europeias, e da fragmentação do poder entre os senhores feudais, o elemento
religioso manteve a ideia de unidade em todo o território: a arte Românica reforça esse pensamento.
Imagem de detalhe da parede da Basílica
de Santa Maria Madalena, França.
A arquitetura românica:
Foi nas igrejas que o estilo românico se desenvolveu em toda a sua
plenitude. Eram os próprios religiosos que comandavam as construções, a partir
do conhecimento monástico.
Pois o estilo desenvolveu-se principalmente na sua arquitetura, na
construção de mosteiros e basílicas, havia o prevalecimento do uso dos arcos de
volta-perfeita e abóbadas (influências da arte romana). Os
castelos seguiram um estilo voltado para o aspecto de defesa. As paredes
eram grossas e existiam poucas e pequenas janelas. Tanto as igrejas como os
castelos passavam uma ideia de construções “pesadas”, voltadas para a proteção.
As igrejas deveriam ser fortes e resistentes para barrarem a entrada das
“forças do mal”, enquanto os castelos deveriam proteger as pessoas dos ataques
inimigos durante as guerras.
As formas originais do românico foram
aproveitas fazendo surgir dos arcos romanos, abóbadas sobre paredes sólidas e
delicadas colunas terminadas em capitéis ao estilo das colunas dóricas gregas.
Durante a Idade Média, os mosteiros tornaram-se os centros culturais da
Europa, onde a ciência, a arte e a literatura estavam centralizadas. Eram, na
verdade, unidades independentes e, dessa forma, estruturaram-se segundo
necessidades particulares ou das localidades.
Características da arquitetura:
·Uso de Abóbadas nos telhados das construções religiosas: Abóbada de Berço
(prolongamento de um arco pleno) e Abóbada de Aresta (cruzamento de duas abóbadas
de berço);
·Tipos de Edificações: igrejas, mosteiros, catedrais, basílicas e castelos
fortificados: Os castelos seguiram
características que agregavam elementos de defesa, como paredes grossas com
poucas e pequenas janelas.
·Torre circular, quadrada ou octogonal de telhado pontiagudo;
· Escultura diretamente associada à arquitetura
e/ou às colunas;
·Uso de relevos
em fachadas, nos portais, nos frontões e nos interiores das Igrejas;
·Nas esculturas
e nas pinturas a imagem da figura humana é alongada, as proporções dos membros
e são distorcidos da realidade;
·Janelas pequenas e estreitas.
Imagem da
Igreja de São Pedro de Rates.
A pintura:
ganhou sua plenitude durante o Período
Carolíngio, dedicado ao Imperador Carlos Magno, que recebeu o título de
“Protetor da Igreja Romana”. Ele patrocinou vários centros monásticos,
verdadeiros ateliês que eram responsáveis pelas produções dos manuscritos sagrados.
A imagem da iluminura mostra “Os quatro
evangelistas”, datada de c. 820, Catedral de Aachen, Alemanha. Onde os
evangelistas: São Mateus, São Marcos,
São Lucas e São João, foram retratados em um fundo difuso na cor azul. Todos
com o livro aberto e portam tinteiro e pena, o que sugere que estejam
mergulhados em seus trabalhos. Tinham a função de contar a vida de Jesus,
escrever o Evangelho. A iconografia cristã atribui um símbolo a cada um: São
Mateus - um anjo alado, significando que Deus criou o homem à sua imagem e
semelhança; São Marcos - um leão alado, simbolizando as feras que habitam o
deserto. É uma dimensão de força, realeza, poder e autoridade do filho de Deus;
São João - É representado por uma águia, ave caracterizada por voar muito alto
e fazer seus ninhos nos mais elevados picos; São Lucas - representado por um
touro, também alado, que remete aos sacrifícios e à dimensão de sua oferta a
Deus.
Estes ícones são representados na Igreja dos Remédios em São Luís, no telhado de sua arquitetura eclética inspirada nas construções do Estilo Gótico, detalhado no final deste artigo.
ILUMINURAS: A Iluminura alia a ilustração e a caligrafia, muito utilizada em
antigos manuscritos, ocupando normalmente as margens, como barras laterais, na
forma de molduras desenhadas, com escritas à mão, alfabeto gótico e letra
capitulada, poucos textos, monogramas, muitas imagens.
Características gerais da pintura:
·Pintura mural nas igrejas, em afresco (pintura feita em superfície úmida) e têmpera (uma tinta feita com pigmento em pó, misturada à clara e
gema do ovo, vinagre ou água destilada);
·Uso de mosaicos: desenhos feitos com pequenos
pedaços de pedras coloridas, colocadas lado a lado, com temas religiosos;
·Ilustração em papel, couro, em livros ou manuscritos, as iluminuras
eram usadas para evidenciar e ornar um episódio
religioso;
·Pintura sobre madeira: altares, pórticos ou púlpitos;
·Temas são
quase sempre iguais e comuns à escultura da época, ilustrando a vida de santos,
atividade do cotidiano, acontecimentos lendários ou glórias passadas;
·Uso de cores
vivas, figuras sombrias, mas de grande expressividade;
·Os pintores
não se preocupavam em pintar, de maneira realista, o fundo das personagens, com
perspectiva na cena retratada, mais atentos ao uso de símbolos religiosos;
·Ausência de proporção
e harmonia na anatomia (a ausência de realismo anatômico sugeria o
distanciamento da imagem das pessoas com o divino).
A escultura:
Possuía um caráter didático-religioso, pois poucos sabiam ler, a Igreja
utilizou as esculturas, vitrais e pinturas, principalmente dentro das
igrejas e catedrais, para ensinar os princípios da religião católica. Os temas
mais abordados foram: vida de Jesus e dos santos, passagens da Bíblia e outros
temas cristãos. Em seus tipos mais frequentes, destacamos as estátuas-colunas,
que se desenvolvem nos relevos de pórticos e arcadas. A escultura tinha também
um caráter ornamental, onde o espaço em branco dos frisos, capitéis e pórticos
é coberto por uma profusão de figuras apresentadas de frente e com as costas
grudadas na parede. As imagens encontradas são as mais diversas, desde
representações do demônio, até personagens do Velho Testamento.
Em grande parte da Europa, a arte dos bárbaros, também conhecida como
arte germânica, foi desenvolvida por um povo nômade, formado por caçadores e
guerreiros com costumes e crenças diferentes. Eles assimilaram a cultura e a
religião do povo conquistado, ao mesmo tempo em que introduziram seus costumes
e traços culturais, concebendo uma arte baseada nos metais, vidros, pedras
preciosas e bordados.
O fato de esses povos serem nômades favoreceu fortemente as suas
expressões artísticas na ourivesaria e na fundição de metais, pois confeccionavam
objetos pequenos e facilmente transportáveis, fossem eles utilitários ou apenas
decorativos.
Devemos mencionar também o desenvolvimento da
ourivesaria durante esse período. A exemplo da escultura e da pintura, essa
arte teve um caráter religioso, tendo por isso se voltado para a fabricação de
objetos como relicários, cruzes, estatuetas, Bíblias e para a decoração de
altares.
O desenvolvimento da ourivesaria está
associado diretamente às relíquias, uma vez que as Igrejas ou mosteiros que
possuíam as relíquias com o poder de realizarem milagres eram objeto de maior
peregrinação, atraindo não só fiéis, mas ofertas.
Como exemplos e objetos da ourivesaria
medieval, temos o cálice e as coroas votivas, feitos de ouro e pedras
preciosas.
Características
da escultura:
Desenvolve-se nos relevos de pórticos e
arcadas;
A fusão das formas orientais de Bizâncio com as
romanas antigas, resulta numa estatuária de caráter ornamental;
As figuras humanas se alternam com as de
animais fantásticos;
O tema das cenas é religioso;
Os
relevos, além de decorar a fachada, tinham uma função didática;
O
capitel é quase sempre esculpido com cenas bíblicas, figuras de artesãos,
cotidiano, monstros, ou mesmo figuras alegóricas e inventadas.
A
função dessa decoração era doutrinar as pessoas analfabetas nos
ensinamentos do Evangelho;
Não
havia relação do personagem com a realidade, daí as deformações, as
transposições simbólicas.
Mapa Mental feito por ANDREINA XAVIER FERNANDES, do Curso de Artes Visuais da UFMA na Cidade de Imperatriz (MA).
Mapa Mental feito por LIDIANE BARBOSA DE MELO, do Curso de Artes Visuais da UFMA na Cidade de Imperatriz (MA).
Arte Bizantina
Estilo de arte medieval que se desenvolveu em Bizâncio, uma antiga
colônia grega situada entre a Europa e a Ásia, no estreito de Bósforo.
Contexto
Histórico
Constantino I, imperador romano que reinou entre 306 e 337, tomou duas
grandes decisões que mudaram pra sempre os rumos da história da humanidade:
1.Oficializou o cristianismo;
2.Fundou uma nova capital imperial em Bizâncio.
Era uma cidade fortificada grega que passou a se chamar: Constantinopla.
Imagem de mosaico ilustrando o Imperador Constantino IX e imperatriz Zoe
com o Cristo entronado, 1179. Basílica de Santa Sofia, Istambul, Turquia.
Constantino
rompeu com as tradições do Império Romano ao conceder liberdade religiosa, no
Édito de Milão datado de 313.
A prosperidade econômica e localização geográfica da cidade de
Constantinopla favoreceu a criação da arte bizantina, que sofreu influências de
Roma, da Grécia e do Oriente. A união de elementos dessas três culturas, formou
um estilo bastante peculiar e diferente do que já era feito no início da Idade
Média, uma arte luxuosa e rica em decoração.
Este império se manteve até 1453, quando os turcos otomanos tomaram a
cidade de Constantinopla, mudando seu nome para Istambul.
Principais características da arte Bizantina:
·A arte
bizantina foi toda estruturada em função da afirmação da religião cristã;
·Enquanto a
Arte Paleocristã pregava a pobreza e a santidade, a Arte Bizantina é majestosa
e ostensiva;
·Nas pinturas e
mosaicos, as imagens dos imperadores passam se misturar ao sagrado, com
finalidade de expressar autoridade absoluta;
·A
intensificação do uso do mosaico: expressão máxima da arte bizantina e não se
destinava apenas a enfeitar as paredes e abóbadas, servia para instruir os
fiéis com cenas da vida de Cristo, dos profetas e dos vários imperadores;
·A perspectiva
e o volume são ignorados, o uso da cor dourada é demasiadamente utilizada
devido à associação com maior bem existente na terra: o ouro;
·Uma simbologia solenedeterminava o lugar de cada personagem
sagrado na composição: indicação de gestos, as mãos, os pés, as dobras das
roupas e paisagem;
·A figura de Cristo era representada em tamanho maior que as demais, e com
cores mais expressivas em suas roupas;
·A representação do Imperador seguia o mesmo padrão, já que ele era tão
importante quanto Cristo, convencionou
representar o Imperador com uma auréola sobre a cabeça, assim como ladeia a
Virgem Maria e o Menino Jesus.
arquitetura das igrejas recebeu maior
projeção na arte bizantina, elas eram planejadas sobre uma base circular,
octogonal ou quadrada, com imensas cúpulas, criando-se prédios enormes e
espaçosos totalmente decorados.
imagem da Basílica de Santa Sofia.
A Basílica de Santa Sofia (Sofia = Sabedoria), localizada em Istambul,
foi um dos maiores triunfos da nova técnica bizantina, possui uma cúpula de 55 metros apoiada em
quatro arcos plenos. Um museu até o ano de 2020, quando foi convertida em
mesquita, recentemente aberta ao público para orações muçulmanas, mas com
promessa de abertura a visitantes de todas as religiões.
üCaracterísticas arquitetônicas:
·Planta
quadrada;
·Vértices
elevados em 4 pilares unidos por arcos;
·Cúpula
extremamente elevada (sugerindo, por associação à abóbada celeste, sentimentos
de universalidade e poder absoluto);
·Colunas com
capitel ricamente decorado com mosaicos;
·Pinturas nas
paredes;
·Chão de
mármore polido.
A arte bizantina teve seu grande apogeu no século VI, durante o reinado
do Imperador Justiniano. Porém, logo sucedeu-se um período de crise chamado de Iconoclastia.
Constituía na destruição de qualquer imagem santa devido ao conflito entre os
imperadores e o clero. A arte bizantina não se extinguiu em 1453, pois, durante
a segunda metade do século XV e boa parte do século XVI, a arte daquelas
regiões, onde ainda florescia a ortodoxia grega, permaneceu dentro da arte
bizantina. E essa arte extravasou em muito os limites territoriais do império,
penetrando, por exemplo, nos países eslavos.
Com a queda de Constantinopla em 1453, foi a população dos Balcãs que
contribuiu para difundir e incrementar a produção desta representação sacra,
sendo na Rússia o local onde assume um significado particular e de grande
importância.
O simbolismo e a tradição não englobam somente o aspecto pictórico, mas
também aquele relativo à preparação espiritual e aos materiais utilizados para
os rituais religiosos.
O
simbolismo das cores e letras:
Como na maioria das representações sacras, a cor no
ícone assume uma importância fundamental para expressar a intenção do
pintor.
O AZUL é a cor da transcendência, mistério divino;
O VERMELHO, a cor mais viva presente nos ícones, é a
cor do humano e do sangue dos mártires;
O VERDE é usado como símbolo da natureza, da
fertilidade e da abundância;
O MARRON simboliza o terrestre, o humilde e pobre;
O BRANCO é a harmonia, a paz, a cor do divino que
representa a luz que se avizinha;
Muitos ícones trazem a inscrição ICXC, forma grega
abreviada de Cristo.
Também Ø O N, significando ‘’aquele que é’’, aparece
nas auréolas (forma circular sobre as cabeças dos santos);
Abundancia do dourado: a luz é divina.
Arte Gótica
Foi um período de grande rebuscamento artístico e fez a transição entre
a Idade Média e o Renascimento artístico e cultural europeu, mas que serviu de
inspiração arquitetônica para estilos posteriores.
Contexto
Histórico
Entre momentos artísticos há as fases transitórias, que marcam as
mudanças de um estilo, ao outro que se inicia. Os renascentistas, tentaram
romper este elo com a arte Gótica, negando esta ligação estética. Exaltando um
compromisso visível com a antiguidade greco-romana, mas lembraremos aqui que a
Arte Gótica também buscou esta inspiração.
Os mesmos, de forma preconceituosa, descreveram o período como sendo de
escuridão, de trevas. E ainda, como arte dos Godos, arte de “bárbaros”, daí a
origem do termo “gótico”, para os renascentistas, uma arte considerada de mau
gosto, exótica, carregada de apelos decorativos e exagerados - no tamanho das
igrejas, na altura de suas torres e profusão de vitrais. O estilo surgiu
inicialmente na França, no final do século XII, em paralelo à Arte Românica.
Difundiu-se progressivamente por toda a Europa, impondo novas soluções
arquitetônicas, e permaneceu em alguns territórios até o século XVI.
Com o declínio da vida agrícola e a
desintegração do feudalismo, surgiu um surto de urbanização; nesse momento, as
cidades se encontravam mais livres para novos experimentos. Cada cidade da
Europa ocidental tratou de erguer uma catedral cuja torre fosse a mais alta
possível, assim haveria uma “maior aproximação de Deus”, mas também como uma forma
de competição entre as cidades.
Os construtores passaram a ser mais reconhecidos, surgindo, uma nova
profissão, a de mestre de obras. As construções das igrejas já não estavam
somente a cargo do clero, mas, também, nas mãos de homens laicos que se expressavam
mais livremente. Exemplo disso é a escultura do anjo com sorriso enigmático da
Catedral de Reims, em Paris, fugindo da solenidade nas expressões típicas
medievais.
Imagem da fachada da Catedral de Reims. Extraída do livro arte Gótica,
p. 9.
CARACTERÍSTICAS
üArquitetura:
Contrariando os sólidos
edifícios da Arte Românica, a arquitetura gótica possuía mais delicadeza, sugerindo
maior proximidade do céu por seus altos arcos ogivais, abóbadas e torres que a
tecnologia da época já permitia. Estas construções deveriam sobressair-se de
todas as outras do entorno.
A principal característica da
arquitetura gótica é o predomínio da verticalidade sobre a horizontalidade.
As altas construções se
libertaram das paredes grossas e passaram a apresentar paredes mais finas, com
enormes vitrais e rosáceas.
As colunas de pedra
sustentavam o peso do teto, graças à utilização de elementos mais elaborados,
tornou-se possível a construção das mais altas e exuberantes catedrais do
período.
O nome catedral surgiu da palavra
"cátedra", uma cadeira de espaldar alto, onde se senta o bispo para
presidir as celebrações solenes.
O Gótico francês:
A
Catedral de Notre-Dame (1136-1272), uma das mais antigas de Paris. Foi construída
com ajuda de doações da população. O edifício é consagrado à Virgem Maria, mãe
de Jesus, e apresenta uma variedade de estilos que se deve à participação de
inúmeros arquitetos durante sua longa construção. Mas no dia 15 de abril de
2019, ela pegou fogo. Ficou em chamas até o teto e sua torre central desabarem. O telhado, chamado de “floresta”, porque teve mais de 1.400
árvores de mais de 300 anos, usadas para sua construção, está sendo
reconstruído e restaurado. A Imagem
da Catedral de Notre-Dame.
Os ensinamentos bíblicos
encontram-se representados por toda a igreja, nas esculturas, nos entalhes e
nos vitrais. Os portais de entrada representam a obra de Cristo e se convertem
em uma imensa proclamação de otimismo.
A imagem mostra umas das
muitas e diferenciadas quimeras ou gárgulas do telhado da Catedral, Lemos, p.
15. Há a crença que essas esculturas de pedra tinham a função de guardar e
defender simbolicamente o local, além de servir de objeto de escoamento de água
das chuvas.
O Gótico italiano
Foi
na Catedral de Milão (1386-1813) que o gótico italiano adquiriu toda o seu
esplendor: conhecido como Gótico Flamejante. Toda feita em mármore, com
exterior apresentando exuberante decoração, levando ao extremo o aspecto estético
do estilo gótico. Em dimensão, é uma
das maiores igrejas góticas construídas com 157
m de comprimento e 109 m de largura. A verticalidade é acentuada
pelos contrafortes que terminam em agulhas. Estas sustentam figuras de santos,
e na agulha central encontra-se a figura da Madona. A catedral é atualmente um
importante ponto turístico de Milão, a visitação inclui o espaço interior e
ainda é possível vislumbrar toda a cidade do alto de seus terraços. Acima, Imagem
da Catedral de Milão.
O Gótico inglês
A Catedral de Canterbury foi
uma das primeiras criações do estilo gótico inglês, considerada a igreja-mãe da Comunhão Anglicana,
tendo sido reconstruída em 1174, após um incêndio. Em sua reconstrução foram
usadas múltiplas molduras para a decoração das formas arqueadas e verticais e a
aplicação de pilastras decorativas. O gótico inglês se diferencia do francês
também por conferir maior importância à ornamentação.
Um exemplo disso é o teto do claustro que vemos na imagem ao lado; uma série de
nervuras se abre como um leque até alcançar o teto, formando a abóbada em
cálice. O efeito é extraordinário, é algo como andar por uma alameda repleta de
palmeiras, como verificamos na imagem.
O
arco ogival é um arco quebrado, formado por curvas que se encontram em
um ângulo ligeiramente agudo, pontudo. Desempenha um papel fundamental na
estrutura das construções góticas. Quando utilizado no teto, são cruzados,
formando as abóbadas; nas janelas, a ogiva se transforma em motivos
ornamentais, criando uma verticalidade estrutural e mística, símbolo entre o
humano e o divino. Na imagem ao lado, vemos alguns exemplos de molduras com
formatos geométricos e florais onde os vidros devem ser encaixados, formando os
vitrais. imagem de modelos de arcos ogivais, Lemos, p.23.
Vitrais
Os
vitrais substituíram a pintura mural como ornamentação da iconografia
religiosa. Concebidos com a finalidade de iluminar o ambiente, suas cores
filtram a luz solar e criam milhares de manchas coloridas com significado
espiritual, transformando a igreja em um espaço místico propício ao
recolhimento e à prece.
Técnica:
recortando os vidros coloridos em pedaços pequenos, de acordo com as
necessidades do desenho. Posteriormente, uni-os com uma fita de chumbo que, ao
mesmo tempo, cria o contorno.
Muitos
acreditam que a Catedral de Chartres é um dos conjuntos mais completos do que
deve ser a verdadeira catedral gótica. Os vitrais da catedral, colocados em
paredes de pedra, são gigantescos manuscritos transparentes e iluminados. Eles
contam a história da Bíblia e da vida cotidiana de pessoas que foram doadoras,
que contribuíram para a confecção do grande número de janelas. Vitrais da Catedral de Chartres, Lemos, p.24.
Rosácea:
A rosácea é um ornamental muito
utilizado catedrais. Trata-se de uma abertura
circular, uma janela, onde um desenho geométrico de forma circular, imitando
uma flor é preenchido com vidro colorido, deixando passar a luz.
üEscultura:
A escultura passou a ter maior autonomia em relação à arquitetura. Eram
verdadeiros documentos que registravam as transformações do período. O homem,
que passou a ser a medida de todas as coisas, emprestou às divindades suas
formas e roupagens, humanizando-as. Na imagem abaixo as esculturas das
arquivoltas, têm proporções reduzidas para que seu volume não destrua o ritmo
da ogiva. As pesquisas mostram
que as esculturas das catedrais eram pintadas com um colorido vivo e brilhante.
Nossa Senhora aparecia em dourado, os demônios em negro, os anjos sempre na cor
branca e as roupas dos santos sempre muito coloridas. Esse colorido não chegou
até nós devido à ação do tempo. Imagem
das esculturas do portal central da Catedral de Chartres, Lemos, p.18.
Essas
estátuas-colunas apresentam características naturalistas com uma expressividade
individual. Os pregueados das túnicas caem sobre os corpos de maneira variada,
dando movimento e leveza às obras.
Para substituir as
configurações lineares e duras das décadas anteriores, os escultores buscaram
recursos estilísticos na origem clássica.
imagem de anjo sorridente da
porta central, ao lado direito, no conjunto da Anunciação e Visitação, Catedral
de Reims, Lemos p.20.
Pintura:
A pintura gótica abre um novo
capítulo na história da arte, marcando a transição da Idade Média para o
Renascimento. Em suas obras, os artistas transmitiam uma maior percepção do
espaço tridimensional e grande expressividade na emoção humana.
A pintura foi a última
manifestação artística a assimilar o estilo gótico. A pintura gótica surgiu na
Itália, no final do século XIII, pelas mãos do artista Giotto di Bondone
(1267-1337), discípulo de Cinni di Pepo (conhecido por Cimabue) (1240-1302), primeiro pintor a
receber a influência da arte clássica e a libertar a pintura italiana do
geométrico estilo bizantino. Em sua obra, a figura atinge proporções mais
próximas da realidade, além de não abandonar a sinuosidade das linhas e criar
uma maior percepção do espaço físico.
Giotto foi considerado um
inovador da pintura italiana e o precursor do Renascimento, tendo criado sua
própria linguagem expressiva para comunicar os conteúdos sagrados. Seus
afrescos eram pintados nas paredes da igreja contando a vida de Cristo a partir
de uma sequência narrativa, como uma verdadeira história em quadrinhos em
tamanho grande.
A obra “O beijo de Judas, é
um afresco pintado cerca de 1304-1306”, faz parte do conjunto de afrescos da Capela Arena,
em Pádua, Venêto, Itália.
Vídeo que descreve a Arte Gótica, por Fredson Reinaldo, do Curso de Artes Visuais da UFMA.
VAMOS PRATICAR?
Questão 1 (FAPERP 2011)
A
Idade Média foi considerada a "Idade das Trevas" graças a guerras,
invasões bárbaras, crises e desigualdades sociais, mas esta terminologia
negativa não faz jus às grandes criações artísticas que também aconteceram
nesta época. Analise as afirmações abaixo que dizem respeito à arte bizantina:
I-
Construções com cúpulas muito altas, levando a sentimentos de universalidade e
poder absolutos.
II-
Construções muito pesadas, baixas, com muitas janelas.
III-
Colunas com capitéis decorados e mosaicos ricamente trabalhados.
IV-
Igrejas espaçosas e muito grandes com cúpulas cobertas de decorações suntuosas.
Assinale
a alternativa que contempla todos e somente os itens corretos.
a)I e II
b)I, II e III
c)I, II e IV
d)I, III e IV
Resposta: Letra D
Questão 2 (FAPERP 2011)
A cultura
romana deixou inúmeras colaborações para as gerações futuras, entre elas, a
invenção do cimento, os códigos legislativos, o saneamento, a água encanada, os
arcos e as abóbadas. Com relação a estes últimos, podemos afirmar que:
a)As abóbadas não foram importantes para a
arquitetura.
b)Os arcos e abóbadas possibilitavam
construções com maiores vãos livres.
c)Os arcos não trouxeram grandes mudanças para
a arquitetura.
d)Os arcos serviam apenas para decorar as
construções.
Resposta: Letra B
Questão 3 (Ufsm-Unipampa
2007)
As igrejas góticas - a exemplo da Catedral de Notre Dame -
começaram a ser construídas no século doze e estão relacionadas com um momento
histórico caracterizado pelo(a)
a) declínio da tecnologia e das cidades comerciais, em decorrência
da desagregação do Império Romano.
b) papel das ordens monásticas na estagnação da cultura, da
tecnologia e da economia das sociedades feudais.
c) desenvolvimento comercial, pelo enriquecimento das cidades e
pelo declínio da Igreja como elemento organizador do mundo medieval.
d) desenvolvimento das cidades, em função da atividade comercial,
e pelo papel da Igreja como polo de poder político e cultural.
e) desestruturação do mundo feudal, provocada por meio do
renascimento comercial, pelo declínio das monarquias e pela decadência política
e cultural da Igreja.
Resposta:
Letra D
Questão 4 (Enem
2014)
A filosofia encontra-se
escrita neste grande livro que continuamente se abre perante nossos olhos (isto
é, o universo), que não se pode compreender antes de entender a língua e
conhecer os caracteres com os quais está escrito. Ele está escrito em língua
matemática, os caracteres são triângulos, circunferências e outras figuras
geométricas, sem cujos meios é impossível entender humanamente as palavras; sem
eles, vagamos perdidos dentro de um obscuro labirinto. GALILEI, G. O ensaiador. Os pensadores. São Paulo: Abril Cultural,
1978. No contexto da Revolução Científica do século XVII,
assumir a posição de Galileu significava defender a
a)continuidade do vínculo
entre ciência e fé dominante na Idade Média.
b)necessidade de o estudo
linguístico ser acompanhado do exame matemático.
c)oposição da nova física
quantitativa aos pressupostos da filosofia escolástica.
d)importância da
independência da investigação científica pretendida pela Igreja.
e)inadequação da
matemática para elaborar uma explicação racional da natureza.
Resposta:
Letra C
Galileu, a partir de seus estudos astronômicos e
físicos, defendia o heliocentrismo que ia de encontro com a filosofia medieval.
Questão 5 (Fac. Cultura Inglesa SP/2015)
A
catedral é uma igreja urbana. Ela domina a cidade e observa tudo o que se
produz e se troca em uma aglomeração que fora dela é só emaranhado de ruelas,
de cloacas e de imundícies. A cidade é concentrada, estreita. A catedral é toda
aberta. Ela é uma demonstração de autoridade. Ela fala da soberania do
Cristo-Rei por meio de suas fachadas que têm a aparência de fortalezas e por
meio de suas torres que prolongam as fachadas. A catedral é a afirmação que a
salvação é alcançada na ordem e na disciplina, sob o controle do poder do
bispo.
(Georges
Duby. A Europa na Idade Média, 1984. Adaptado.)
O excerto refere-se ao renascimento das cidades na
Idade Média europeia e à emergência
a) da
construção de igrejas e do surgimento de novas religiões cristãs.
b)da
arte gótica e do fortalecimento do poder da hierarquia eclesiástica.
c)da
igreja românica e da confirmação do poder dos senhores feudais.
d)da
arquitetura barroca e da catequização cristã dos povos pagãos.
e)da
basílica neoclássica e do retorno do cristianismo às suas origens.
Resposta: letra B
QUESTÕES DE PROVAS JÁ APLICAS QUE SE
RELACIONAM AO CONTEÚDO:
Questão 6 (Enem
2012)
Lord Willingdon's Dilemma
(Disponível em: www.gandhiserve.org. Acesso em: 21 nov.2011.)
O cartum, publicado em
1932, ironiza as consequências sociais das constantes prisões de Mahatma Gandhi
pelas autoridades britânicas, na Índia, demonstrando
a)a ineficiência do sistema judiciário inglês
no território indiano.
b)o apoio da população hindu à prisão de
Gandhi.
c)o caráter violento das manifestações hindus
frente à ação inglesa.
d)a impossibilidade de deter o movimento
liderado por Gandhi.
e)a indiferença das autoridades britânicas
frente ao apelo popular hindu.
Resposta: Letra D
Questão 7 (Enem
2009)
A figura expressa o conflito que se arrasta por décadas
no Oriente Médio, mais especificamente na região da Palestina. A alternativa
que melhor explica o motivo do conflito é:
a) Depois do fim da Guerra Fria, cada grupo tenta impedir
que o outro tenha acesso aos armamentos nucleares.
b) Os judeus acreditam possuir direitos históricos sobre a
região, enquanto os palestinos afirmam possuir direitos adquiridos pela longa e
contínua permanência no local.
c) O fator que motiva a ocupação da Palestina é o desejo de
controlar a extração de petróleo nesse local e assumir maior poder de
negociação frente às grandes potências atuais: Estados Unidos, China e União
Europeia.
d) As caveiras ilustradas na figura simbolizam o grande
número de mortes provocadas pelo conflito, da ordem de milhões de indivíduos.
e) Os balões da figura indicam que, tanto as questões
religiosas como as econômicas, seriam facilmente solucionadas caso os dois
grupos falassem a mesma língua.
Resposta: B
A figura retrata o conflito entre judeus e palestinos
pelo território da Palestina, atual Estado de Israel. No ano 70 d.C., os judeus
foram expulsos pelas forças do Império Romano, iniciando sua dispersão pelo
mundo. Já os palestinos são árabes, que ocuparam a região no século VII. No
século XIX, surgiu na Europa o movimento sionista, que defendia a volta do povo
hebreu para a Palestina. Esse movimento culminou em 1948 com a criação de
Israel, tornando os palestinos um povo sem pátria.
Questão 8 (PUCCamp SP/2014)
A civilização
islâmica desempenhou um importante papel na história da matemática não só por
ter preservado a sabedoria antiga, mas também por tê-la desenvolvido. O seu
papel foi inovador na álgebra, graças ao uso da
numeração árabe e do zero. A matemática foi usada pelos sábios islâmicos com
objetivo religioso, como a elaboração do calendário e o cálculo da qibla, ou
seja, da orientação da cidade sagrada de Meca no sentido da qual se devem
realizar as orações.
(Adaptado
de: pt.wikipedia.org/wiki/Ciência_islâmica)
O conhecimento histórico
e o texto permitem afirmar que, além da importante contribuição deixada por
essa civilização,
a) dentre
os legados dos árabes da Baixa Idade Média e que se mantêm na vida
contemporânea, destaca-se a idealização e a valorização do trabalho manual em
todas as dimensões.
b)as
atividades econômicas de mercadores e banqueiros árabes na Europa ocidental
favoreceram o surgimento de valores culturais e científicos que marcaram todo o
mundo Moderno.
c)as
traduções árabes, estudadas na Europa medieval, propiciaram a sobrevivência da
cultura clássica greco-romana, o que contribuiria para dar origem ao
Renascimento.
d)o
Islamismo exerceu uma grande influência sobre as civilizações posteriores,
principalmente no que se refere à organização social mais igualitária e à
estrutura administrativa.
e)a
civilização muçulmana, ao difundir a cultura oriental por vasto território do
mundo antigo, contribuiu para preservar as noções de cidadania e de direito,
que embasam a cultura ocidental.
Resposta: letra C
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BOZZANO, Hugo. Arte em Interação. São Paulo: Ibep,
2013.
FERRARI,
Solange dos Santos Utari. Arte por toda
parte: volume único. 2. Ed. São Paulo: FTD, 2016.
GOMBRICH, E. H. A história da arte. Rio de Janeiro: LTC Livros Técnicos e
Científicos, 1995.
HOUSER, Arnold. História Social da Arte e da Literatura. São
Paulo: Martins Fontes, 1998.
LEMOS, Sueli. Arte Bizantina: arte na Idade Média. São Paulo:
Instituto Callis, 2013.
____________. Arte Gótica: arte na Idade Média. São Paulo:
Instituto Callis, 2013.
____________. Arte Islâmica: arte na Idade Média. São Paulo:
Instituto Callis, 2013.
____________. Arte Românica e Bárbara: arte na Idade Média. São
Paulo: Instituto Callis, 2013.
MARIOTTO, Gladys. Arte, leitura de mundo. Curitiba, PR: Expoente,
2011.
REIS, Eliana
Vilela dos. Manual compacto de Arte – ed. Rideel – 2010.
* Texto produzido para a Plataforma Gonçalves Dias, preparatório pré vestibular do Governo do Estado do Maranhão em 2020.