domingo, 18 de setembro de 2022

A Importância da pesquisa cientifica em Artes na escola contemporânea




Devemos ter consciência que a prática de ensino está situada de acordo com as constantes transformações da vida cotidiana e assim, o professor deve manter-se atento às mudanças que a sociedade impõe, que vêm acontecendo de forma cada vez mais rápida, na realidade contemporânea.

Neste sentido, a pesquisa no ambiente escolar é um caminho para a observação dessas mudanças, para visualização de problemas e a proposição de soluções, através de ações que relacionem a prática educacional à realidade social e cultural do aluno.

Pelo regimento que ampara o ensino da arte em sua importância para o estudo da cultura, cabe ao professor, em sua plena formação e aquisição de competências, garantir ao aluno a aplicação dos conteúdos aliados à pesquisa e aplicação de projetos que as direcionem. Por isso, situar-se em constantes atualizações, haja vista os avanços tecnológicos e o acesso a novas mídias. É quando a arte passa a instigar maior participação ou respostas mais imediatas de seu público, principalmente, por este momento histórico manter-se interligado culturalmente, ao ponto do “mundo de percepção do aluno não estar mais restrito ao seu meio”, extrapola o ambiente do lar, da escola e do bairro em que vive (ANDRÈS, 2000, p.150).

Assim, Ferraz e Fusari apontam uma preparação singular do professor de arte e já insere a arte como um diferencial analítico nos conteúdos: linguagens, códigos e suas tecnologias, “nossa competência é incluir e educar a capacidade de julgar, avaliar as atividades e as experiências em todas as linguagens consideradas como meios de comunicação e expressão (1999, p.44).

Dewey visualizou uma educação que desse condições para os alunos tomarem consciência para a resolução de problemas por si mesmos, provocando iniciativa e autonomia, produzindo resultados, estreitando relações entre teoria e prática.

Teorias adotadas pelo educador Anísio Teixeira em seu livro Educação e o Mundo Moderno, onde aponta que este tipo de educação pautada na experiência,


“representa uma reconstrução dos esforços de Dewey para integrar indivíduos e sociedade, trabalho e jogo, mente e corpo, criança e currículo, o espontâneo e o reflexivo, o natural e o social, sentidos e inteligência, ciência e humanismo, ação e reflexão, cultura e eficiência, autoridade e liberdade, disciplina e interesse, o subjetivo e o objetivo, o saber e o fazer, teoria e prática, o precário e o estável, e assuntos referentes à realidade brasileira imediata” (BARBOSA, 2001, p. 63). 

A pesquisa dentro da escola visa nortear educadores de arte e seus alunos, em atividades que se baseiam exatamente nesse pensamento de Dewey e ainda no de Nicolas Bourriaud que pondera a união da práxis e poiésis, teorizadas por Marx, que visa a “totalização da experiência (...) mesclando produção e produto em um dispositivo de existência” (Dewey, 2010, p.68).

Santos, em sua obra Pela mão de Alice, aborda a importância da pesquisa e da ciência dentro da universidade, porém havemos que ponderar que a pesquisa científica pode estar presente na educação básica também. Sentimos a necessidade de ampliar para todas as instâncias educacionais a consideração de que

 

É cada vez mais importante fornecer aos estudantes uma formação cultural sólida e ampla, quadros teóricos e analíticos gerais, uma visão global do mundo e das suas transformações de modo a desenvolver neles o espírito crítico, a criatividade, a disponibilidade para a inovação, a ambição pessoal, a atitude positiva perante o trabalho árduo e em equipe, e a capacidade de negociação que os preparem para enfrentar com êxito as exigências cada vez mais sofisticadas do processo produtivo. (p. 198, 2010). 

A pesquisa na educação básica otimiza a produção do conhecimento, permite ao alunos exercitarem a busca de respostas, valoriza suas experiências prévias, projeta caminhos, rompe barreiras entre o conhecimento empírico e o conhecimento científico.

Importância do conhecimento popular o empírico para o conhecimento cientifico.

            Entendemos como conhecimento popular ou conhecimento comum, dos saberes disseminados sem comprovação advindas por uma tese (caso do conhecimento científico), sendo reduzido de forma costumeira como mera informação. Segundo Lakatos, “O destinatário desse tipo de informação popular é o que se pode chamar de grande público; ele não se ocupa em investigar profundamente a validez das informações” (p.85, 2018). É ainda, o que o filósofo, que estudou a fenomenologia das relações sociais, Alfred Schutz chamou de conhecimento tácito, fundamental para lidarmos com as incontáveis situações diárias que constituem a vida social, pois a mesma se baseia em um sentido comum do que é real, principalmente no conhecimento contido na cultura.

Abbagnano (p. 205, 2012) conceitua o conhecimento, de forma geral, como “uma técnica para a aferição de um objeto”, objeto este que possibilite a descrição, o cálculo ou a previsão verificável, onde a técnica pode ter os mais diversos graus de eficiência.

Devemos considerar a importância de todas as formas de conhecimento, elas se cruzam à medida o objeto de interesse surge até a aferição de sua existência, como cita o autor, é quando uma tese se apresenta em suas complexidades, surgindo assim, uma fonte de pesquisa.

O conhecimento é costumeiramente dividido em diferentes campos: conhecimento popular, filosófico, religioso e cientifico. Porém, o conhecimento cientifico diferencia-se dos demais, não pelo seu objeto de estudo, mas pela forma como o mesmo é obtido.

Porém, defendemos que o conhecimento empírico é uma importante base para o pensamento e a sociabilidade, por isso precede o conhecimento científico, pois muitas pesquisas e comprovações científicas surgiram de forma a esclarecer dúvidas em relação ao conhecimento popular.

É ainda o conhecimento referenciado por Marilena Chauí quando cita o pensamento de John Locke: “De onde procede todo o material da razão e do conhecimento? Responde em uma só palavra: da experiência. Todo nosso conhecimento se baseia nela e dela provém em última instância” (apud, Chauí, p. 129, 2006)

Como se formam os conhecimentos? Por um processo de combinação e associação dos dados da experiência. Por meio das sensações, recebemos as impressões das coisas externas; essas impressões formam o que Locke chama de ideias simples. (Chauí, p. 129, 2006).

 Reconhecemos, assim, que toda forma de conhecimento é válida e necessária. Os conhecimentos formam as bases de nossas relações sociais e se entremeiam trazendo sentido à nossa existência.

 

 

REFERÊNCIAS

ABBAGNANO. Dicionário de Filosofia. 6ª ed. São Paulo: Martins Fontes, 2012.

ANDRÈS, Maria Helena. Os caminhos da Arte. 2° ed. Belo Horizonte: C/Arte, 2000.

BARBOSA, Ana Mae. John Dewey e o ensino da arte no Brasil. São Paulo: Cortez, 2001.

_________________ Tópicos utópicos. Belo Horizonte: C/Arte, 1998.

BOURRIAUD, Nicolas. Formas de vida: a arte moderna e a invenção de si. São Paulo: Martins Fontes, 2011.

CHAUÍ, Marilena. Convite à Filosofia. 13ªed. São Paulo: Ática, 2006.

DEWEY, J. Arte como experiência. São Paulo: Martins Fontes, 2010,

FERRAZ, Maria Heloísa Corrêa de Toledo. Metodologia do ensino de arte. São Paulo: Cortez, 1999.

JOHNSON, Allan G. Dicionário de Sociologia: guia prático da linguagem sociológica. Rio de Janeiro: Jorge Zaar, 1997.

LAKATOS. Eva Maria e MARCONI, Marina de Andrade. Metodologia do Trabalho Científico. 8ª ed. São Paulo: Atlas, 2018..

SANTOS, Boaventura Sousa. Pela mão de Alice. 13. Ed. São Paulo: Cortez, 2010.

 

 


sábado, 18 de junho de 2022

A produção feminina nas Artes Visuais

 

A arte no Ensino Médio, pode trazer temas transversais que trabalhem  questões de gênero.

Assim, indico a abordagem de  conteúdos que tratatem da arte moderna,  onde o relato de Luciana Loponte, 2013, faz rememorar a forma que fizemos menção às produções femininas da arte no Período Impressionista, onde comumente se destacam nomes como Claude Monet, Pierre August Renoir e Edgar Degas, conseguimos trabalhar a arte de artistas como Berthe Morisot, Marie Bracquemond Mary Cassatt  Georgina Albuquerque, raramente citadas nas produções bibliográficas especializadas. A autora questiona rótulos e sub julgamentos à arte produzida por mulheres, como o termo “arte feminina”, por nenhuma revolução das artes plásticas terem sido estranhas às mulheres (p.10). Assim, podemos propor experiências, trabalhando produções que tragam questões de gênero sem nos determos no feminismo ou machismo, mas reconhecendo o trabalho de artistas “esquecidas” estruturalmente dentro de uma sociedade.

Vídeo produzido por Liviane Oliveira, então estagiária na disciplina de arte do Iema Up São Luís, em 2021.


Ver artigo "Artes visuais, feminismos e educação no Brasil: a invisibilidade de um discurso" de Luciana Gruppelli Loponte, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul.