quinta-feira, 22 de abril de 2021

leitura de imagem

OS ELEMENTOS QUE PODEMOS PERCEBER AO VISUALIZAR UMA IMAGEM


"Como as imagens são construídas? Como podemos formar imagens? Quais são os elementos da linguagem visual? Se prestarmos atenção a um desenho, veremos que nele há pontos, linhas e cores. As formas em artes visuais são constituídas por pontos, linhas, planos, cores, que chamamos de elementos da inguagem visual. Ao combiná-los entre si, podemos criar imagens." (Blog do professor Everaldo, Point da arte)

Ao visualizarmos uma imagem, estamos lendo ela, percebendo seus detalhes, associando elementos, confrontando nosso gosto. Lemos os detalhes de uma imagem, como tambem lemos as letras que formam um texto.

Os textos também podem se apresentar associados a imagens, e estas, dizem muito sobre ele. Por exemplo em uma prova, cuja questão tenha uma imagem ilustrativa ou um gráfico, uma caricatura,  ou uma foto. Se fizer a leitura da imagem antes de ler o texto enunciado, essa facilitará na compreensão do mesmo. Por isso,  observe bem as imagens, busque aumentar sua percepção diante de figuras.

A comunicação visual, através da leitura de imagem, traz elementos que precisam ser identificados e compreendidos em nosso processo de observação. São eles: o ponto, linha, direção, forma, textura e cor. 

Na leitura de imagem ainda acrescentamos elementos que fundamentam sua percepção, como perspectiva, composição e disposição dos elementos, relação figura e fundo.

E, finalizamos com as análise psicológicas da obra que agregam os contextos sócio-culturais de uma época, na interpretação de cada artista e, por fim, nossa própria percepção como fruição e consumo da arte.

VAMOS CONHECER CADA UM

PONTO - sinal gráfico mínimo e elementar, que em fila forma uma linha ou ordenados dão formas gráficas às imagens. Multiplicados, ampliam seu poder de comunicação e expressão, bem como, sua disposição, distanciamento e cor sobre uma superfície, sugerem ideias, sensações, movimento, ritmo, luz, sombra e volume.

Tarde de Domingo na Ilha de Grande Jatte, 1884 - 1886 - Georges Seurat
Tarde de Domingo na Ilha de Grande Jatte, 1884 - 1886 - Georges Seurat
Obra do Estilo "Pontilhismo", onde pingos de tinta aplicados com a ponta do pincel, formavam a imagem.
O artista brasileiro, renomado mundialmente, criou em 1994 a imagem da atriz norte americana Elizabeth Taylor apenas posicionando diamantes.

LINHA - É uma sucessão de pontos, quando traçada com a ajuda de qualquer instrumento sobre uma superfície, chama-se linha gráfica. As linhas definem as formas e as figuras, é o sinal mais versátil e essencial do desenho, pois pode sugerir sentimentos, movimento, ritmo, direção, velocidade.

Desenho de Oscar Niemeyer para a Praça Maria Aragão, em São Luís

Na década de 1940, o norte americano Jackson Pollock explorou o uso de linhas em suas obras, estas obtidas pela disposição de fios de tinta dispostos sem auxílio de pincéis sobre a superfície do suporte (da tela).


Há também as linhas nas escritas que compõem as obras do artista brasileiro, Arthur Bispo do rosário...


Percebemos as linhas dispostas na paisagem urbana nos que circundam, exploradas na fotografia do modernista brasileiro Geraldo de Barros...

Há muitos tipos de linha. Cada tipo sugere uma sensação diferente:

RETA. A linha reta traçada de maneira firme, contínua, pode dar uma impressão de rigidez e dureza; CURVA. A linha curva, traçada da mesma maneira, pode sugerir suavidade e sinuosidade; VERTICAL. Indica equilíbrio. Aparece em muitas obras de arte como expressão de espiritualidade e elevação; HORIZONTAL. Indica repouso. Também pode expressar quietude; INCLINADA. Faz parecer que algo satã prestes a se movimentar. Sugere instabilidade, movimento; QUEBRADA Indica movimento, forma combinando linhas retas; ONDULADA é um tipo de linha curva, sugere movimento suave e rítmico; ESPIRAL indica um movimento envolvente, que vai do centro para fora ou o contrário, também é um tipo de linha curva.

FORMA - Em artes visuais, existem três formas básicas: o quadrado, o círculo e o triângulo equilátero. Cada forma possui características específicas e a cada uma delas se atribui grande quantidade de significados. Todas as formas básicas são figuras planas e simples, a partir da combinação e variações dessas três formas derivamos todas as formas físicas da natureza e da imaginação humana.

O artista Alexander Calder, explorou os elementos entre linha e a forma em suas esculturas e móbiles.

“Vaca”, Alexander Calder, 1929.

Já no brasileiro Alfredo Volpi, a forma compõe as suas pinturas abstraindo e geometrizando as imagens, as paisagens e os objetos.

“Itália”, 1986, Alfredo Volpi, conhecido como o pintor das bandeirinhas.


A artista Beatriz Milhazes trabalha a forma em suas pinturas que misturam a colagens.

“Beleza pura”, Beatriz Milhazes, 2006


DIREÇÃO - Todas as formas básicas expressam três direções visuais básicas e significativas: o quadrado, a horizontal e a vertical; o triângulo, a diagonal; o círculo, a curva.

TOM - intensidade da obscuridade ou claridade de qualquer coisa vista, perceptível graças à presença ou ausência relativa de luz. Em artes visuais, quando falamos de tonalidade fazemos referência a algum tipo de pigmento ou tinta usada para simular o tom natural.  Observamos as policromias e aceitamos as monocromias (nas imagens: tons variáveis de uma cor e exemplo de escalas tonais).

A arte de Pablo Picasso expressou dois períodos que evocavam extremos sentimentos na vida do artista: A Fase azul e a Fase rosa. A fase azul, teve sua origem no suicídio de um amigo em 1901, o que o deixou cheio de dor e tristezaA cor emite significados psicológicos e emotivos para nós.

Poor People on the Seashore  ou Tragedy, 1903. National Gallery of Art, Washington.

O artista contemporâneo Cildo Meireles, em sua arte conceitual, criou esta instalação monocromática de móveis e objetos em tons de vermelho, reunidos como se fosse a "decoração permanente" de 3 ambientes.

"Aberta a uma série de simbolismos e metáforas, desde a violência do sangue até conotações ideológicas, o que interessa ao artista nesta obra é oferecer uma seqüência de impactos sensoriais e psicológicos ao espectador: uma série de falsas lógicas que nos devolvem sempre a um mesmo ponto de partida." (Arts&ulture).

Desvio para o vermelho, Cildo Meireles, Inhotim, em Minas Gerais.

Na natureza a cor é um fenômeno físico, não existe em si, é gerada pela luz, ou seja, o que percebemos como cor é uma forma de reflexo. De acordo com o físico Isaac Newton, aparentemente branca, a luz solar ou artificial se decompõe em sete cores, mesmo fenômeno que percebemos no arco-íris. À cor também são atribuídos inúmeros significados simbólicos, escolhemos a cor de nosso ambiente e de nossas manifestações.

COR - A cor é uma experiência visual importante e possui dimensões que podem ser definidas e medidas: Matiz ou croma é a cor em si e existe em número superior a cem, existem três matizes primárias ou elementares: amarelo, vermelho e azul e as cores secundárias obtidas através de suas misturas: laranja, verde e violeta. As cores se organizam de acordo com a relação entre três cores principais (primárias) e suas combinações (secundárias, terciárias...), cada cor possui sua cor complementar (oposta da posição no círculo cromático), quando próximas, se reforçam mutuamente.



Na obra de Vincent Van Gogh vislumbramos sua maestria na experiência com a linha, a cor e a textura em todas as suas obras...

Campo de trigo com corvos”, ultima obra feita por Vincent Van Gogh, em julho de 1890

O artista Yves Klein criou e patenteou sua própria cor "Azul Klein", a apresentou em uma performanse onde modelos "banhadas" com a tinta, imprimiam suas formas nas telas que seriam vendidas na exposição.


TEXTURA - É o elemento visual que serve para substituir as qualidades do tato, é caracterizada pelo entrelaçamento das fibras que compõem uma superfície. Apresenta variações podendo ser enrugada, ondulada, granulada, acetinada, aveludada, etc.

Vamos falar de textura abordando o brasileiro multifacetado Vik Muniz...


Releu a Monalisa de Leonardo Da Vinci usando geléia de morango e pasta de amendoim

Criou a imagem de um soldado usando soldadinhos de plástico coloridos, aqueles brinquedos facilmente encontrados na lojas. 

A obra mais célebre entre os conterrâneos, pois foi utilizada na abertura da novela da Rede Globo "Passione", seu trabalho criando obras a partir do lixo foi detalhada no documentário que concorreu ao Oscar "Lixo extraordinário"

É possível que uma textura não apresente qualidades táteis, mas apenas óticas. Onde há uma textura real, as qualidades táteis e óticas coexistem, porém, permitem à mão e ao olho sensações individuais.

ESCALA - Os elementos visuais são capazes de se modificar e se redefinir uns aos outros, esse processo é conhecido por escala. Em outras palavras, “o grande não pode existir sem o pequeno”. A escala não apresenta valores absolutos, pois variações podem ser livremente estabelecidas entre o tamanho relativo das pistas visuais, com o campo e com o meio ambiente.

The Listening Room de René Magritte, 1952. 

No desenho da figura humana adulta, a escala é medida por quantidades multiplicadas pelo tamanho da cabeça, entre 7 e 8 cabeças.

O homem vitruviano, desenho de Leonardo da Vinci, baseado no modelo idealizado pelo arquiteto romano Marco Vitruvio Polião para as proporções humanas,1492.


DIMENSÃO - suas representações em formatos visuais podem ser bidimensionais (comprimento e largura definem conjuntamente uma superfície plana) e tridimensionais (comprimento, largura e altura).

Obra “Garoto”, 2000, do artista Ron Mueck

No desenho, pintura, fotografia, cinema, televisão, a dimensão é ilusória, apenas implícita, o principal artifício para simulá-la é a perspectiva. Os efeitos produzidos pela perspectiva podem ser intensificados pela manipulação tonal e através do claro-escuro, a ênfase dos efeitos de luz e sombra.

PERSPECTIVA - é a técnica de representação do espaço tridimensional numa superfície plana, de modo que a imagem obtida se aproxime daquela que se apresenta à visão. Na história da arte, o termo é empregado de modo geral para designar os mais variados tipos de representação da profundidade espacial.

MOVIMENTO - como conhecemos não se encontra no meio de comunicação, mas no olho do espectador, através da “persistência da visão”, fenômeno no qual uma série de imagens imóveis com ligeiras modificações vistas pelo homem a intervalos de tempo apropriados, fundem-se mediante um fator remanescente da visão, criando a sensação de movimento. Um quadro, uma foto ou um tecido podem ser estáticos, mas a quantidade de repouso que, compositivamente, projetam pode implicar movimento.



Vega”, óleo sobre tela,  abstração geométrica de Victor Vasarely, 1956




“Zebras” Victor Vasarely, 1938." 

"Módulos” Maurits Cornelis Escher ", nesta obra a forma vai se modificando, da figuração à abstração à medida que vai se movendo lateralmente no espaço.