terça-feira, 5 de maio de 2020

A arte de RENASCER do clássico: Neoclassicismo

Cartaz do documentário do artista contemporâneo Vik Muniz, uma releitura da obra neoclássica, recriada com lixo em grandes dimensões e fotografada. O líder sindical Sebastião Carlos dos Santos, mais conhecido por Tião, foi retratado em pose igual à do quadro “A Morte de Marat” (1793), do francês Jacques-Louis David.

                   A Arte Neoclássica ou o Neoclassicismo, foi um movimento artístico que se refletiu na pintura, na escultura, na arquitetura e na literatura, surgiu na Europa por volta de 1750 e durou até meados de 1800, ou até o Romantismo. Repercutindo da vinda da Família Real para o Brasil,  com o Primeiro reinado.
Teve como objetivo resgatar os valores artísticos e culturais que tinham existido nas civilizações da Antiguidade Clássica, como por exemplo, na Grécia e em Roma.
O Neoclassicismo surgiu depois do Barroco e ao Rococó, contrariando-os. O desejo de recriar as formas da antiguidade greco-romana deveu muito, em grande parte, à curiosidade que existia pelo passado, que foi desencadeada pelas escavações arqueológicas de Pompeia e Herculano. As cidades romanas que tinham ficado soterradas pela lava depois da erupção do vulcão Vesúvio em 79 a.C.
A história da Arte Neoclássica faz com que os artistas, que foram influenciados pelo iluminismo e as suas ideias iluministas, que consistiam em usar a razão, o senso moral e o equilíbrio, em vez da emoção, para além de também inspirados pela pintura renascentista, principalmente, por Rafael, substituíram as linhas diagonais e curvas do Barroco pelas retas firmes e equilibradas.
Os neoclássicos queriam também expressar as virtudes cívicas, como o dever, a honestidade e a austeridade.
Todos estes temas se opunham diretamente às frivolidades da aristocracia, que tinha sido bastante retratada no período anterior.
Aqui, expressou valores próprios de uma nova e fortalecida burguesia. Burguesia essa, que assumiu o rumo da sociedade europeia pós Revolução Francesa, e que se manifestou, principalmente, com o império de Napoleão Bonaparte.
Jacques Louis David (1748-1825) foi considerado o pintor da Revolução Francesa, tendo se tornado mais tarde, o pintor oficial de Napoleão.


Juramento dos Horácios (1784), óleo sobre tela, 3,26 m x 4,2 m – obra do pintor francês Jacques-Louis David.
As obras de Jacques Louis David não só expressavam um vibrante realismo, como também algumas delas, exprimiam emoções fortes, como é por exemplo, o caso do quadro que retrata a morte do seu amigo Jean-Paul Marat.
A morte de Marat (1793), óleo sobre tela, 1,62 m x 1,28, Musées royaux des Beaux-Arts de Belgique em Bruxelas.
                  Foi já no século XIX, quando outras tendências artísticas influenciavam os pintores de então, como por exemplo, Jean Auguste Dominique Ingres (1780-1867), pintor que conservava uma forte influência neoclássica, que tinha sido herdada dos seus mestres.
Para além das composições mitológicas e literárias, a sua obra também é constituída por nus, retratos e paisagens. Sendo que a crítica moderna, vê nos seus retratos e nus, o seu trabalho mais incrível e admirável.
Isto porque, Ingres soube registar a fisionomia da classe burguesa da época, principalmente, o seu gosto pelo poder e a sua confiança na individualidade.

Júpiter e Thetis, 1811, óleo, 75 cm x 94 cm. Do pintor francês Jean Auguste Dominique Ingres, encontra-se exposta no Museu Granet, Aix-en-Provence, França.
Grande Odalisca, 1814, óleo sobre tela, 91 X 162 cm, também conhecido como Une Odalisque ou La Grande Odalisque, de Jean Auguste Dominique Ingres, exposta no Museu do Louvre em París.
                  Na escultura buscou inspiração na Antiguidade greco-romana. Usando para tal materiais considerados nobres, como por exemplo, o mármore ou o granito negro, e foi posta de forma simplesmente decorativa em fontes e em mausoléus. O maior exemplo da escultura neoclássica, foi o escultor italiano António Canova (1757-1822).

Antonio Canova
foi desenhistapintorantiquário e arquiteto italiano, mas é mais lembrado como escultor, desenvolvendo uma carreira longa e produtiva. Seu estilo foi fortemente inspirado na arte da Grécia Antiga. Suas obras foram comparadas por seus contemporâneos com a melhor produção da Antiguidade, e foi tido como o maior escultor europeu desde Bernini.


Perseu com a cabeça da Medusa (1797), 235 cm, mármore, Museu do Vaticano, Itália – obra do escultor italiano Antonio Canova
Detalhe da escultura de Perseu, cabeça da Medusa.


 

A arquitetura, o período destaca as construções civis, prédios públicos e nas construções religiosas, a arquitetura neoclássica, que seguiu sempre o modelo dos templos greco-romanos ou até mesmo dos edifícios renascentistas italianos. O que acabou por se caracterizar, no uso de fachadas sóbrias, onde se usavam colunas dóricas ou jônicas, que sustentavam frontões triangulares.

O Museu Britânico localiza-se em Londres e foi fundado em 7 de junho de 1753. A sua coleção permanente inclui peças como a Pedra de Roseta e os frisos do Partenon de Atenas. 
Assim como no BRASIL, o Maranhão?

No Brasil, o neoclassicismo teve um início tardio, a vinda da Família Real e suas necessidades de adaptação e modernização, potencializou as construções ao estilo europeu. Acontecimentos como a chegada da Missão Artística Francesa e a fundação da Escola Real de Artes e Ofícios efetivaram o Movimento em terras tupi. Portanto, podemos dizer que o movimento teve grande impulso com as ações de D. João VI, que buscavam incentivar nosso desenvolvimento cultural.
Veja este vídeo sobre a Missão Artística Francesa: 


A Academia Imperial de Belas Artes foi uma escola superior de arte fundada em 1826, no Rio de Janeiro, Brasil, por Dom João VI
O Teatro Arthur Azevedo foi uma das primeiras construções em Estilo Neoclássico do Brasil, em 1816. Conheça sua história clicando aqui:  http://casas.cultura.ma.gov.br/taa/index.php?page=historia.


Interior do Teatro Arthur Azevedo, localizado na Rua do Sol, no Centro de São Luís, Maranhão. Ainda em pleno esplendor e pauta constante de atividades artísticas e culturais na Capital















E o Palácio dos Leões?
Palácio dos Leões, localizado na Rua D.Pedro II,  Praia Grande, Centro Histórico de São Luís. Ao fundo tem a Sede da Prefeitura de São Luís, o Palácio La Ravardiere.
A sede do Governo tem estilo eclético, foi construído antes, em 1626, mas sofreu diversas reformas posteriores até chegar as esta fachada com algumas características neoclássicas, por não ter sido feito entre 1750 e 1800 não possui esta classificação. Há uma Galeria de arte mantida no local e um programa de visitas monitoradas, desenvolvido pela Secretaria de Cultura do Palácio: https://cultura.ma.gov.br/palacio-dos-leoes/#.XrwGeWXPzIU
O mesmo acontece com a Biblioteca Benedito Leite... inaugurada em 1831, possui características neoclássica, mas foi construída depois e as variadas reformas deram este formato atual: Eclética.
Biblioteca Pública Benedito Leite está localizada na Praça do Pantheon, ao lado da Praça Deodoro, no Centro de São Luís.
Já na pintura, os artistas estrangeiros Rugendas, Taunay e Debret. Eles retrataram, em seus trabalhos, cenas do cotidiano brasileiro da primeira metade do século XIX, além de várias paisagens, animais típicos, indígenas e diversos aspectos da natureza.
A Academia e a Escola de Belas Artes (mencionada acima no texto) formaram grandes artistas, dos quais devemos salientar os seguintes:
Manuel de Araújo Porto Alegre, pintor, paisagista e caricaturista, poeta, escritor, teatrólogo, e que, chegou mesmo, a ser diretor da própria academia.
Augusto Muller, Aluno e posteriormente professor da Academia Imperial de Belas Artes um importante pintor retratista e paisagista. destacam-se os trabalhos: Jugurta na PrisãoRetrato de um mestre de Sumaca e o Retrato de Grandjean de Montigny. O Museu Imperial possui o retrato da Baronesa de Vassouras e diversas obras de paisagem do artista, como Rio de Janeiro visto da Ilha das Cobras.
Agostinho José da Mota, o famoso pintor de paisagens e de naturezas mortas, para além de ter sido o primeiro artista brasileiro a obter um prémio internacional, na França.
Para além dos artistas da Missão Francesa, vieram para o Brasil, durante o século XIX, outros pintores europeus, que foram motivados pela paisagem única e tropical, e pela existência de uma burguesia rica e desejosa de ser retratada.
Como por exemplo, Johann-Moritz Rugendas (1802-1868), de origem alemã que esteve no Brasil entre 1821 e 1825. Dessa altura, para além das suas obras, deixou também um livro, intitulado “Viagem Pitoresca através do Brasil”, com cem ilustrações retratando o dia-a-dia do império, para além de retratos a óleo da família imperial.
Na Literatura, podemos destacar o Arcadismo, que buscava retratar a vida simples do campo e aspectos da natureza. Tomás Antônio Gonzaga e Cláudio Manoel da Costa foram dois escritores brasileiros que se enquadram neste contexto cultural.

Ainda em construção...

By Francisca Costa