quinta-feira, 18 de junho de 2020

Projeto Reler: Releituras de obras de arte


O Projeto Reler teve início no ano de 2015, como resultado de trabalhos realizados nas atividades da Disciplina de arte, em escolas da Rede Estadual de Ensino no Maranhão.
Conhecer as regras para a leitura de imagem propicia o entendimento e  a valorização das manifestações artísticas visuais, possibilitando a fruição e a prática de produção de obras de arte.
Ao longo das atividades, que dão corpo ao Projeto, convergimos constantes referências às competências gerais da Base Nacional Curricular Comum, que devem ser desenvolvidas de forma integrada ao longo do Ensino Médio da Educação Básica. Tais competências foram definidas a partir dos direitos éticos, estéticos, culturais, étnicos, sociais e políticos, assegurados pelas Diretrizes Curriculares Nacionais e conhecimentos, habilidades, atitudes, valores essenciais para a vida no século 21.

1ª edição: Re-LER a arte

Iniciamos o Projeto, aliando a história da arte com performances teatrais, registradas através da fotografia. Como uma releitura pede uma interferência pessoal, os alunos tiveram o desafio de reler obras que os mesmos selecionaram, agregando a temática da literatura. A Exposição das obras aconteceram durante a Feira do Livro de São Luís.
A qualidade surpreendente pedia uma maior valorização e repercussão. As fotos foram impressas em fuan (placas de isopor revestidas em papel) na dimensão de 30x40 cm e expostas na galeria de arte do espaço da Seduc na 9ª Feira do Livro de são Luís em outubro de 2015, um mês depois os 36 (trinta e seis) trabalhos foram expostos na Praça Maria Aragão durante a semana de Ciência e Tecnologia, promovida pelo Governo do Estado. Um ano depois, foi exposta novamente na Galeria de arte do Shopping da Ilha.




2ª edição: Re-VER o negro

                 Nesta edição, as fotografias resultaram das pesquisas e trabalhos dos alunos sobre a representação do negro na pintura ao longo da história da humanidade. Um enfoque que versa sobre as políticas de promoção da igualdade racial e sua aplicabilidade dentro da Lei 10.639, que propõe novas diretrizes curriculares para o estudo da história e cultura Afro-brasileira e Africana.







                3ª edição: Reler Perfis

                  Em 2018 a técnica escolhida foi a pintura, para reler obras de arte, deflagradas como perfil artístico dos artistas, entremeando-se com os perfis físicos dos alunos. O resultado pode ser visto na matéria do site da Prefeitura de São Luís: http://www.agenciasaoluis.com.br/noticia/22721/.

A atividade foi desenvolvida sistematicamente, seguindo uma lógica sequencial, integrando os conteúdos de Arte Egípcia, Tipos de Perfis, biografias dos artistas Frida Kahlo, Salvador Dalí, Vincent Van Gogh, René Magritte e Pablo Picasso, envolvendo aulas expositivas e dialogadas, atividades de pesquisa e práticas de desenho e pintura. Por fim, os alunos visualizaram imagens de pinturas destes cinco artistas, reuniram-se em grupos, cada grupo definiu um artista a ser trabalhado, traçando, seu perfil estilístico e estético para ser relido no formato que resultou as pinturas.
Somamos 27 (vinte e sete) trabalhos com a dimensão de 60 x 90 cm, confeccionados em guache sobre papel 40kg. Emoldurados e com proteção de vidro, um apoio da Casa das Molduras.
As atividades desta edição foram realizadas ao longo de dois bimestres seguindo etapas que se interligam tomando um sentido completo de apresentação física. Os conteúdos foram aplicados, seguindo os seguintes passos conteudistas e metodológicos:
Arte Egípcia – Os alunos foram orientados sobre esta manifestação artística e sua importante representação pictórica. A arte do povo egípcio segue o cânone da Lei da Frontalidade, onde as pinturas parietais possuíram um importante papel para essa civilização que se desenvolveu às margens do rio Nilo na África. Elas foram utilizadas como uma forma de comunicação e reconhecimento facial, garantindo, assim, que os falecidos encontrassem seus corpos em suas tumbas para um “retorno” além-vida. A “Lei da Frontalidade” era um padrão de representação pictórica onde a divindade era representada com o rosto de perfil, de lado, em uma postura bastante rígida. Nela os personagens são mostrados com a cabeça, os braços e pernas de perfil, mas, com os olhos, os ombros e tronco voltados de frente para o observador.
Os alunos foram conscientizados que a representação de perfil é uma forma de reconhecimento biométrico imediato e de identificação única, desenvolvido pelo povo africano. É tão eficaz quanto o feito através dos olhos no reconhecimento pela íris, quanto o feito com a verificação da voz ou, ainda, o da mão, nas linhas únicas e pessoais codificadas na pele da palma e dos dedos, na digital.
Convite da Exposição que permaneceu no mês de dezembro e janeiro de 2018 na Galeria Trapiche. O Convite foi doado pelo Simproessema (Sindicato dos Professores).


No vernissage, houve apoio do Serviço Social do Comércio.









              
Apresentação da Orquestra de Cordas da Escola de Música Lilaah Lisboa e Curso de Música da UEMA




Com os artistas, alunos do 6º ano do Ensino Fundamental do CE. Força Aérea Brasileira
Os banners foram patrocinados pela Associação Maranhense de Arte Educadores - AMAE 
                A Secretaria do Estado da Educação do Maranhão - SEDUC, proporcionou participação e incentivo, junto à Escola organizadora. Disponibilizou a arte do material impresso, ônibus para transporte dos alunos na abertura da exposição e na recepção das obras na escola como acervo permanente do local.
Os registros do processo de produção:








4ª edição: Reler a arte patrimonial

O Projeto trouxe a aplicação prática das aulas sobre o conteúdo de Educação Patrimonial do 9º ano do Ensino Fundamental. Tratou em primeiro momento os conceitos de patrimônio e seus tipos de bens: MATERIAIS e IMATERIAIS. Em materiais, ou seja, tangíveis, de um povo (Abrange os museus, monumentos arquitetônicos, igrejas, bibliotecas, etc.), conhecemos o nosso acervo cultural.

No Maranhão temos:

*A cidade de ALCÂNTARA um conjunto arquitetônico e urbanístico foi tombado pelo Iphan, em 1948, quando tinha como limite todo o município, pois a cidade mantinha suas características urbanas e arquitetônicas do século XVIII. O tombamento justificou-se pela existência de um importante conjunto da arquitetura colonial luso-brasileira, consolidado durante todo o século XVII. 

*A cidade de SÃO LUÍS é reconhecida como Patrimônio Cultural Mundial pela Unesco desde em 1997, por sua tradição cultural rica e diversificada, além do excepcional exemplo da cidade colonial portuguesa, com traçado preservado e conjunto arquitetônico representativo. Preserva a malha urbana do século XVII e seu conjunto arquitetônico original, com cerca de quatro mil imóveis tombados: solares, sobrados, casas térreas e edificações com até quatro pavimentos. Tombado pelo Iphan, em 1974, o centro histórico - localizado na ilha de São Luís do Maranhão, na Baía de São Marcos - é um exemplo excepcional de adaptação às condições climáticas da América do Sul equatorial, e tem conservado o tecido urbano harmoniosamente integrado ao ambiente que o cerca.

O estudo do patrimônio no âmbito escolar é necessário, possibilitando sensibilizar e educar o estudantes para atuarem como agentes e multiplicadores da preservação de nossos bens, preparando-os para o exercício da cidadania. Como atividade prática, estudamos os azulejos de São Luís, símbolos ímpares de nosso patrimônio arquitetônico, mapeamos e os reproduzimos em papel e lápis de cor, depois criaram seus próprios azulejos em papel sulfite e pintaram-nos com tinta guache.

Os trabalhos artísticos foram colados formando um mosaico azulejar através da técnica do lambe-lambe, ensinada pelo artista plástico Marcos Ferreira Gomes. O painel foi impermeabilizado com verniz incolor e depois recebeu uma moldura de madeira.




5ª edição: Releitura, sou protagonista na arte




Nesta ultima edição, os alunos recriaram as imagens através de performances, agregando elementos e se posicionando como protagonistas na cena.
Cada trabalho foi impresso em gráfica e colados nas paredes como murais na técnica do lambe-lambe.


Ao reler uma obra, o aluno poderá interferir na sua composição original, este aspecto propicia a valorização de conhecimentos e experiências prévias agregadas às novas, e, assim, conduzir a atividade com liberdade, autonomia, criatividade, criticidade e responsabilidade.
A atividade busca prever o conhecimento das regras e normas para a leitura de imagem e exercitar a prática através da RELEITURA de obra, o que permite ao aluno reconhecer-se dentro de uma realidade no panorama artístico e cultural, partindo da visão do artista para a sua interpretação, onde irá se identificar e se reconhecer na obra de arte, onde a empatia é alçada quando o mesmo tem a autonomia para escolher a obra a ser relida e o tipo de intervenção a ser agregada.
As atividades em grupo são valorizadas, para que cada aluno produza como a peça de um mecanismo que faz surgir o produto final, numa composição fotográfica ou produção de vídeo, onde há, em torno de uma imagem retratada: o personagem, a produção do cenário, o registro por um terceiro membro, a sonoplastia, a caracterização com figurino, maquiagem, preparação de cena, coreografia.
A leitura de imagem propicia a interligação das linguagens artísticas, viabilizando a expressão e partilhamento de informações, experiências, ideias, sentimentos que fazem um sentido comum e compreensível ao aluno.
De Interpretar uma obra ao ato de reler, o aluno pode construir argumentação, precedendo das intervenções conteudistas apresentadas ao longo de um cronograma de aulas e atividades que constituem uma base de dados e informações com fontes de pesquisa diversificadas.
 

6° Edição: trabalhando arte Neoclassica e colonial, homenageando os 409 anos de São Luís em 2021.







                                     



REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS:
BUENO, Luciana Estevam Barone. Metodologia do ensino de artes visuais. Curitiba, Ibpex, 2008.
COSTA, Francisca da Silva. Leitura de imagem. Texto, 2019.
Entenda as 10 competências gerais que orientam a base nacional comum. Site Porvir:  http://porvir.org/entenda-10-competencias-gerais-orientam-base-nacional-comum-curricular/. Acesso em 10/09/2019.
UTUARI, Solange. Arte por toda parte. São Paulo, FTD, 2016.


terça-feira, 5 de maio de 2020

A arte de RENASCER do clássico: Neoclassicismo

Cartaz do documentário do artista contemporâneo Vik Muniz, uma releitura da obra neoclássica, recriada com lixo em grandes dimensões e fotografada. O líder sindical Sebastião Carlos dos Santos, mais conhecido por Tião, foi retratado em pose igual à do quadro “A Morte de Marat” (1793), do francês Jacques-Louis David.

                   A Arte Neoclássica ou o Neoclassicismo, foi um movimento artístico que se refletiu na pintura, na escultura, na arquitetura e na literatura, surgiu na Europa por volta de 1750 e durou até meados de 1800, ou até o Romantismo. Repercutindo da vinda da Família Real para o Brasil,  com o Primeiro reinado.
Teve como objetivo resgatar os valores artísticos e culturais que tinham existido nas civilizações da Antiguidade Clássica, como por exemplo, na Grécia e em Roma.
O Neoclassicismo surgiu depois do Barroco e ao Rococó, contrariando-os. O desejo de recriar as formas da antiguidade greco-romana deveu muito, em grande parte, à curiosidade que existia pelo passado, que foi desencadeada pelas escavações arqueológicas de Pompeia e Herculano. As cidades romanas que tinham ficado soterradas pela lava depois da erupção do vulcão Vesúvio em 79 a.C.
A história da Arte Neoclássica faz com que os artistas, que foram influenciados pelo iluminismo e as suas ideias iluministas, que consistiam em usar a razão, o senso moral e o equilíbrio, em vez da emoção, para além de também inspirados pela pintura renascentista, principalmente, por Rafael, substituíram as linhas diagonais e curvas do Barroco pelas retas firmes e equilibradas.
Os neoclássicos queriam também expressar as virtudes cívicas, como o dever, a honestidade e a austeridade.
Todos estes temas se opunham diretamente às frivolidades da aristocracia, que tinha sido bastante retratada no período anterior.
Aqui, expressou valores próprios de uma nova e fortalecida burguesia. Burguesia essa, que assumiu o rumo da sociedade europeia pós Revolução Francesa, e que se manifestou, principalmente, com o império de Napoleão Bonaparte.
Jacques Louis David (1748-1825) foi considerado o pintor da Revolução Francesa, tendo se tornado mais tarde, o pintor oficial de Napoleão.


Juramento dos Horácios (1784), óleo sobre tela, 3,26 m x 4,2 m – obra do pintor francês Jacques-Louis David.
As obras de Jacques Louis David não só expressavam um vibrante realismo, como também algumas delas, exprimiam emoções fortes, como é por exemplo, o caso do quadro que retrata a morte do seu amigo Jean-Paul Marat.
A morte de Marat (1793), óleo sobre tela, 1,62 m x 1,28, Musées royaux des Beaux-Arts de Belgique em Bruxelas.
                  Foi já no século XIX, quando outras tendências artísticas influenciavam os pintores de então, como por exemplo, Jean Auguste Dominique Ingres (1780-1867), pintor que conservava uma forte influência neoclássica, que tinha sido herdada dos seus mestres.
Para além das composições mitológicas e literárias, a sua obra também é constituída por nus, retratos e paisagens. Sendo que a crítica moderna, vê nos seus retratos e nus, o seu trabalho mais incrível e admirável.
Isto porque, Ingres soube registar a fisionomia da classe burguesa da época, principalmente, o seu gosto pelo poder e a sua confiança na individualidade.

Júpiter e Thetis, 1811, óleo, 75 cm x 94 cm. Do pintor francês Jean Auguste Dominique Ingres, encontra-se exposta no Museu Granet, Aix-en-Provence, França.
Grande Odalisca, 1814, óleo sobre tela, 91 X 162 cm, também conhecido como Une Odalisque ou La Grande Odalisque, de Jean Auguste Dominique Ingres, exposta no Museu do Louvre em París.
                  Na escultura buscou inspiração na Antiguidade greco-romana. Usando para tal materiais considerados nobres, como por exemplo, o mármore ou o granito negro, e foi posta de forma simplesmente decorativa em fontes e em mausoléus. O maior exemplo da escultura neoclássica, foi o escultor italiano António Canova (1757-1822).

Antonio Canova
foi desenhistapintorantiquário e arquiteto italiano, mas é mais lembrado como escultor, desenvolvendo uma carreira longa e produtiva. Seu estilo foi fortemente inspirado na arte da Grécia Antiga. Suas obras foram comparadas por seus contemporâneos com a melhor produção da Antiguidade, e foi tido como o maior escultor europeu desde Bernini.


Perseu com a cabeça da Medusa (1797), 235 cm, mármore, Museu do Vaticano, Itália – obra do escultor italiano Antonio Canova
Detalhe da escultura de Perseu, cabeça da Medusa.


 

A arquitetura, o período destaca as construções civis, prédios públicos e nas construções religiosas, a arquitetura neoclássica, que seguiu sempre o modelo dos templos greco-romanos ou até mesmo dos edifícios renascentistas italianos. O que acabou por se caracterizar, no uso de fachadas sóbrias, onde se usavam colunas dóricas ou jônicas, que sustentavam frontões triangulares.

O Museu Britânico localiza-se em Londres e foi fundado em 7 de junho de 1753. A sua coleção permanente inclui peças como a Pedra de Roseta e os frisos do Partenon de Atenas. 
Assim como no BRASIL, o Maranhão?

No Brasil, o neoclassicismo teve um início tardio, a vinda da Família Real e suas necessidades de adaptação e modernização, potencializou as construções ao estilo europeu. Acontecimentos como a chegada da Missão Artística Francesa e a fundação da Escola Real de Artes e Ofícios efetivaram o Movimento em terras tupi. Portanto, podemos dizer que o movimento teve grande impulso com as ações de D. João VI, que buscavam incentivar nosso desenvolvimento cultural.
Veja este vídeo sobre a Missão Artística Francesa: 


A Academia Imperial de Belas Artes foi uma escola superior de arte fundada em 1826, no Rio de Janeiro, Brasil, por Dom João VI
O Teatro Arthur Azevedo foi uma das primeiras construções em Estilo Neoclássico do Brasil, em 1816. Conheça sua história clicando aqui:  http://casas.cultura.ma.gov.br/taa/index.php?page=historia.


Interior do Teatro Arthur Azevedo, localizado na Rua do Sol, no Centro de São Luís, Maranhão. Ainda em pleno esplendor e pauta constante de atividades artísticas e culturais na Capital















E o Palácio dos Leões?
Palácio dos Leões, localizado na Rua D.Pedro II,  Praia Grande, Centro Histórico de São Luís. Ao fundo tem a Sede da Prefeitura de São Luís, o Palácio La Ravardiere.
A sede do Governo tem estilo eclético, foi construído antes, em 1626, mas sofreu diversas reformas posteriores até chegar as esta fachada com algumas características neoclássicas, por não ter sido feito entre 1750 e 1800 não possui esta classificação. Há uma Galeria de arte mantida no local e um programa de visitas monitoradas, desenvolvido pela Secretaria de Cultura do Palácio: https://cultura.ma.gov.br/palacio-dos-leoes/#.XrwGeWXPzIU
O mesmo acontece com a Biblioteca Benedito Leite... inaugurada em 1831, possui características neoclássica, mas foi construída depois e as variadas reformas deram este formato atual: Eclética.
Biblioteca Pública Benedito Leite está localizada na Praça do Pantheon, ao lado da Praça Deodoro, no Centro de São Luís.
Já na pintura, os artistas estrangeiros Rugendas, Taunay e Debret. Eles retrataram, em seus trabalhos, cenas do cotidiano brasileiro da primeira metade do século XIX, além de várias paisagens, animais típicos, indígenas e diversos aspectos da natureza.
A Academia e a Escola de Belas Artes (mencionada acima no texto) formaram grandes artistas, dos quais devemos salientar os seguintes:
Manuel de Araújo Porto Alegre, pintor, paisagista e caricaturista, poeta, escritor, teatrólogo, e que, chegou mesmo, a ser diretor da própria academia.
Augusto Muller, Aluno e posteriormente professor da Academia Imperial de Belas Artes um importante pintor retratista e paisagista. destacam-se os trabalhos: Jugurta na PrisãoRetrato de um mestre de Sumaca e o Retrato de Grandjean de Montigny. O Museu Imperial possui o retrato da Baronesa de Vassouras e diversas obras de paisagem do artista, como Rio de Janeiro visto da Ilha das Cobras.
Agostinho José da Mota, o famoso pintor de paisagens e de naturezas mortas, para além de ter sido o primeiro artista brasileiro a obter um prémio internacional, na França.
Para além dos artistas da Missão Francesa, vieram para o Brasil, durante o século XIX, outros pintores europeus, que foram motivados pela paisagem única e tropical, e pela existência de uma burguesia rica e desejosa de ser retratada.
Como por exemplo, Johann-Moritz Rugendas (1802-1868), de origem alemã que esteve no Brasil entre 1821 e 1825. Dessa altura, para além das suas obras, deixou também um livro, intitulado “Viagem Pitoresca através do Brasil”, com cem ilustrações retratando o dia-a-dia do império, para além de retratos a óleo da família imperial.
Na Literatura, podemos destacar o Arcadismo, que buscava retratar a vida simples do campo e aspectos da natureza. Tomás Antônio Gonzaga e Cláudio Manoel da Costa foram dois escritores brasileiros que se enquadram neste contexto cultural.

Ainda em construção...

By Francisca Costa

terça-feira, 31 de março de 2020

A arte de RENASCER do clássico: Renascimento

A Primavera, também conhecido como Alegoria da Primavera, é um quadro do pintor renascentista Sandro Botticelli. A pintura utiliza a técnica de têmpera sobre madeira. Pintado no ano 1482



CONTEXTO HISTÓRICO

O Renascimento Cultural representou um movimento artístico-intelectual que surgiu na Itália (grande centro comercial da época) a partir do século XIV, considerada o “Berço do Renascimento”, e se espalhou rapidamente por toda a Europa. O Renascimento exalta a antiguidade clássica, negava o período medieval, centrado na religiosidade e doutrinação cristã (teocentrismo). Vale ressaltar que, a Idade Média (século V ao XV), baseada no sistema feudal e na nobreza, no clero e sociedade servil, era destituída de mobilidade social.
Diante disso, grupos de pensadores, filósofos e artistas formaram o grupo dos Humanistas Renascentistas. Eles estavam preocupados em difundir o conhecimento que, durante muitos séculos, esteve distante da população. A ideia era trazer ao povo questões relacionadas com as descobertas científicas, bem como o desenvolvimento social, artístico e cultural. Assim, esses artistas promoviam um pensamento mais humano e racionalista, ou seja, centrado no antropocentrismo (homem como centro do mundo).
No campo científico, denominado de “Renascimento Científico”, os maiores representantes foram os astrônomos: Nicolau Copérnico (1473-1543), com a Teoria Heliocêntrica (Sol no centro do Universo), e Galileu Galilei (1564-1642), considerado o “Pai da Ciência Moderna”.
Vale destacar que esse período de transição da Idade Média para a Idade Moderna foi marcado por diversas transformações sociais, políticas, econômicas e culturais na Europa: O declínio da sociedade feudal; o renascimento comercial-urbano; a criação da Imprensa; o surgimento da burguesia, foram essenciais para consolidar uma nova era que se aproximava: O Humanismo Renascentista.

ARTE RENASCENTISTA

A arte renascentista valorizou os aspectos culturais, do homem e da natureza, e esteve voltada essencialmente para a retomada dos modelos clássicos greco-romano. Baseada no naturalismo, racionalismo e hedonismo, representou um divisor de águas, na medida em que a arte da renascença trouxe inovações técnicas e temáticas. Por exemplo: a Criação da perspectiva, em detrimento da arte anterior (plano reto). A perspectiva permitia efeitos realistas, criando certa ilusão de ótica, precedência para os efeitos em 3D.
Além disso, a harmonia e o equilíbrio foram características importantes que buscaram os artistas renascentistas para frisar a valorização da antiguidade clássica bem como do antropocentrismo.
De tal modo, a arte renascentista chega para abordar outros temas, ampliando o leque de possibilidades, que somente estavam restritos à arte religiosa, no período da Idade Média.

PRINCIPAIS ARTISTAS E OBRAS

Toda arte renascentista esteve centrada na figura do homem (antropocentrismo). Foram diversos os campos de atuação dos artistas, os quais deram destaque às mais variadas categorias das artes: pintura, escultura, arquitetura e literatura. Seguem abaixo alguns dos principais artistas e suas obras:


 Leonardo da Vinci (1452-1519)

Considerado um dos maiores gênios da história da humanidade, Leonardo da Vinci foi pintor, escultor, engenheiro, cientista, escritor e inventor italiano.
Nascido no vilarejo italiano de Anchiano, Leonardo foi uma das figuras mais importantes do Renascimento, de forma que contribuiu para a produção intelectual e artística da época. De suas obras destacam-se: “A Última Ceia” (Santa Ceia) e “A Gioconda” (ou Mona Lisa).
O primeiro trabalho importante de Da Vinci foi uma parte da tela “O Batismo de Cristo”, de Verrocchio, quando pintou os anjos e a paisagem à esquerda do quadro.
  
Possível autorretrato








A Monalisa (1503-1506) é uma de suas mais famosas pinturas, um óleo sobre madeira com dimensão de 77 cm x 56 cm e exposto no Museu do Louvre, na cidade de Paris. Também conhecida como Gioconda. Célebre por proporcionar uma visualização clara da técnica do sfumatto, sombreados e jogo de claro-escuro, concedendo volumetria, efeitos de tridimensionalidade e grande realismo ao retrato. A obra é considerada umas maiores atrações do Museu, sendo uma das pinturas mais valiosas do mundo.




A Última Ceia é um afresco (uma pintura sobre parede, feita enquanto o reboco ainda está fresco, daí o nome da técnica) realizada por Leonardo da Vinci entre 1494 e 1497 no refeitório do Convento de Santa Maria Delle Grazie, em Milão, Itália.
A composição pictórica mede 4,60 por 8,80 metros e é uma das obras mais famosas do mundo e das mais conhecidas do artista, assim como uma das mais estudadas, relidas e copiadas de todos os tempos.
Confira a análise da obra no site: https://www.culturagenial.com/a-ultima-ceia/.
Leonardo da Vinci faleceu no Castelo de Cloux, Amboise, França, no dia 2 de maio de 1519. Foi sepultado no convento da Igreja de Saint Florentin, em Amboise.



Michelangelo Buonarroti (1475-1564)
Suposto autorretrato
Pintor, escultor e arquiteto italiano, Michelangelo nasceu na cidade de Caprese, região da Toscana. Foi um dos maiores representantes da arte renascentista e, sem dúvida, sua maior obra foi a pintura da abóboda da "Capela Sistina", na Catedral de São Pedro, em Roma.
Capela Sistina, Vaticano, Itália
O juízo final (Afresco, detalhe do teto da Capela Sistina)

A criação de Adão (Afresco, detalhe do teto da Capela Sistina)

O artista passou quatro anos (1508-1512) pintando o local, que agrupa cerca de 300 figuras, das quais se destaca: “O Juízo Final”.
Na escultura, suas obras mais representativas foram: “Pietà” e a “Escultura de Davi”.

Pietà, mármore, 1,74 m x 1,95 m, 1498–1499, localizada na Basílica de São Pedro, Vaticano, Itália


Moisés, mármore, 2,35 m, Túmulo do Papa Julio II, Itália,1513 - 1515.
Reza a lenda que ao finalizar a escultura de Moisés, Michelângelo deslumbrado com seu feito tenha dito que só faltava falar, tal perfeição de sua obra.
Outra obra monumental de Michelangelo foi a escultura de David, esculpida em um bloco único de mármore e que retrata o herói instantes antes de derrubar o gigante Golias com uma pedra. O artista costumava dizer que a figura já estava no mármore, bastava descobri-la.
Em 1501, Michelangelo tinha apenas 26 anos de idade, mas ele já era o mais famoso e mais bem pago artista de seus dias. A estátua de cinco metros de altura foi esculpida em quatro anos e está localizada na Galeria da Academia de Artes de Florença (desde 1873).


A expressão no rosto do David mostra o momento em que decide enfrentar o gigante Golias.

Os incríveis detalhes entalhados, como músculos da barriga, caracóis nas mechas de cabelo e as veias das mãos, mostram o apuro técnico e extremo perfeccionismo, a genialidade, na habilidade do artista Michelangelo.
Davi

Veja na Série Arte no Renascimento: MICHELANGELO e o simbolismo na CAPELA SISTINA


Rafael Sanzio (1483-1520)
Ao lado de Leonardo da Vinci e Michelangelo, Rafael formou a tríade mais importante dos grandes mestres da arte italiana renascentista.

Pintor italiano nascido na cidade de Urbino, inovou as técnicas de pintura, ao utilizar contrastes de luzes e sombras.

Ficou conhecido por suas diversas “Madonas” (mãe de Jesus), das quais se destaca: “Madona e o Menino Entronados com Santos” (1505).



Donatello (1368-1466)

Além da tríade dos principais representantes da Renascença, Donatello foi um importante escultor italiano do período, nascido em Florença. Introduziu novas técnicas artística ao utilizar diferentes materiais para compor suas esculturas, tal qual, mármore, bronze e madeira.

Seus trabalhos mais representativos são: a escultura de “São Marcos”, em Florença, e “Gattamelata”, na cidade de Pádua.


Sandro Boticcelli (1445-1510)


Pintor e desenhista nascido em Florença, Alessandro di Mariano di Vanni Filipepi, mais conhecido por seu nome artístico, Sandro Boticcelli, foi um dos pintores mais proeminentes da Itália renascentista.

Em suas obras, abordou temas religiosos e mitológicos, donde se destacam: “A Primavera” e “O Nascimento de Vênus”.

💥Nessa época, muitos escritores se empenharam em trazer à tona os aspectos do humanismo renascentista, inaugurando assim, a literatura moderna. Segue abaixo, um dos maiores representantes da literatura renascentista:

Dante Alighieri (1265-1321): escritor italiano, autor da “Divina Comédia”;
Willian Shakespeare (1564-1616): poeta e dramaturgo inglês, autor de “Romeu e Julieta” e “Hamlet”;
Miguel de Cervantes (1547-1616): poeta, romancista e dramaturgo espanhol, autor de “Dom Quixote de la Mancha”,
Luís de Camões (1524-1580): poeta português, autor de “Os Lusíadas”;
Michel de Montaigne (1523-1592): escritor e filósofo francês, autor de “Ensaios”;
Nicolau Maquiavel (1469-1527): poeta e historiador italiano, autor de “O Príncipe;
François de Rabelais (1494-1553): escritor e padre francês, autor de “Pantagruel e Gargântua”;
Erasmo de Roterdã (1466-1536): escritor e teólogo neerlandês, autor de “Elogio da Loucura”.


Sugestões de leituras:
👍A lenda de Apolo e Mársias


Sugestões de filmes:
👍Agonia e Êxtase, aborda o período biográfico de Michelangelo Buonarroti quando ele pintou o teto da Capela Sistina;
👍 A cine biografia de Leonardo Da vinci:



by Francisca Costa