O Projeto Reler teve início no ano de 2015, como
resultado de trabalhos realizados nas atividades da Disciplina de arte, em escolas da Rede Estadual de Ensino no Maranhão.
Conhecer as regras para a leitura de imagem propicia o entendimento e a valorização das manifestações artísticas visuais, possibilitando a fruição e a prática de produção de obras de arte.
Ao longo das atividades, que dão corpo ao Projeto, convergimos constantes referências às competências gerais da Base Nacional Curricular Comum, que devem ser desenvolvidas de forma integrada ao longo do Ensino Médio da Educação Básica. Tais competências foram definidas a partir dos direitos éticos, estéticos, culturais, étnicos, sociais e políticos, assegurados pelas Diretrizes Curriculares Nacionais e conhecimentos, habilidades, atitudes, valores essenciais para a vida no século 21.
1ª edição: Re-LER a arte
Iniciamos o Projeto, aliando a história da arte com performances teatrais, registradas
através da fotografia. Como uma releitura pede uma interferência pessoal, os
alunos tiveram o desafio de reler obras que os mesmos selecionaram, agregando a
temática da literatura. A Exposição das obras aconteceram durante a Feira do Livro de São Luís.
A qualidade surpreendente pedia uma maior valorização e
repercussão. As fotos foram impressas em fuan (placas de isopor revestidas em
papel) na dimensão de 30x40 cm e expostas na galeria de arte do espaço da Seduc
na 9ª Feira do Livro de são Luís em outubro de 2015, um mês depois os 36
(trinta e seis) trabalhos foram expostos na Praça Maria Aragão durante a semana
de Ciência e Tecnologia, promovida pelo Governo do Estado. Um ano depois, foi
exposta novamente na Galeria de arte do Shopping da Ilha.
2ª edição: Re-VER o negro
Nesta edição, as fotografias resultaram das pesquisas e trabalhos dos alunos
sobre a representação do negro na pintura ao longo da história da humanidade.
Um enfoque que versa sobre as políticas de promoção da igualdade racial e sua
aplicabilidade dentro da Lei 10.639, que propõe novas diretrizes curriculares
para o estudo da história e cultura Afro-brasileira e Africana.
3ª edição: Reler Perfis
Em 2018 a técnica escolhida foi a
pintura, para reler obras de arte, deflagradas como perfil artístico dos
artistas, entremeando-se com os perfis físicos dos alunos. O resultado pode ser
visto na matéria do site da Prefeitura de São Luís: http://www.agenciasaoluis.com.br/noticia/22721/. A atividade foi desenvolvida sistematicamente,
seguindo uma lógica sequencial, integrando os conteúdos de Arte Egípcia, Tipos
de Perfis, biografias dos artistas Frida Kahlo, Salvador Dalí, Vincent Van
Gogh, René Magritte e Pablo Picasso, envolvendo aulas expositivas e dialogadas,
atividades de pesquisa e práticas de desenho e pintura. Por fim, os alunos
visualizaram imagens de pinturas destes cinco artistas, reuniram-se em grupos, cada
grupo definiu um artista a ser trabalhado, traçando, seu perfil estilístico e
estético para ser relido no formato que resultou as pinturas.
Somamos 27 (vinte e sete)
trabalhos com a dimensão de 60 x 90 cm, confeccionados em guache sobre papel
40kg. Emoldurados e com proteção de vidro, um apoio da Casa das Molduras.
As atividades desta edição foram realizadas ao
longo de dois bimestres seguindo etapas que se interligam tomando um sentido
completo de apresentação física. Os conteúdos foram aplicados, seguindo os
seguintes passos conteudistas e metodológicos:
Arte Egípcia – Os alunos foram
orientados sobre esta manifestação artística e sua importante representação
pictórica. A arte do povo egípcio segue o cânone da Lei da Frontalidade, onde as pinturas parietais
possuíram um importante papel para essa civilização que se desenvolveu às
margens do rio Nilo na África. Elas foram utilizadas como uma forma de
comunicação e reconhecimento facial, garantindo, assim, que os falecidos
encontrassem seus corpos em suas tumbas para um “retorno” além-vida. A “Lei da Frontalidade” era um padrão de representação pictórica onde a
divindade era representada com o rosto de perfil,
de lado, em uma postura bastante rígida. Nela os personagens são mostrados com
a cabeça, os braços e pernas de perfil, mas, com os olhos, os ombros e tronco voltados
de frente para o observador.
Os alunos foram conscientizados
que a representação de perfil é uma forma de reconhecimento biométrico imediato
e de identificação única, desenvolvido pelo povo africano. É tão eficaz quanto
o feito através dos olhos no reconhecimento pela íris, quanto o feito com a
verificação da voz ou, ainda, o da mão, nas linhas únicas e pessoais
codificadas na pele da palma e dos dedos, na digital.
Convite da Exposição que permaneceu no mês de dezembro e janeiro de 2018 na Galeria Trapiche. O Convite foi doado pelo Simproessema (Sindicato dos Professores).
No vernissage, houve apoio do Serviço Social do Comércio.
Apresentação da Orquestra de Cordas da Escola de Música Lilaah Lisboa e Curso de Música da UEMA
Com os artistas, alunos do 6º ano do Ensino Fundamental do CE. Força Aérea Brasileira
Os banners foram patrocinados pela Associação Maranhense de Arte Educadores - AMAE
A Secretaria do Estado da Educação do Maranhão - SEDUC, proporcionou participação e incentivo, junto à Escola organizadora. Disponibilizou a arte do material impresso, ônibus para transporte dos alunos na abertura da exposição e na recepção das obras na escola como acervo permanente do local.
Os registros do processo de produção:
4ª edição: Reler a arte patrimonial
O Projeto trouxe a aplicação prática das aulas sobre o conteúdo de Educação Patrimonial do 9º ano do Ensino Fundamental. Tratou em primeiro momento os conceitos de patrimônio e seus tipos de bens: MATERIAIS e IMATERIAIS. Em materiais, ou seja, tangíveis, de um povo (Abrange os museus, monumentos
arquitetônicos, igrejas, bibliotecas, etc.), conhecemos o nosso acervo cultural.
No Maranhão temos:
*A cidade de ALCÂNTARA um conjunto arquitetônico e urbanístico foi
tombado pelo Iphan, em 1948, quando tinha como limite todo o município, pois a
cidade mantinha suas características urbanas e arquitetônicas do século XVIII.
O tombamento justificou-se pela existência de um importante conjunto da
arquitetura colonial luso-brasileira, consolidado durante todo o século
XVII.
*A cidade de SÃO LUÍS é reconhecida como Patrimônio Cultural Mundial pela
Unesco desde em 1997, por sua tradição cultural rica e diversificada, além do
excepcional exemplo da cidade colonial portuguesa, com traçado preservado e
conjunto arquitetônico representativo. Preserva a malha urbana do século XVII e
seu conjunto arquitetônico original, com cerca de quatro mil imóveis tombados:
solares, sobrados, casas térreas e edificações com até quatro pavimentos.
Tombado pelo Iphan, em 1974, o centro histórico - localizado na ilha de São
Luís do Maranhão, na Baía de São Marcos - é um exemplo excepcional de adaptação
às condições climáticas da América do Sul equatorial, e tem conservado o tecido
urbano harmoniosamente integrado ao ambiente que o cerca.
O estudo do patrimônio no âmbito escolar é necessário, possibilitando sensibilizar e educar o estudantes para atuarem como agentes e multiplicadores da preservação de nossos bens, preparando-os para o exercício da cidadania. Como atividade prática, estudamos os azulejos de São Luís, símbolos ímpares de nosso patrimônio arquitetônico, mapeamos e os reproduzimos em papel e lápis de cor, depois criaram seus próprios azulejos em papel sulfite e pintaram-nos com tinta guache.
Os trabalhos artísticos foram colados formando um mosaico azulejar através da técnica do lambe-lambe, ensinada pelo artista plástico Marcos Ferreira Gomes. O painel foi impermeabilizado com verniz incolor e depois recebeu uma moldura de madeira.
5ª edição: Releitura, sou protagonista na arte
Nesta ultima edição, os alunos recriaram as imagens através de performances, agregando elementos e se posicionando como protagonistas na cena. Cada trabalho foi impresso em gráfica e colados nas paredes como murais na técnica do lambe-lambe.
Ao reler uma obra, o aluno poderá interferir na
sua composição original, este aspecto propicia a valorização de conhecimentos
e experiências prévias agregadas às novas, e, assim, conduzir a atividade com
liberdade, autonomia, criatividade, criticidade e responsabilidade.
A atividade busca prever o conhecimento das regras e normas
para a leitura de imagem e exercitar a prática através da RELEITURA de obra, o que permite ao aluno reconhecer-se dentro de uma realidade no panorama
artístico e cultural, partindo da visão do artista para a sua interpretação,
onde irá se identificar e se reconhecer na obra de arte, onde a
empatia é alçada quando o mesmo tem a autonomia para escolher a obra a ser
relida e o tipo de intervenção a ser agregada.
As atividades em grupo são valorizadas, para que
cada aluno produza como a peça de um mecanismo que faz surgir o produto
final, numa composição fotográfica ou produção de vídeo, onde há, em torno de
uma imagem retratada: o personagem, a produção do cenário, o registro por um
terceiro membro, a sonoplastia, a caracterização com figurino, maquiagem,
preparação de cena, coreografia.
A leitura de imagem propicia a interligação das linguagens artísticas, viabilizando a expressão e partilhamento de informações, experiências, ideias, sentimentos que fazem um sentido comum e compreensível ao aluno.
De Interpretar uma obra ao ato de reler, o aluno pode construir argumentação, precedendo das intervenções conteudistas apresentadas ao longo de um cronograma de aulas e atividades que constituem uma base de dados e informações com fontes de pesquisa diversificadas.
6° Edição: trabalhando arte Neoclassica e colonial, homenageando os 409 anos de São Luís em 2021.
REFERÊNCIAS
BIBLIOGRAFICAS:
BUENO, Luciana Estevam
Barone. Metodologia do ensino de artes visuais. Curitiba, Ibpex, 2008.
COSTA, Francisca da
Silva. Leitura de imagem. Texto, 2019.
Cartaz do documentário do artista contemporâneo Vik Muniz, uma releitura da obra neoclássica, recriada com lixo em grandes dimensões e fotografada. O líder sindical Sebastião Carlos dos Santos, mais conhecido por Tião, foi retratado em pose igual à do quadro “A Morte de Marat” (1793), do francês Jacques-Louis David.
A Arte Neoclássica ou o Neoclassicismo, foi um movimento artístico que
se refletiu na pintura, na escultura, na arquitetura e na literatura, surgiu
na Europa por volta de 1750 e durou até meados de 1800, ou até o Romantismo. Repercutindo da vinda da Família Real para o Brasil, com o Primeiro reinado.
Teve como objetivo resgatar os valores artísticos e culturais que tinham
existido nas civilizações da Antiguidade Clássica, como por exemplo, na Grécia
e em Roma.
O Neoclassicismo surgiu depois do Barroco e ao Rococó, contrariando-os. O
desejo de recriar as formas da antiguidade greco-romana deveu muito, em grande
parte, à curiosidade que existia pelo passado, que foi desencadeada pelas
escavações arqueológicas de Pompeia e Herculano. As cidades romanas que tinham
ficado soterradas pela lava depois da erupção do vulcão Vesúvio em 79 a.C.
A história da Arte Neoclássica faz com que os artistas, que foram
influenciados pelo iluminismo e as suas ideias iluministas, que consistiam em
usar a razão, o senso moral e o equilíbrio, em vez da emoção, para além de
também inspirados pela pintura renascentista, principalmente, por Rafael,
substituíram as linhas diagonais e curvas do Barroco pelas retas firmes e
equilibradas.
Os neoclássicos queriam também expressar as virtudes cívicas, como o
dever, a honestidade e a austeridade.
Todos estes temas se opunham diretamente
às frivolidades da aristocracia, que tinha sido bastante retratada no período
anterior.
Aqui, expressou valores próprios de uma nova e fortalecida
burguesia. Burguesia essa, que assumiu o rumo da sociedade europeia pós
Revolução Francesa, e que se manifestou, principalmente, com o império de
Napoleão Bonaparte.
Jacques Louis David (1748-1825) foi considerado o pintor da
Revolução Francesa, tendo se tornado mais tarde, o pintor oficial de Napoleão.
Juramento dos Horácios (1784), óleo sobre tela, 3,26 m x 4,2 m – obra do pintor francês Jacques-Louis David.
As obras de
Jacques Louis David não só expressavam um vibrante realismo, como também
algumas delas, exprimiam emoções fortes, como é por exemplo, o caso do quadro
que retrata a morte do seu amigo Jean-Paul Marat.
A morte de Marat (1793), óleo sobre tela, 1,62 m x 1,28, Musées royaux des Beaux-Arts de Belgique em Bruxelas.
Foi
já no século XIX, quando outras tendências artísticas influenciavam os pintores
de então, como por exemplo, Jean Auguste Dominique Ingres (1780-1867), pintor
que conservava uma forte influência neoclássica, que tinha sido herdada dos
seus mestres.
Para além das
composições mitológicas e literárias, a sua obra também é constituída por nus,
retratos e paisagens. Sendo que a crítica moderna, vê nos seus retratos e nus,
o seu trabalho mais incrível e admirável.
Isto porque,
Ingres soube registar a fisionomia da classe burguesa da época, principalmente,
o seu gosto pelo poder e a sua confiança na individualidade.
Júpiter e Thetis, 1811, óleo, 75 cm x 94 cm. Do pintor francês Jean Auguste Dominique Ingres, encontra-se exposta no Museu Granet, Aix-en-Provence, França.
Grande Odalisca, 1814, óleo sobre tela, 91 X 162 cm, também conhecido como Une Odalisque ou La Grande Odalisque, de Jean Auguste Dominique Ingres, exposta no Museu do Louvre em París.
Na escultura buscou inspiração na Antiguidade greco-romana. Usando para tal materiais considerados nobres, como por exemplo, o mármore ou o granito negro, e foi posta de forma simplesmente decorativa em fontes e em mausoléus. O maior exemplo da escultura neoclássica, foi o escultor italiano António Canova (1757-1822).
Antonio Canova foi desenhista, pintor, antiquário e arquitetoitaliano, mas é mais lembrado como escultor, desenvolvendo uma carreira longa e produtiva. Seu estilo foi fortemente inspirado na arte da Grécia Antiga. Suas obras foram comparadas por seus contemporâneos com a melhor produção da Antiguidade, e foi tido como o maior escultor europeu desde Bernini.
Perseu com a cabeça da Medusa (1797), 235 cm, mármore, Museu do Vaticano, Itália – obra do escultor italiano Antonio Canova
Detalhe da escultura de Perseu, cabeça da Medusa.
A
arquitetura, o período destaca as construções civis, prédios públicos e nas construções
religiosas, a arquitetura neoclássica, que seguiu sempre o modelo dos templos
greco-romanos ou até mesmo dos edifícios renascentistas italianos. O que acabou
por se caracterizar, no uso de fachadas sóbrias, onde se usavam colunas dóricas
ou jônicas, que sustentavam frontões triangulares.
O Museu Britânico localiza-se em Londres e foi fundado em 7 de junho de 1753. A sua coleção permanente inclui peças como a Pedra de Roseta e os frisos do Partenon de Atenas.
Assim como no BRASIL, o Maranhão?
No
Brasil, o neoclassicismo teve um início tardio, a vinda da Família Real e suas necessidades de adaptação e modernização, potencializou as construções ao estilo europeu. Acontecimentos como a chegada da Missão Artística
Francesa e a fundação da Escola Real de Artes e Ofícios efetivaram o Movimento em terras tupi. Portanto, podemos
dizer que o movimento teve grande impulso com as ações de D. João VI, que
buscavam incentivar nosso desenvolvimento cultural.
Veja este vídeo sobre a Missão Artística Francesa:
A Academia Imperial de Belas Artes foi uma escola superior de arte fundada em 1826, no Rio de Janeiro, Brasil, por Dom João VI
Interior do Teatro Arthur Azevedo, localizado na Rua do Sol, no Centro de São Luís, Maranhão. Ainda em pleno esplendor e pauta constante de atividades artísticas e culturais na Capital
E o Palácio dos Leões?
Palácio dos Leões, localizado na Rua D.Pedro II, Praia Grande, Centro Histórico de São Luís. Ao fundo tem a Sede da Prefeitura de São Luís, o Palácio La Ravardiere.
A sede do Governo tem estilo eclético, foi construído antes, em 1626, mas sofreu diversas reformas posteriores até chegar as esta fachada com algumas características neoclássicas, por não ter sido feito entre 1750 e 1800 não possui esta classificação. Há uma Galeria de arte mantida no local e um programa de visitas monitoradas, desenvolvido pela Secretaria de Cultura do Palácio: https://cultura.ma.gov.br/palacio-dos-leoes/#.XrwGeWXPzIU O mesmo acontece com a Biblioteca Benedito Leite... inaugurada em 1831, possui características neoclássica, mas foi construída depois e as variadas reformas deram este formato atual: Eclética.
Biblioteca Pública Benedito Leite está localizada na Praça do Pantheon, ao lado da Praça Deodoro, no Centro de São Luís.
Já
na pintura, os artistas estrangeiros Rugendas, Taunay
e Debret. Eles retrataram, em seus trabalhos, cenas do cotidiano
brasileiro da primeira metade do século XIX, além de várias paisagens, animais
típicos, indígenas e diversos aspectos da natureza.
A
Academia e a Escola de Belas Artes (mencionada acima no texto) formaram grandes artistas, dos quais devemos
salientar os seguintes:
Manuel
de Araújo Porto Alegre, pintor, paisagista e
caricaturista, poeta, escritor, teatrólogo, e que, chegou mesmo, a ser diretor
da própria academia.
Augusto
Muller, Aluno e posteriormente
professor da Academia Imperial de Belas Artes um importante
pintor retratista e paisagista. destacam-se os
trabalhos: Jugurta na Prisão, Retrato de um mestre de
Sumaca e o Retrato de Grandjean de Montigny. O Museu Imperial possui o
retrato da Baronesa de Vassouras e diversas obras de paisagem do artista, como Rio
de Janeiro visto da Ilha das Cobras.
Agostinho
José da Mota, o famoso pintor de paisagens e de naturezas
mortas, para além de ter sido o primeiro artista brasileiro a obter um prémio
internacional, na França.
Para
além dos artistas da Missão Francesa, vieram para o Brasil, durante o século
XIX, outros pintores europeus, que foram motivados pela paisagem única e
tropical, e pela existência de uma burguesia rica e desejosa de ser retratada.
Como
por exemplo, Johann-Moritz Rugendas (1802-1868), de origem alemã que
esteve no Brasil entre 1821 e 1825. Dessa altura, para além das suas obras,
deixou também um livro, intitulado “Viagem Pitoresca através do Brasil”, com
cem ilustrações retratando o dia-a-dia do império, para além de retratos a óleo
da família imperial. Na Literatura, podemos destacar o Arcadismo, que buscava retratar a vida simples do campo e aspectos da natureza. Tomás Antônio Gonzaga e Cláudio Manoel da Costa foram dois escritores brasileiros que se enquadram neste contexto cultural.
A Primavera, também conhecido como Alegoria da Primavera, é um quadro do pintor renascentistaSandro Botticelli. A pintura utiliza a técnica de têmpera sobre madeira. Pintado no ano 1482
CONTEXTO HISTÓRICO
O Renascimento
Cultural representou um movimento artístico-intelectual que surgiu na Itália
(grande centro comercial da época) a partir do século XIV, considerada o “Berço do Renascimento”, e se espalhou rapidamente por toda
a Europa. O Renascimento exalta a antiguidade clássica, negava o período
medieval, centrado na religiosidade e doutrinação cristã
(teocentrismo). Vale ressaltar que, a Idade Média (século V ao XV),
baseada no sistema feudal e na nobreza, no clero e sociedade servil, era destituída
de mobilidade social.
Diante disso, grupos
de pensadores, filósofos e artistas formaram o grupo dos Humanistas Renascentistas. Eles estavam preocupados em
difundir o conhecimento que, durante muitos séculos, esteve distante da
população. A ideia era trazer ao povo questões relacionadas com as
descobertas científicas, bem como o desenvolvimento social, artístico e
cultural. Assim, esses artistas promoviam um pensamento mais humano e
racionalista, ou seja, centrado no antropocentrismo (homem como centro do
mundo).
No campo científico,
denominado de “Renascimento Científico”, os maiores representantes foram os
astrônomos: Nicolau Copérnico (1473-1543), com a Teoria Heliocêntrica (Sol no
centro do Universo), e Galileu Galilei (1564-1642), considerado o “Pai da
Ciência Moderna”.
Vale destacar que
esse período de transição da Idade Média para a Idade Moderna foi marcado por
diversas transformações sociais, políticas, econômicas e culturais na
Europa: O declínio da sociedade feudal; o renascimento
comercial-urbano; a criação da Imprensa; o surgimento da burguesia,
foram essenciais para consolidar uma nova era que se aproximava: O Humanismo
Renascentista.
ARTE RENASCENTISTA
A arte renascentista
valorizou os aspectos culturais, do homem e da natureza, e esteve voltada
essencialmente para a retomada dos modelos clássicos greco-romano. Baseada
no naturalismo, racionalismo e hedonismo, representou um divisor de águas,
na medida em que a arte da renascença trouxe inovações técnicas e temáticas.
Por exemplo: a Criação da perspectiva, em detrimento da arte anterior
(plano reto). A perspectiva permitia efeitos realistas, criando certa ilusão de
ótica, precedência para os efeitos em 3D.
Além disso, a
harmonia e o equilíbrio foram características importantes que buscaram os
artistas renascentistas para frisar a valorização da antiguidade clássica bem
como do antropocentrismo.
De tal modo, a arte
renascentista chega para abordar outros temas, ampliando o leque de
possibilidades, que somente estavam restritos à arte religiosa, no período da
Idade Média.
PRINCIPAIS ARTISTAS E OBRAS
Toda arte
renascentista esteve centrada na figura do homem (antropocentrismo). Foram
diversos os campos de atuação dos artistas, os quais deram destaque às mais
variadas categorias das artes: pintura, escultura, arquitetura e literatura.
Seguem abaixo alguns dos principais artistas e suas obras:
Leonardo da Vinci (1452-1519)
Considerado um dos
maiores gênios da história da humanidade, Leonardo da Vinci foi
pintor, escultor, engenheiro, cientista, escritor e inventor italiano.
Nascido no vilarejo
italiano de Anchiano, Leonardo foi uma das figuras mais importantes do Renascimento,
de forma que contribuiu para a produção intelectual e artística da época. De
suas obras destacam-se: “AÚltima Ceia” (Santa Ceia) e “A
Gioconda” (ou Mona Lisa).
O
primeiro trabalho importante de Da Vinci foi uma parte da tela “O Batismo
de Cristo”, de Verrocchio, quando pintou os anjos e a paisagem à esquerda do
quadro.
Possível autorretrato
A Monalisa (1503-1506) é uma
de suas mais famosas pinturas, um óleo sobre madeira com dimensão de 77 cm
x 56 cm e exposto no Museu do Louvre, na cidade de Paris. Também conhecida como
Gioconda. Célebre por proporcionar uma visualização clara da técnica do sfumatto,
sombreados e jogo de claro-escuro, concedendo volumetria, efeitos de
tridimensionalidade e grande realismo ao retrato. A obra é considerada umas
maiores atrações do Museu, sendo uma das pinturas mais valiosas do mundo.
A Última Ceia é um afresco (uma pintura sobre parede, feita
enquanto o reboco ainda está fresco, daí o nome da técnica) realizada por
Leonardo da Vinci entre 1494 e 1497 no refeitório do Convento de Santa Maria
Delle Grazie, em Milão, Itália.
A composição pictórica mede 4,60 por 8,80 metros e é uma das obras
mais famosas do mundo e das mais conhecidas do artista, assim como uma das mais
estudadas, relidas e copiadas de todos os tempos.
Leonardo da Vinci faleceu no Castelo de Cloux, Amboise, França, no
dia 2 de maio de 1519. Foi sepultado no convento da Igreja de Saint Florentin,
em Amboise.
Michelangelo Buonarroti (1475-1564)
Suposto autorretrato
Pintor, escultor e arquiteto italiano, Michelangelo nasceu
na cidade de Caprese, região da Toscana. Foi um dos maiores representantes da
arte renascentista e, sem dúvida, sua maior obra foi a pintura da abóboda da
"Capela Sistina", na Catedral de São Pedro, em Roma.
Capela Sistina, Vaticano, Itália
O juízo final (Afresco, detalhe do teto da Capela Sistina)
A criação de Adão(Afresco, detalhe do teto da Capela Sistina)
O artista passou quatro anos
(1508-1512) pintando o local, que agrupa cerca de 300 figuras, das quais se
destaca: “O Juízo Final”.
Na
escultura, suas obras mais representativas foram: “Pietà”
e a “Escultura de Davi”.
Pietà, mármore, 1,74 m x 1,95 m, 1498–1499, localizada na Basílica de São Pedro, Vaticano, Itália
Moisés, mármore, 2,35 m, Túmulo do Papa Julio II, Itália,1513 - 1515.
Reza a lenda que ao
finalizar a escultura de Moisés, Michelângelo deslumbrado com seu feito tenha
dito que só faltava falar, tal perfeição de sua obra.
Outra obra monumental de Michelangelo foi a escultura de
David, esculpida em um bloco único de mármore e que retrata o herói instantes
antes de derrubar o gigante Golias com uma pedra. O artista costumava dizer que
a figura já estava no mármore, bastava descobri-la.
Em 1501, Michelangelo tinha apenas 26 anos de idade, mas ele
já era o mais famoso e mais bem pago artista de seus dias. A estátua de cinco
metros de altura foi esculpida em quatro anos e está localizada na Galeria da Academia de Artes
de Florença (desde 1873).
A expressão no rosto do David mostra o momento em que decide enfrentar o gigante Golias.
Os incríveis detalhes entalhados, como músculos da barriga, caracóis nas mechas de cabelo e as veias das mãos, mostram o apuro técnico e extremo perfeccionismo, a genialidade, na habilidade do artista Michelangelo. Davi
Veja na Série Arte no Renascimento: MICHELANGELO e o simbolismo na CAPELA SISTINA
Ao lado de Leonardo da Vinci e Michelangelo, Rafael formou a
tríade mais importante dos grandes mestres da arte italiana renascentista.
Pintor italiano nascido na cidade de Urbino, inovou as técnicas de
pintura, ao utilizar contrastes de luzes e sombras.
Ficou
conhecido por suas diversas “Madonas” (mãe de Jesus), das quais se destaca: “Madona e o Menino Entronados com Santos”
(1505).
Donatello (1368-1466)
Além da tríade dos principais representantes da Renascença, Donatello foi
um importante escultor italiano do período, nascido em Florença. Introduziu
novas técnicas artística ao utilizar diferentes materiais para compor suas
esculturas, tal qual, mármore, bronze e madeira.
Seus
trabalhos mais representativos são: a escultura de “São Marcos”, em Florença, e “Gattamelata”, na cidade de
Pádua.
Sandro Boticcelli (1445-1510)
Pintor e
desenhista nascido em Florença, Alessandro di Mariano di Vanni Filipepi, mais
conhecido por seu nome artístico, Sandro Boticcelli, foi um dos pintores mais
proeminentes da Itália renascentista.
Em suas
obras, abordou temas religiosos e mitológicos, donde se destacam: “A Primavera” e “O Nascimento de Vênus”.
💥Nessa época, muitos escritores se empenharam em trazer à tona os
aspectos do humanismo renascentista, inaugurando assim, a literatura moderna.
Segue abaixo, um dos maiores representantes da literatura renascentista: