quarta-feira, 2 de outubro de 2024

Exposição "Hibisco, Guaimbé, a Arte e a Cura"

 


Exposição "Hibisco, Guaimbé, a Arte e a Cura"

A exposição é fruto do trabalho desenvolvido ao longo de seis meses junto aos estudantes, onde conseguimos aguçar nossa percepção através dos rudimentos do desenho de observação e de técnicas de fotografia. 

O evento foi a culminância das atividades de desenho, pintura e fotografia, utilizando técnicas que iniciam os participantes nas ações de Artes Visuais, pertencente ao Eixo cultural do Projeto de Extensão Moviema.

O enfoque principal foi o resgistro de duas plantas que são popularmente utilizadas na comunidade - em meio a seus conhecimentos ancestrais - por suas propriedades estéticas, ornamentais e testemunhos sobre possíveis propriedades curativas.

A exposição propõe o estudo das propriedades, botânicas, quimicas e biomoleculares destas plantas. Onde a ciência poderia mensurar possibilidades de investigação, trazendo informações mais precisas sobre o cultivo das plantas.

Há em torno delas, saberes e usos a partir do conhecimento popular ou senso comum, onde a herança cultural e saberes tradicionais, apontam usos, como por exemplo na confecção de uma espécie de “tintura de uso tópico”, como o preparado pela costureira Maria Daluz da Silva Costa, que costuma usar a mistura para alívio das dores em suas lesões de uso repetitivo, oriundas do manejo da tesoura nos cortes de tecido, causando dores nas articulações dos dedos e dos braços.

Fonte: Francisca Costa


Pinturas em aquarela e fotografias das atividades de Artes Visuais do Projeto de Extensão Moviema, resultado das aulas ministradas pelos professores Francisca da Silva Costa e Fabrício Arão

     ARTISTAS (pinturas em aquarela):

Adrielly Alves pontes, Ana Júlia pereira dos santos, Ana Letícia de Menezes Silva, Analuz da Costa Marques, Aurora Bárbara Ipê Sousa Rodrigues, Elane Nascimento dos santos correia, Flora de Menezes Samenezes, João Marcelo de Sousa Silva, Quezia Suellen Aquino da Silva, Sofia Leite Silva, Sofia Maluf Cruz Oliveira.

ARTISTAS (fotografias):

Alessandra Costa Araújo, Ana Júlia pereira dos santos, Ana Ruty dos Santos Pereira, Aryeli de Sousa Sales, Carlos Eduardo Pereira Mendes, Haelly de Jesus Pereira Lopes, Jheniffer Maria Tavares Gomes, Nathan Silva Alves, Vitoria Santos Reis.

HIBISCO BRANCO

O Hibisco Branco, cientificamente conhecido como Hibiscus rosa-sinensis, é uma planta exótica que cativa não apenas pela sua beleza, mas também pelo seu significado cultural e usos versáteis.

Características Botânicas: é um arbusto perene com folhas verde-escuras brilhantes e flores grandes e brancas, que podem apresentar um leve tom creme. Originário da Ásia, prospera em climas tropicais e subtropicais, sendo apreciado por sua resistência e capacidade de adaptação.

História da Planta: Esta espécie tem uma longa história de apreço em várias culturas ao redor do mundo. O Hibisco Branco é símbolo de pureza, beleza e espiritualidade em várias culturas. Na Ásia, é associada à deusa Kali e possui conotações espirituais e medicinais. Em algumas tradições, o Hibisco Branco é utilizado em cerimônias e rituais.

Usos Conhecidos: Além do valor ornamental, o Hibisco Branco possui propriedades medicinais. As flores e folhas são frequentemente utilizadas em infusões, conhecidas por seus potenciais benefícios à saúde, incluindo propriedades antioxidantes e anti-inflamatórias. *Fonte: Hibisco Branco | ONG Paz Sem Fronteiras

Caule do Guaimbé, fonte: Fabrício Minaj

GUAIMBÉ

Philodendron bipinnatifidum Schott é popularmente conhecida como cipó-imbé, filodendro, imbé, guaimbé, banana-de-macaco, costela-de-Adäo, entre outras denominações populares. Apesar de ser reconhecida como planta tóxica por muitos, existem relatos de sua utilizaçäo em erisipela, inflamações reumáticas, orquite; as folhas säo aplicadas sobre úlceras. A raiz em pó é conhecida como purgatico drástico. Para as análises anatômicas foram utilizadas as partes aéreas floridas e as raízes aéreas de plantas adultas.

 Estudo farmacognóstico e farmacológico de Philodendron bipinnatifidum Schott (Araceae) / Philodendron bipinnatifidum Schott pharmacognostic and pharmacology study

*Fonte: pesquisadora Wânia de Oliveira Vianna.

 

IEMA Pleno São Luís, fonte: Fabrício Minarj

IEMA Pleno São Luís (sede do Projeto de Extensão Moviema), em relação à atividade da Exposição "Hibisco, guaimbé, a arte e a cura", devemos destacar que a escola conquistou em 2022 o primeiro lugar com a certificação Selo Cidadania Ambiental do Maranhão, criado pela Escola Ambiental do Maranhão e a Secretaria de Estado da Educação (Seduc), que tem por objetivo valorizar e fomentar as ações e projetos que estimulem a responsabilidade socioambiental nas escolas, como forma de garantir o uso racional dos recursos públicos e também os recursos naturais. A expertise do Selo conseguiu estimular o engajamento de toda a comunidade escolar, a exemplo desta mostra.

O Herbário Rosa Mochel, sediado na Universidade Estadual do Maranhão, através de parceria com o evento, criou as excicatas das plantas estudadas no projeto, resultando nestas mostra visual.

FICHA TÉCNICA DA ORGANIZAÇÃO:

Coordenador do Projeto Moviema: Jonhatan de Matos Camilo

Responsáveis pelas atividades: Francisca da Silva Costa e Fabrício Minaj

Montagem da exposição: Milena Silva

Curadoria em acessibilidade: Luanne Gabrielle Morais Costa

Assessoria em estudo ambiental: Michele Costa de Castro Nascimento

Assistência Técnica: Ediane Fonseca

Apoio Técnico: Leandro Gabriel, Edilene Patrícia Vieira dos Santos Ferreira, Leonardo Chagas e Davi Bezerra.










segunda-feira, 20 de maio de 2024

Projeto Integrador da Cultura Popular e a OLIEMA


E-BOOK: CONTOS DA CULTURA POPULAR



O livro "Contos da Cultura Popular" é fruto da 1ª Olimpíada Literária do IEMA - OLIEMA que foi pensada como proposta de pesquisa e engajamento literário, envolvendo a unidade educacional do Instituto Estadual de Educação, Ciência e Tecnologia do Maranhão – IEMA, IEMA Pleno São Luís – Centro e mais 14 (catorze) unidades pertencentes a 10 (dez) municípios da Mesorregião Norte do Maranhão. Um recorte geográfico delimitado pela amplitude mínima de cidades envolvidas, determinada pela Chamada Pública CNPq/MCTI/FNDCT nº 41/202.

A OLIEMA foi inserida na Linha 3 da Chamada, como “olimpíada regional” por seu caráter de primeira edição. O Projeto Integrador "Cultura Popular na Olimpíada Literária do IEMA" foi agregado ao projeto como uma atividade preparatória para a competição, envolvendo toda a comunidade escolar de forma multidisciplinar, buscando incentivar os alunos a produzirem textos, desenvolvendo narrativas no formato de contos.

O edital criado por nós, foi publicado no site oficial do IEMA e no site da OLIEMA. Foram 265 (duzentos e sessenta e cinco) inscritos e o julgamento dos textos (em apenas uma categoria: o conto) competiu à uma Comissão Avaliadora, designada pela Gestão Geral do IEMA, composta de 18 (dezoito) membros: entre escritores, bibliotecários, professores de literatura, membros de instituições ligadas à literatura (Biblioteca Benedito Leite, Cursos de Letras e Biblioteconomia da UFMA, PGE e SESC).


Para preparação dos estudantes, trabalhamos em um Projeto Integrador, os conceitos e objetos que integram e definem a CULTURA POPULAR.

*Imagem: Bumba Meu Boi, acrílica sobre tela, 2021. Visualização, acesso em 22 de fevereiro de 2023. Pintura de Dila, artista naif ), artista naif maranhense, que costuma retratar a Cultura Popular. Possui painel azulejar no aeroporto e painéis de arte pública em São Luís.

         O conceito de Cultura é bastante amplo e abrangente, podemos pontuar os de alguns pensadores da cultura, de forma a convergirmos nosso entendimento para o conhecimento da cultura dentro de uma localidade.

A antropóloga Ruth Benedict afirmou que a Cultura é como uma lente através da qual o homem vê o mundo. O modo de ver o mundo, as apreciações de ordem moral e valorativa, os diferentes comportamentos sociais e mesmo as posturas corporais são produto de uma herança cultural.

O sociólogo Anthony Giddens também afirma que a cultura é o conjunto de crenças, costumes e valores que se manifestam nas inter-relações entre os indivíduos e o conjunto de uma dada sociedade (1997, p. 46-47).

Já o antropólogo argentino Néstor García Canclini pontua a cultura como "um processo de social de produção", produto coletivo da vida humana que não pode ser entendido sem referência à realidade social de que faz parte. Sobre as populações de origem indígena, africana e mestiça majoritárias. Em sua obra “Culturas Híbridas: Estratégias para entrar e sair da modernidade”, Canclini caracteriza hibridismo cultural como sendo um processo em que duas culturas antes distintas se mesclam abrangendo aspectos culturais, econômicos e políticos. É um processo que ocorre com a mistura de diferentes culturas, que não se definem mais com rótulos de culto, popular e massivo convivendo em um mesmo cenário social.

Enquanto a cultura popular é uma manifestação espontânea de um grupo, a cultura erudita é criada a partir de um estudo e conhecimentos específicos. Durante muito tempo, essa diferença fez com que esses dois tipos de cultura fossem vistos como muito diferentes uma da outra e como manifestações culturais separadas.

 Foi no século 19 que o termo “cultura popular” foi concebido. Tradicionalmente, o termo estava associado à uma educação precária e às classes populares, o que é o oposto da “alta cultura” e da educação superior das classes formadas pela elite.

A cultura popular surge das tradições e costumes e é transmitida de geração para geração, principalmente, de forma oral. A cultura popular representa um conjunto de saberes determinados pela interação dos indivíduos. Um conjunto de expressões culturais que se desenvolvem em uma determinada comunidade, geralmente de forma popular e informal. Essas expressões incluem folclore, música, dança, artesanato, culinária, festividades religiosas e seculares, lendas, mitos, provérbios e costumes locais.

A Cultura Popular é caracterizada pela sua autenticidade e diversidade, representando a identidade cultural de um povo ou região. Ela é moldada pelas tradições, valores, crenças e experiências coletivas de uma comunidade. A Cultura Popular é uma importante fonte de preservação da história e das raízes culturais de uma sociedade. Ela pode ser celebrada e valorizada através de eventos culturais e de programas de incentivo à sua preservação e divulgação. Caracteriza-se pela participação ativa do povo na produção e expressão artística, abncorada em tradições, ela é construída no seio de uma comunidade que é simultaneamente sua autora e seu público.

 A RESPEITO DA DIMENSÃO DA CULTURA....

Entendemos que a nossa identidade, tanto pessoal quanto social, somente pode ser constituída nas e pelas relações com outras pessoas e a interação com as diferentes culturas, por isso é importante oportunizarmos meios de conhecer elementos que permeiam a vivencia cultural de nosso povo, reconhecê-los e valoriza-los.

Assim, é necessário compreender que todas as diferentes linguagens, nesta perspectiva, “são frutos de expressões culturais de um povo, de suas crenças, mitos, lendas, cantos, danças, construídas ao longo de sua história, muitas vezes, até como forma de resistência e luta frente à globalização e ao consumo de outras culturas.

                     [...] a cultura brasileira é plural, o que significa que não podemos pensar que apenas um grupo social, uma região, um modo de falar, um tipo de música é mais importante que outros tantos que coexistem num país tão grande e tão rico em suas várias culturas como é o Brasil (MURRIE, 2006, p. 32).

 Nesse aspecto, o Brasil, representado por suas regiões, possui uma riqueza inigualável, no que se refere à pluralidade cultural, e por isso mesmo precisamos fortalecer nas escolas a busca por uma identidade local, regional e nacional. Particularmente, no Maranhão, nossa maior riqueza vem das manifestações culturais as quais nos identifica e nos diferencia no cenário nacional e mundial.

                   É preciso despertar a consciência de que devemos “valorizar todas as formas de manifestação cultural de um povo como forma de manter viva sua ideologia, história, sua identidade, dentro dos preceitos da liberdade de expressão, característica da democracia” (BOURDIEU, 1989, p.42).

No Brasil, podemos pegar como exemplos de cultura popular a literatura de cordel; a música sertaneja de raiz; o samba; o maracatu; as festas populares, como o frevo, o Círio de Nazaré, o Festival de Parintins e a Folia de Reis; as cantigas; a mitologia indígena; e tantas outras expressões artísticas e culturais.

 CULTURA POPULAR MARANHENSE 

De acordo com o Plano Municipal de Cultura de São Luís “a identificação da cultura de uma cidade é feita por meio dos principais símbolos que traduzem os modos de ser e estar das pessoas que ali vivem. São Luís é reconhecida nacionalmente, por exemplo, pelo seu vasto patrimônio histórico e arquitetônico, pela diversidade de lendas que compõem o imaginário coletivo, por sua tradição literária, pelas manifestações religiosas e da cultura popular (especialmente o Bumba-Meu-Boi e o Tambor de Crioula)”,  Além de suas particularidades carnavalescas, como o Bloco Tradicional com sua batida unica e indumentarias luxuosas, há também a figura do nosso fofão, personagem simbolo que permeia nossa tradição momesca.

No período junino temos uma profusão imensa de festas, ritos e apresentações artísticas e culturais, como a Dança do Coco, Dança do Cacuriá, Dança Portuguesa, Quadrilhas e a riqueza dos variados sotaques e oriinalidade das toadas de Bumba-Meu-Boi.

 

Para atividade em sala de aula, sugerimos:

1. Projeto Integrador da Cultura PopularAcesse aqui

2. O jogo no aplicativo online Kahoot: Arte e Cultura Popular: Acesse aqui

3. Livro "Contos da Cultura Popular": Acesse aqui

4. Edital do IEMA: Acesse aqui

5. Olimpíada Literária - OLIEMA: Acesse aqui o site

REFERÊNCIAS

BOURDIEU, P. A identidade e a representação: elementos para uma reflexão crítica sobre a ideia de região. In: O poder simbólico. Lisboa: Difel, 1989.

BRASIL. MEC Secretaria de Educação Básica. Parâmetros Curriculares Nacionais do Ensino Médio. Secretaria de Ensino Médio. Brasília: MEC/SEF, 1998.

______. Senado Federal. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional: nº 9394/96. Brasília: 1996.

GRAMSCI, A. Os intelectuais e a organização da cultura. 8. ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1991.v

Orientações curriculares para o ensino médio. Linguagens, códigos e suas tecnologias / Secretaria de Educação Básica. – Brasília: Ministério da Educação, Secretaria de Educação Básica, 2006. 239 p. (volume 1).

MOISÉS, Massaud. Dicionário de Termos Literários. São Paulo: Cultrix,2004.

MURRIE, Zuleika de Felice (coord.). Linguagens, códigos e suas tecnologias - livro do estudante: Ensino Médio — 2. ed. — Brasília: MEC: INEP, 2006.

Parâmetros Curriculares Nacionais para o Ensino Médio - PCNEM. Ministério da Educação, 2000

TAVARES, Hênio. Teoria Literária. 11ºed. Rev. e Atual. Belo Horizonte/Rio de Janeiro: Villa Rica, 1996.

Imagem: Pintura da artista Dila no muro da TV São Luís. Fonte: Francisca Costa, em outubro de 2017.



sábado, 12 de agosto de 2023

TAMBOR DE CRIOULA QUINTA DAS LARANJEIRAS

 

TAMBOR DE CRIOULA

Patrimônio Imaterial Maranhense

 

Arte de Romildo Rocha, cedida para ilustrar o material de divulgação do Tambor

A cultura de um povo agrega um conjunto de manifestações artísticas, sociais, linguísticas e comportamentais, possibilitando a origem de mitos, crenças, histórias populares, lendas, tradições e costumes que são transmitidos de geração em geração.

O Maranhão se destaca nesse campo, com seu rico e diversificado patrimônio natural, cultural material e imaterial, sendo a cidade de São Luís nacionalmente conhecida como uma localidade de grande riqueza artística, agregando ao longo de seus 411 anos uma extensa diversidade cultural.

Cheia de lendas, mistérios e encantos, além de ter uma riqueza arquitetônica, cultura popular diversificada por suas raízes ancestrais pautadas na mistura latente das etnicidades indígena, africana, portuguesa, francesa e holandesa - pois é a única cidade brasileira fundada pelos franceses, invadida por holandeses e colonizada pelos portugueses.

A terra de Gonçalves Dias, Ferreira Gullar, Alcione, Zeca Baleiro, João do Vale e Joãozinho Trinta, carrega, os títulos de Atenas Brasileira, Ilha do Amor, capital brasileira da Cultura e do Reggae e, claro, o tombamento como Cidade Patrimônio Mundial da Humanidade.

Esse reconhecimento também se estende ao Patrimônio Imaterial, como o título do Tambor de Crioula, concedido em 2007 pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN): é Patrimônio Cultural do Brasil.

Assim, São Luís instituiu o Dia Municipal do Tambor de Crioula através da Lei Municipal 4.349 em 21 de junho de 2014. E o Governo do Maranhão, por meio do Decreto 34.718, reconheceu a manifestação como Patrimônio Cultural Imaterial do Estado, institucionalizando ações de salvaguarda.

Entende-se por salvaguarda de um bem cultural imaterial, as medidas de promoção, proteção e preservação que preveem a continuidade e fortalecimento de uma prática cultural.

O Tambor de Crioula é uma manifestação popular que tem como principais elementos os tambores, os cantos e a dança. Estes, atuam reciprocamente formando o conjunto da apresentação.

O Tambor de Crioula é uma manifestação afro-brasileira que tem como principais características a utilização de 3 (três) tambores: grande, meião e crivador, que formam a “parelha”. Os tambores possuem diferentes tamanhos e seu manuseio, afinação e toques, para serem compreendidos, precisam também serem contextualizados com o processo diaspórico do continente africano.

É ainda, uma forma de resistência, um importante instrumento que atua na conscientização de que nossas raízes são partes importantes, fundamentais na formação da nossa identidade histórica.

O Tambor de Crioula é uma manifestação popular atemporal que se faz presente durante todo o ano, não havendo local específico para sua prática, acontecendo em terreno de chão batido ou em grandes salões de eventos, palcos de teatro, praças, entre outros locais.

O antropólogo Sérgio Ferretti (2012) no artigo “O Calor do Tambor” fala sobre o Tambor de Crioula como uma dança típica do estado do Maranhão que, por hora, pode ter caráter religioso e profano, as vezes sendo considerado uma brincadeira realizada em qualquer época do ano, muitas vezes em prol de pagamento de promessa para São Benedito. O autor afirma que a expressividade também é chamada de Punga, por conta da marcação do tambor grande e da umbigada das mulheres que também recebe o mesmo nome e tem que ser no mesmo tempo.

Na orelha do livro “Tambor de Crioula - Ritual e Espetáculo” (FERRETTI,2002), Mundicarmo Ferretti conceitua o tambor de crioula como “uma das manifestações da cultura popular maranhense mais expressiva onde muita brincadeira é realizada em agradecimento a São Benedito ou para uma entidade, em agradecimento por uma graça alcançada”.

Além do casal Ferrettti, o pesquisador e entusiasta da Cultura Popular Domingos Vieira Filho também se manifestou acerca desta manifestação cultural. Diz no seu livro Folclore do Maranhão que “O Tambor de Crioula no Maranhão é simples dança para se divertir, sem a menor pertinência com a religiosidade do negro maranhense e seus descendentes”. É nesse sentido que se faz necessário desmistificar os tipos de entendimento sobre esta dança, mostrar aos alunos que essa manifestação artística representa a cultura maranhense em sua essência, que o Tambor de Crioula é uma festa que visa à diversão dos participantes por meio da dança, da percussão e do canto, sendo uma criação efetivada pelos descendentes dos negros escravizados no Maranhão.

 HISTÓRICO

...ASSIM SURGE O TAMBOR DE CRIOULA QUINTA DAS LARANJEIRAS

O Tambor de Crioula Quinta das laranjeiras surgiu de uma Disciplina Eletiva dentro da escola de Ensino Médio IEMA Pleno São Luís – Centro, no ano de 2022. De início, entusiasmando alunos e professores, depois foi abraçado pela comunidade do Centro de São Luís, que se reúne semanalmente para os ensaios regados a muita diversão dos brincantes. 

A ideia da atividade artística surgiu mesmo da necessidade de construir uma ponte entre escola e comunidade a partir da cultura, disseminando os atributos de uma arte ancestral carregada de valores, significados e pedagogias diversas na transmissão de saberes de forma oral, mas que ainda precisa transpor os muros da escola em um contexto integrador e transdisciplinar que reverbera na pluralidade de conhecimentos, dialogando com a promoção da cultura, da cidadania em diálogo social, por meio da mediação de saberes ancestrais

É desta forma que o Tambor de Crioula Quinta das Laranjeiras se insere, estimulando a relação de responsabilidade com a memória, espaço e manutenção do patrimônio, seus costumes e valores locais a partir das linguagens artísticas embutidas na manifestação aqui proposta.

Acreditamos que unindo pessoas neste grupo, contribuímos para a continuidade desta manifestação artística e, ainda, atuamos na desconstrução de uma visão preconceituoso e intolerante acerca do Tambor de Crioula, uma manifestação cultural maranhense, Patrimônio Cultural Imaterial Brasileiro.

  

 

Pintura da Artista Plástica Ana Borges, representando o Tambor de Crioula.

 

 Integrantes do Tambor:

Romildo Sousa Júnior

Francisca Costa

Lucinda Mamede

Ana Pathrycya da Silva Pereira

Andreiza Vitoria Costa Sousa

Dandara Aparecida Araújo de Sousa

Eduardo Henrique Cunha Véras

Iara Patrícia Gatinho Ferreira

Ozias Rikelmy do lago Paurá

Pedro Guilherme Rabelo Borges

Ricardo araujo ferreira

Thalison Ramos Coelho Lima

 

Sede dos ensaios: Rua Oswaldo Cruz, SN, Centro.

Fotos: