Devemos
ter consciência que a prática de ensino está situada de acordo com as
constantes transformações da vida cotidiana e assim, o professor deve manter-se
atento às mudanças que a sociedade impõe, que vêm acontecendo de forma cada vez
mais rápida, na realidade contemporânea.
Neste
sentido, a pesquisa no ambiente escolar é um caminho para a observação dessas
mudanças, para visualização de problemas e a proposição de soluções, através de
ações que relacionem a prática educacional à realidade social e cultural do
aluno.
Pelo
regimento que ampara o ensino da arte em sua importância para o estudo da
cultura, cabe ao professor, em sua plena formação e aquisição de competências,
garantir ao aluno a aplicação dos conteúdos aliados à pesquisa e aplicação de
projetos que as direcionem. Por isso, situar-se em constantes atualizações,
haja vista os avanços tecnológicos e o acesso a novas mídias. É quando a arte
passa a instigar maior participação ou respostas mais imediatas de seu público,
principalmente, por este momento histórico manter-se interligado culturalmente,
ao ponto do “mundo de percepção do aluno não estar mais restrito ao seu meio”,
extrapola o ambiente do lar, da escola e do bairro em que vive (ANDRÈS, 2000, p.150).
Assim,
Ferraz e Fusari apontam uma preparação singular do professor de arte e já
insere a arte como um diferencial analítico nos conteúdos: linguagens, códigos
e suas tecnologias, “nossa competência é incluir e educar a capacidade de
julgar, avaliar as atividades e as experiências em todas as linguagens
consideradas como meios de comunicação e expressão (1999, p.44).
Dewey visualizou uma educação que desse condições para os alunos tomarem consciência para a resolução de problemas por si mesmos, provocando iniciativa e autonomia, produzindo resultados, estreitando relações entre teoria e prática.
Teorias adotadas pelo educador Anísio Teixeira em seu livro Educação e o Mundo Moderno, onde aponta que este tipo de educação pautada na experiência,
A
pesquisa dentro da escola visa nortear educadores de arte e seus alunos, em
atividades que se baseiam exatamente nesse pensamento de Dewey e ainda no de
Nicolas Bourriaud que pondera a união da práxis e poiésis,
teorizadas por Marx, que visa a “totalização da experiência (...) mesclando
produção e produto em um dispositivo de existência” (Dewey, 2010, p.68).
Santos,
em sua obra Pela mão de Alice, aborda a importância da pesquisa e da ciência
dentro da universidade, porém havemos que ponderar que a pesquisa científica
pode estar presente na educação básica também. Sentimos a necessidade de ampliar
para todas as instâncias educacionais a consideração de que
É cada vez mais importante fornecer aos estudantes uma formação cultural sólida e ampla, quadros teóricos e analíticos gerais, uma visão global do mundo e das suas transformações de modo a desenvolver neles o espírito crítico, a criatividade, a disponibilidade para a inovação, a ambição pessoal, a atitude positiva perante o trabalho árduo e em equipe, e a capacidade de negociação que os preparem para enfrentar com êxito as exigências cada vez mais sofisticadas do processo produtivo. (p. 198, 2010).
A pesquisa na educação básica otimiza a produção do conhecimento, permite ao alunos exercitarem a busca de respostas, valoriza suas experiências prévias, projeta caminhos, rompe barreiras entre o conhecimento empírico e o conhecimento científico.
Importância do conhecimento popular o empírico para o conhecimento cientifico.
Abbagnano (p. 205, 2012) conceitua o
conhecimento, de forma geral, como “uma técnica para a aferição de um objeto”,
objeto este que possibilite a descrição, o cálculo ou a previsão verificável,
onde a técnica pode ter os mais diversos graus de eficiência.
Devemos considerar a importância de todas as
formas de conhecimento, elas se cruzam à medida o objeto de interesse surge até
a aferição de sua existência, como cita o autor, é quando uma tese se apresenta
em suas complexidades, surgindo assim, uma fonte de pesquisa.
O conhecimento é costumeiramente dividido em
diferentes campos: conhecimento popular, filosófico, religioso e cientifico. Porém,
o conhecimento cientifico diferencia-se dos demais, não pelo seu objeto de
estudo, mas pela forma como o mesmo é obtido.
Porém, defendemos que o conhecimento empírico
é uma importante base para o pensamento e a sociabilidade, por isso precede o
conhecimento científico, pois muitas pesquisas e comprovações científicas surgiram
de forma a esclarecer dúvidas em relação ao conhecimento popular.
É ainda o conhecimento referenciado por Marilena
Chauí quando cita o pensamento de John Locke: “De onde procede todo o material
da razão e do conhecimento? Responde em uma só palavra: da experiência. Todo nosso
conhecimento se baseia nela e dela provém em última instância” (apud, Chauí, p.
129, 2006)
Como se formam os conhecimentos? Por um
processo de combinação e associação dos dados da experiência. Por meio das
sensações, recebemos as impressões das coisas externas; essas impressões formam
o que Locke chama de ideias simples. (Chauí, p. 129, 2006).
REFERÊNCIAS
ABBAGNANO. Dicionário
de Filosofia. 6ª ed. São Paulo: Martins Fontes, 2012.
ANDRÈS, Maria Helena. Os caminhos da Arte. 2° ed. Belo Horizonte: C/Arte, 2000.
BARBOSA, Ana Mae. John Dewey e o ensino da
arte no Brasil. São Paulo: Cortez, 2001.
_________________ Tópicos utópicos. Belo
Horizonte: C/Arte, 1998.
BOURRIAUD, Nicolas. Formas de vida: a
arte moderna e a invenção de si. São Paulo: Martins Fontes, 2011.
CHAUÍ,
Marilena. Convite à Filosofia. 13ªed. São Paulo: Ática, 2006.
DEWEY, J. Arte como experiência. São
Paulo: Martins Fontes, 2010,
FERRAZ, Maria Heloísa Corrêa de Toledo. Metodologia
do ensino de arte. São Paulo: Cortez, 1999.
JOHNSON, Allan
G. Dicionário de Sociologia: guia prático da linguagem sociológica. Rio
de Janeiro: Jorge Zaar, 1997.
LAKATOS. Eva Maria
e MARCONI, Marina de Andrade. Metodologia do Trabalho Científico. 8ª ed. São
Paulo: Atlas, 2018..
SANTOS,
Boaventura Sousa. Pela mão de Alice. 13. Ed. São Paulo: Cortez, 2010.
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