Texto produzido para a Plataforma Gonçalves Dias, o curso pré-vestibular online do Governo do Esttado, By Francisca Costa.
Ao longo da história da humanidade, absorvemos, influenciamos ou somos influenciados (as) por culturas que mantivemos algum tipo de contato. A arte coexiste em todas as partes do globo, mas a história da arte, como um esforço contínuo, não tem seu princípio ou fim definido.
Na verdade, há a continuidade transmitida de mestre a discpulo, de discípulo a admirador ou copista, o que ligaria a arte do vale do Nilo de cerca de cinco mil anos à produção do povo grego, que em sua fase mais antiga remonta às características da arte egípcia, que por sua vez remonta às características da arte na Mesopotâmia. Vemos que os mestres gregos “frequentaram” a escola dos egípcios (parafraseando o historiador de arte austríaco Ernst Hans Josef Gombri ch), que todos nós somos discípulos dos povos gregos e também dos povos romanos que foram influenciados de forma linear e transitória pelos mesmos.
A influência dos gregos e romanos pode ser verificada por toda a história da humanidade, a partir de sua própria existência até os dias atuais. E não fazemos referência apenas à influência na lingua portuguesa, mas em extensas referências, encontradas em todos os segmentos da vida em sociedade.
Há um verdadeiro devir em torno da arte greco-romana, como podemos perceber no estudo da Idade Média, negando seus preceitos e cânones, depois resgatados nos períodos posteriores como o Renascimento (cuja nomenclatura já os requisita de forma direta, no século XIV) e o Neoclassicismo (em que a nomenclatura os trata como o “novo clássico”, fomentado pela descoberta das ruínas da cidade de Pompéia, soterrada pelas lavas do vulcão Vesúvio), reencontradas em meados do século XVIII.
Imagem mostra que as esculturas expostas no local, hoje museu a céu aberto, foi na verdade fruto do preenchimento dos espaços vazios do corpos soterrados decompostos com o tempo. |
Constatamos a História sempre negando ou exaltando os “clássicos” nas mais diferentes representações artísticas, culturais e sociais. A palavra clássico deriva do latim classicus, que significa um cidadão da mais alta classe, de extremo valor, segundo o pesquisador da história da música, Roy Bennett.
Desta forma, costumamos reportar o termo a obras com grande estima e reconhecimento universal: _Shakespeare é um “clássico” da literatura!
Os gregos e romanos são “clássicos” para a filosofia, sociologia, matemática, política, música, arquitetura, escultura e para a literatura, pois são referência e base para a nossa cultura geral.
A arte grega
costuma ter seu estudo dividido em três períodos que demarcam, em sua temporalidade, modificações substanciais, acréscimos de definições e rebuscamentos.
Período Arcaico
Nos primeiros séculos, a produção escultórica do povo grego se assemelhava a dos egíp- cios em rigidez. Sabemos que os egípcios baseavam sua arte no reconhecimento de si mesmos. Mas os gregos faziam as representações de si cada vez mais realistas. Uma vez iniciada essa revolução, os escultores em suas oficinas ensaiaram novas ideias e novos modos de composição da figura humana, cada inovação era avidamente adotada por outros.
O homem jovem era representado nú (essas estátuas eram chamadas de “Kouros”) e as moças eram representadas vestidas (korés).
A sua cerâmica era decorada com padrões geométricos simples e, quando se queria re- presentar uma cena, esta formava parte do desenho com austeridade e rigor.
Período Clássico
No período clássico, a arte passa a apresentar grande apuro técnico, com a criação de cânones e regras para a representação pautada na natureza, tanto para figura humana quan- to para a arquitetura e a pintura. Com a utilização de formas idealizadas, mais belas que o normal, representação de atletas em pleno movimento e mulheres com vestes esvoaçantes, como representação dos deuses (os gregos eram politeístas!), tudo podendo ser detalhado em esculturas que servem como enfeites dos templos.
Neste período, percebemos maior indução de movimento nas estátuas, para isto, começa a utilização do bronze que era mais resistente do que o mármore, podendo fixar o movimento sem que os membros (braços, pernas) se quebrem (como acontecia na utilização do mármore). Na pintura da cerâmica, há o destaque no uso de tintas vermelhas sobre o fundo negro, percebemos a pintura com maior dinamismo, realismo, naturalismo e expressividade.
Foi o período em que a democracia ateniense atingiria seu nível mais eleva- do e que a arte grega deu início a um grande desenvolvimento.
Período Helenístico
O período helenístico teve influência oriental, da macedônia, com a arte mais decorativa e suntuosa quando o apogeu técnico, estético e conceitual do povo grego foi atingido e, por fim, seu declínio.
Nesse período, aprimoraram uma multiplicidade de usos e técnicas, como a da encáustica sobre gesso e mármore pela aplicação de cera derretida, criação de mosaicos, que adquirem detalhismo e refinamento.
As esculturas ganham intensa expressividade e teatralidade, emotividade e riqueza de detalhes, feitas em bronze (o domínio da técnica escultórica em mármore será alcançado apenas pelos romanos, que copiarão as obras gregas e usarão o bronze para fazerem armamentos). A arte helênica conservou ainda algumas direções clássicas puras idealizadoras do objeto, mas a tendência, todavia, é para o aumento de imaginação e liberdade, a arte passa a superar o equilíbrio clássico, por sua dinamicidade.
Teatro Grego de Taormina |
Arte Romana
A estética
romana teve por base a cultura
greco-helenística, que aos poucos foi adquirindo características
próprias, na construção de uma arte
que atendia com praticidade o modo de
vida e necessidades dos romanos. A
temporalidade é aproxima- da de 753
a.C. (quando a cidade de Roma é fundada)
até 476 d.C. (com o fim do Império Romano,
um império que durou cerca de mil anos).
Assim como os gregos, os romanos eram politeístas, absorvendo a mesma religio- sidade e suas características, adotando a mudança dos nomes de alguns deuses do panteão grego. Afrodite se transformou em Vênus, Ares virou Martes, Hera – esposa de Zeus - foi chamada de Juno pelos romanos e o Zeus grego (soberano do olimpo), se converteu em Júpiter.
Herdeiros da arte grega, os romanos espalharam suas esculturas, pinturas e mosaicos por todo território que conquistavam, igualmente, construíam teatros onde podiam ser re- presentadas peças que serviam para instruir e divertir a população. Em algumas cidades eram levantadas arenas para jogos de gladiadores, recriações de batalhas, lutas entre ho- mens e animais selvagens (o anfiteatro romano era construído a céu aberto e em vários pavimentos, diferente do grego que aproveitava o relevo das encostas de montanhas).
A arquitetura romana deriva da arquitetura grega, embora diferenciando-se por algumas características ou agregando-as, por isso alguns autores agrupam ambos estilos designan- do-os por arquitetura clássica. Alguns tipos de edifícios característicos deste estilo propa- garam-se por toda a Europa, em particular, o aqueduto, a basílica, a estrada romana, o do- mus, arcos do triunfo, e o Panteão. Os monumentos romanos se caracterizam pela solidez, aprenderam com os etruscos o emprego do arco, assim como a abóbada ou teto curvo e o cimento hidráulico. Construíram também catacumbas, fontes, obeliscos e templos.
Aqueduto de Kavala |
Imagem “Augusto de Prima Porta”, mármore, 2,08 metros, 0,12 metro x 1,3 metro, localizado no Museu do Vaticano. |
Este texto é complementado com os outros dois artigos sobre as referências clássicas:
- A arte de renascer do clássico: Renascimento - https://culturaysociedade.blogspot.com/2020/03/a-arte-de-renascer-dos-classicos.html;
- A arte de renascer do clássico: Neoclassicismo - https://culturaysociedade.blogspot.com/2020/05/a-arte-de-renascer-do-classico.html.
QUESTÕES DE PROVA COM O TEMA:
Questão 1 (Ueg 2013)
Analise a imagem
ACIMA.
Augusto de Prima
Porta, esculpida por volta de 19 a.C., é uma típica escultura da Roma antiga. A diferença dessa escultura em relação às gregas do período clássico está:
a) na monocromia, indicando maior austeridade dos costumes roma nos em comparação com os dos gregos.
b) na postura ereta e estática, demonstrando que as esculturas
gre gas retratavam o movimento dos corpos.
c) no caráter político, já que as esculturas gregas priorizavam temas
da mitologia
religiosa.
d) no uso da indumentária militar na composição da obra, uma vez que as esculturas gregas valorizavam o corpo humano.
Resposta: Letra C
Questão 2 (UFSM 2012)
Observe a primeira imagem deste artigo,
com base nas gravuras, reflita a respeito da Antiguidade Clássica e analise as
afirmati vas a seguir.
I.A Civilização Grega não sofreu influência dos egípcios nem dos povos do Oriente Médio. Sua cultura esgotou-se entre os gregos e sua originalidade foi reconhecida apenas com o Renascimento Cultural.
II.A arte do período clássico evidenciou o ideal grego de harmonia e equilíbrio,
per cebido tanto na representação da figura humana quanto no projeto de sociedade, a pólis.
III.A arte do período helenístico
expressou uma dramaticidade que pode ser entendi da como expressão das tensões do mundo.
IV.Ao conquistar e dominar as cidades gregas, o Império Romano manteve o seu projeto original (oriundo das culturas itálicas) e ignorou a cultura helênica.
Está(ão) correta(s)
a) apenas I e II.
b) apenas II e III.
c) apenas I, II e III.
d) apenas III e IV.
e) apenas IV.
Resposta: Letra B
Questão 3 (Enem 2011)
imagem: Direitos de autor: © 2013 Francisco Aragao. |
Brasília 50 anos. Veja. N° 2 138, nov. 2009. |
Resposta: Letra B
REFERÊNCIAS
BOZZANO, Hugo B. Arte em interação. Volume único. São Paulo: Ibep, 2013.
COSTA,
Francisca. Arte Grega. Disponível em :
https:/ drive.google.com/file/d/1zHAS4iTVIOy8x75w_IL_8s0zPb- V15ek-/view?usp=sharing. Acesso
14 de agosto de 2020.
DOMINICI, Marcos. Grécia – Artes Visuais. Disponível em: https:/ drive.google.com/file/d/1bvRX4PVTsUVSNR- xBuk4JLQaB-OO1Ps1t/view?usp=sharing. Acesso 14 de agosto de 2020.
Disponível em: Enciclopédia Itaú cultural: http:/ enciclopedia.itaucultural.org.br/termo26/afresco. Acesso 14 de agosto de 2020.
FERRARI, Solange dos Santos Utari. Arte por toda parte: volume único. 2. Ed. São Paulo: FTD, 2016. GOMBRICH, E. H. A História da Arte. São Paulo: Martins Fontes, 1998.
REIS, Eliana Vilela dos. Manual compacto de Arte – ed. Rideel – 2010.
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