quinta-feira, 8 de agosto de 2019

As faces do mal estão à solta



    A estoria do mais famoso serial killer dos EUA está mais uma vez nas telas de cinema, (Sim, Ted Bundy, serviu de inspiração para uma série de filmes que retratam psicopatas assassinos!).
    Numa crítica, Isabela Buscov aponta: "é, em suma, um personagem perfeito para os dias de hoje: um mestre em cegar com aparências, em vender versões no lugar de fatos e em negá-los peremptoriamente, mesmo diante de evidências inequívocas."
    A psiquiatra Ana Beatriz Barbosa Silva, autora do bestseller "Mentes Perigosas", afirma que há uma estatística onde a cada 25 pessoas, uma pode ser diagnosticada com algum tipo de psicopatia, a incapacidade de sentir empatia por outra pessoa. (veja o artigo: http://www.revistacorpoemente.com.br/noticias/a-cada-25-pessoas-no-brasil-uma-e-psicopata-diz-autora-de-best-sellers)
     A arte imita a vida, neste caso? 

    Outra adaptação, feita em 2017 por Luiz Ortega, com produção de Pedro Almodóvar, conta a historia do maior serial killer da Argentina, Carlos Robledo Puch, preso há 45 anos, "El ángel", o sucesso de publico, somando a maior arrecadação de bilheteria do ano de 2018 no país de origem, denota além da habilidade técnica e esmero do diretor, a curiosidade das pessoas sobre a temática, os porquês sobre tais atos, os limites e desvios na mente humana.
    A trilha sonora traz algumas musicas do Moondog, como "bird's laments", músicas de Palito Ortega (pai do diretor do filme), conferida no trailler e de outros artistas latinos da decada de 70, o que já vale uma conferida... E ir além... As performances de Chino Darín (filho do mais aclamado ator argentino, Ricardo Darín) e Lorenzo Ferro são um diferencial.


https://youtu.be/VrePOzNfYHE

     O tema assumiu um argumento na metalinguagem com a premiada série norte americana Dexter, produzida pelo canal Showtime, onde um assassino em série, matava assassinos que a polícia não conseguia capturar.
     Dexter, o personagem título, trabalhava como analista forense especialista em padrões de dispersão de sangue (sim, uma especialidade curiosa) no departamento da polícia de Miami. O programa estreou em 1 de outubro de 2006  e teve o seu último episódio em 22 de setembro de 2013, foram oito temporadas. Uma adaptação do livro Darkly Dreaming Dexter de Jeff Lindsay.
     Valendo-se do fato de ser um muito habilidoso especialista forense em análise sanguínea e de trabalhar no Departamento de Polícia de Miami, Dexter, de um modo bem meticuloso e sem pistas, matava criminosos que a polícia não conseguia levar à Justiça. Ele organizava seus assassinatos em torno do "Código de Harry", um apanhado de regras e procedimentos desenvolvidos por seu pai adotivo, Harry, para garantir que seu filho nunca fosse preso e assegurasse que ele matasse apenas outros assassinos. Harry também treinou Dexter quanto à interagir convincentemente com outras pessoas apesar de ser um sociopata. Seus relacionamentos desenvolvidos durante a série, no entanto, acabavam por mal suceder em seu estilo de vida duplo e a levantar dúvidas quanto a sua necessidade de matar. Temos aí uma trama psicológica, onde o expectador pode ter até um certa simpatia pelo personagem e torcer por sua "justiça" embasada na Lei de Talião. As tramas são leves, com uma trilha variada de ritmos  entre as caribenhas e românticas. Há ainda muitos trechos cômicos e sarcásticos desde as cenas de desova dos cadáveres, feitas pelo personagem em seu barco chamado "Slices of life" às narrações nos desenvolvimentos das tramas e descrições dos personagens.
O vídeo de abertura é recheado de simbologias que apresentam elementos simples de forma dúbia e metafórica:

Vídeo de apresentação do personagem:
Por Francisca Costa

terça-feira, 30 de julho de 2019

A nudez na arte

O seculo XXI e a não aceitação da nudez!!!!!

O nú está nas criações artísticas desde a pré história.  Veja a série:
1 - Vênus de willendorf. Já foi censurada no face😱;

2 - Pazuzu, primeira representação do demônio e feito lá na Mesopotâmia - na formação das primeiras. A escultura foi o ponto chave na trama do filme "O exorcista" em 1973!;

3 - Zeus, "Zeus de Artemiso",  um bronze da Grécia clássica, cerca de 300 anos a.C

Aí.... veio a Idade Média, quando a nudez e a livre expressão artística foi duramente reprimida. Apenas um hiato na historia, pois veio o Renascimento e grande efervescência no pensamento humanístico.

4 - Escultura sem título da exposição BIO-I, voltamos ao seculo XXI!!!!, onde a Pinacoteca Aldo Locatelli, localizada no Paço Municipal, sede da prefeitura de Porto Alegre recolheu a obra da mostra por considerar inapropriada por sua forma que alude às genitálias masculina e feminina.
Porque a nudez incomoda tanto o decoro dos equipamentos públicos? Um curador ou espaço expositivo nunca deve impor limitações à expressão de um artista.

quinta-feira, 11 de julho de 2019

Cultura nos terreiros



Cientista social e babalorixá, Pai Rodney de Oxóssi explica a relação entre as religiões de matriz africana e as diversas expressões de arte. Ele cita a relevância de artistas como Carybé (1911-1997), pintor, gravador, desenhista e muralista.
Traz uma boa reflexão sobre uma neutralidade na produção cientifica com a temática de matriz africana!
https://youtu.be/iaB94Zg_sfs

sexta-feira, 27 de fevereiro de 2015

Black ou white

Valorizemos o sistema de cotas, é pouco para reparar os danos de séculos de privações, mas reconhecer a importância já é um caminho.
No Brasil somos, na massiva maioria, frutos da miscigenação. Mas ainda considero o pardo, apenas um tipo de papel.
Kabengele Munanga aborda a ambivalência entre questões sociais, políticas e econômicas que envolvem a miscigenação racial e o preconceito presentes no ideário da construção da nacionalidade do povo brasileiro.
(...) “não é fácil definir quem é negro no Brasil”, se classifica a questão como “problemática”, sobretudo quando se discutem políticas de ação afirmativa, como cotas para negros em universidades públicas.“Com os estudos da genética, por meio da biologia molecular, mostrando que muitos brasileiros aparentemente brancos trazem marcadores genéticos africanos, cada um pode se dizer um afro-descendente. Trata-se de uma decisão política”. (Munanga em memorial descritivo para o site Museu da Pessoa).



terça-feira, 9 de setembro de 2014

Influência lusitana (?) na formação do Brasil.

Os documentários, baseados no livro O Povo Brasileiro do pesquisador e antropólogo Darcy Ribeiro, abrem alas para uma forma diferente de ver a formação do Brasil. Dividem a obra em partes distintas, identificadas como matrizes (indígena, portuguesa, africana, dentre outras).
A formação pela matriz lusitana mostra um Brasil por suas heranças multiculturais trazidas pela colonização portuguesa, cuja nascente configura a própria formação da nação portuguesa!
Para entendermos o processo que desencadeou a fundação do Estado Português, devemos remontar os acontecimentos que retratam a disputa entre os Romanos, os Lusitanos e Cartagineses pela Península Ibérica, as invasões bárbaras e a “reconquista”; além da importante presença muçulmana na região.
Em Roma...
Os romanos eram povos oriundos da península itálica e se destacavam pelo fato de possuírem um poderoso exército, o que lhes garantiram conquistar e construir um grande império. O seu centro de poder era o Mar Mediterrâneo. Todos os territórios e regiões em sua volta foram dominados progressivamente. Primeiro, toda a península itálica, depois a Grécia, Gália e finalmente Cartago.  A ponto de se expandirem na África, Europa e Ásia.
No ano de 218 a.C, os romanos chegaram à península ibérica entrando pela região onde hoje fica a Espanha. Queriam aumentar o seu domínio na região para ter acesso às riquezas minerais e recrutar escravos para os trabalhos nas cidades em franco crescimento.
Entre os povos que mais resistiram estavam os lusitanos liderados pelo valente Viriato. Contam as narrativas históricas que o guerreiro só fora vencido pela traição de dois dos seus, que foram, para tanto, subornados pelo general romano.  Após a vitória, a anexação completa da península. Que fora dividida em três reinos: Tarraconense, Luzitânia  e Bética.
Os romanos permaneceram na península ibérica por cerca de 700 anos, influenciando, com o seu modo de vida, todos os povos conquistados. Tal influência ficou evidente, especialmente, na língua – o LATIM – que substituíra as línguas nativas; nas leis que foram substituídas pelo direito romano; nas técnicas de construção de e de edificação, como as de estradas e pontes; e planejamento urbano.
Para alguns historiadores, a dominação romana começa a ter fim com o início das invasões barbaras. Contudo, apenas no plano militar posto que os povos germânicos absorveram, ou foram absorvidos, rapidamente, pela herança cultural romana, em especial, a crescente onda cristã.
Bárbaros?
Por volta dos anos 419 d. C estes povos germânicos (Helanos, Vandalos e Suevos) iniciaram as invasões, seguidos pelos visigodos, que chegaram um pouco mais tarde, em 516 d. C. Ao chegarem eles apoderaram-se das propriedades, submetendo os antigos donos à condição de servos. É importante notar que diante das novas relações de poder surge uma nova classe: a Nobreza.
Embora os nobres acumulassem terras e outras posses, lhes faltava o domínio dos sabres acumulados; conhecimento do latim. Eis um forte motivo para a aliança com os bispos cristãos (clero), que representam, de certo modo, a continuação da cultura latina.
Em 711 d. C os árabes entram na península pelo Estreito de Gibraltar, supostamente incentivados por uma aliança momentânea com uma pequena parte de guerreiros visigodos insatisfeita. Foram facilmente dominados com exceção daqueles que se refugiaram nas Astúrias, ao norte da península, de onde, mais tarde desencadeou-se o processo de retomada do território denominado de A Reconquista.
Acho que somos mais mouros que...
A presença muçulmana percebida em nossas casas, ruas e costumes – os árabes e os mouros!
          É importante fazer uma distinção entre os Árabes e os Mouros. Os Mouros eram povos que habitavam a Mauritânia que ficava a noroeste da África, enquanto que os árabes eram provenientes da península arábica. Embora, a partir do século VII, eles passem a compartilhar a mesma religião, o islamismo.
             A herança cultural deixada pelos dois povos na península pode ser vista muito abertamente nas artes, na arquitetura, no vocabulário e principalmente na introdução de técnicas de captação, armazenamento e distribuição de água, moinhos de vento, espécies de arvores e frutos nativos do oriente e trazidos por Portugal para o Brasil.
A presença moura era considerada invasora pelos habitantes da península. A conivência entre muçulmanos e cristãos era bastante conturbada e isso levou estes últimos a organizarem uma resistência ao norte da península, na região das Astúrias. A guerra entre cristãos e muçulmanos tomou ares de uma verdadeira cruzada contra os “invasores infiéis”. A chamada “reconquista”, ao passo que devolvera aos povos peninsulares as suas propriedades, restituíra o regime de servidão à antiga  nobreza.
O video Matriz Lusa, baseado na obra O povo brasileiro, de Darcy Ribeiro, narra esta questão em forma de documentário. 


 Por Francisca Costa.

domingo, 15 de maio de 2011

DO MITO FUNDADOR: Raça e aceitação


Através do tempo a história identifica diferentes argumentos que indicam o encontro entre as três raças e a formação do Brasil, constituídas do imaginário popular.
Dentre estes argumentos há os que causaram muitas injustiças, crueldades desumanas. É a partir deste contexto que a sociedade contemporânea está voltando-se, para a necessidade de retratar-se por arbitrariedades enraizadas em nossa cultura. Alguns teóricos, como Baudrillard, apontam para uma guarda que prima pelo exagero ou ironizam iniciativas “politicamente corretas” demais. Mas, reconhecidamente, sabemos que o sistema de cotas e Leis de proteção ao índio, devem servir como mínima reparação do que povos, desfavorecidos durante muitos séculos, sofreram.
A filósofa Marilena Chauí, trouxe à tona, essa discussão com o livro, Brasil: mito fundador e sociedade autoritária, lançado há mais de uma década, mas encontra-se tão atual quanto no momento festivo pelos “500 anos do Brasil”.
Ela faz uma análise minuciosa dos fatores que contribuíram para a construção ideológica da personalidade do povo brasileiro: vitimado por um território conquistado e explorado - em todos os sentidos aludidos à palavra -, através da expansão marítima. Diferente de uma terra literalmente “descoberta” pelo europeu. Ela já era habitada por um povo que possuía aspectos intricados, reconhecidos pelo estudo de seus fatos sociais totais.
 Analisa como se procedeu a criação desse mito, onde o dominador impõe suas vontades de forma natural, justificada pela vontade divina. Opõe-se à idéia de um Brasil intocado, um novo mundo profético esperando pelo europeu, cujos símbolos nacionais, músicas e literatura ainda o enaltecem. Com “riquezas sem igual”, que somos um povo pacífico “ordeiro e festivo” (CAMINHA), “abençoado por Deus e bonito por natureza” (BENJOR), com recursos naturais inesgotáveis. Seus argumentos desmascaram essa alegoria e apontam para o conformismo e a impotência de nossas indignações, corrompidas por essas mesmas idéias já cristalizadas e que apenas vêm sofrendo adaptações ao longo do tempo.
O Brasil é uma invenção histórica pela qual foi feita uma construção cultural de .estrutura bastante complicada. O Mito Fundador do Brasil se revela a partir daí, como um jogo de interesses que favorece uma minoria, que instaura seu poder de dominação, com idéias que deturpam a forma de percepção da realidade.
O Brasil estava inserido no idealismo europeu no “deslocamento das fronteiras do invisível (...) – alargando o visível [pelo deslocamento de fronteiras] e atando-o a um invisível originário Jardim do Éden”. Até a etimologia de seu nome “Braaz”, pelos fenícios e “Hy Brazil” pelos irlandeses, remetem a esta simbologia, como “lugar abençoado, onde reinam primavera eterna e juventude eterna, e onde homens e animais convivem em paz” (CHAUÍ, p. 59).
O europeu visava expandir seu comercio, valorizava as especiarias vindas do oriente, ao qual recebe esta designação pelo mesmo motivo, ser também mais um símbolo, por significar mais que um lugar ou uma região: além de ser símbolo do Jardim do Éden, “oriente significa o reencontro com a origem perdida e o retorno a ela” (CHAUÍ, p. 61).
A dualidade entre Deus e o diabo no Brasil era vista pelo europeu pelas diferenças entre o litoral e o sertão. Assim como é vista a “escravização dos índios e dos negros nos ensina que Deus e o Diabo disputam a Terra do Sol. Não poderia ser diferente, pois a serpente habitava o Paraíso” (CHAUÍ, p. 66).
Esse mito faz parte do imaginário popular. Uma imagem positiva, como a analisada pela autora através das Antigas Escrituras. Dentre tantas seqüelas, há ainda a que se repete a cada quatro anos quando imaginamos um desbravador, “descobridor” da pátria, que vai nos salvar e instituir esta riqueza para todos, Idéias que são arrefecidas a cada final de mandato. Mas este “desbravador” volta novamente com outras promessas. “o brasileiro tem memória fraca”, outra marca do mito.

 * Imagem: Ilustração feita por Beto Nicácio

REFERÊNCIAS
CHAUÍ, Marilena. Brasil: mito fundador e sociedade autoritária. São Paulo, Editora Perseu Abramo: 2000.
Carta de Pero Vaz de Caminha.

domingo, 24 de abril de 2011

TROCAS, RECIPROCIDADE E OBRIGAÇÃO MORAL NA PÁSCOA



Algumas datas festivas, como a páscoa, têm como característica reacender sentimentos que intensificam práticas sociais como solidariedade, comunhão e confraternização. Suas diferentes simbologias convergem a reflexões de valores morais e de reciprocidade.

Este rito anual caracteriza-se como uma festa essencialmente religiosa, cultuada tanto por cristãos quanto pelos judeus, Pessach ou passagem, sua origem se remete a acontecimentos anteriores à Era cristã, com êxodo dos hebreus escravizados no Egito que atravessaram o Mar Vermelho. A crucificação de Cristo nas proximidades da data deu um novo significado ao período, comprovando a “ressurreição da carne”.

Tem origem atribuída ainda, aos rituais pagãos europeus pela sagração da primavera e o culto à deusa Eostre, Ostera, ou Esther que tem analogia equivalente às deusas greco-romanas. Há relatos sobre a adaptção do ritual pela Igreja, depois de institucionalizada, em busca de referências populares para que ela conseguisse se afirmar como tal, na Idade Média.

Ela suscita diversas simbologias como a produção do matzá ou ázimo (pão sem fermento) para lembrar a rápida fuga do Egito, quando não sobrou tempo para fermentar o pão. A páscoa é regulada com o período do carnaval, marcado pela quaresma, quarenta dias depois. A semana santa é iniciada no domingo de ramos, marcando a entrada de Jesus com seus discípulos na cidade de Jeruzalém, para celebrar a páscoa.

A figura do coelho está simbolicamente relacionada à esta data comemorativa, pois este animal representa a fertilidade, o coelho se reproduz rapidamente e em grandes quantidades. Entre os povos da antiguidade, a fertilidade era sinônimo de preservação da espécie e melhores condições de vida. Já os ovos de Páscoa (cozidos decorados, de chocolate, como jóias), também figuram-se neste contexto. O peixe também possui essa analogia, mas associada aos milagres atribuídos a Cristo, assim como a luz da vida na vela; o sírio; o termo “aleluia”, que dá graças à “ressurreição da carne” e o cordeiro, sendo seu próprio corpo em sacrifício.

É a idéia do “corpo de Cristo” que se rendeu para “nos salvar dos pecados” e sem esperar algo em troca: é o que se faz entender do ato em si. Mas em contrapartida espera-se que com seu exemplo seja retribuído o bem entre as pessoas. Fato que permite a idéia de dádiva e reciprocidade. Podemos identificar, nesta simbologia, características do potlatch, segundo Johnson, uma prática onde o uso de presentes indica uma intenção de generosidade e “os contemplados, sentem-se na obrigação de agir da mesma maneira” (p.179).

"A troca de presentes entre os homens, name-sakes, homônimos dos espíritos, incitam os espíritos dos mortos, os deuses, as coisas, os animais, a natureza, a serem 'generosos para com eles” (MAUSS, p.204).

Outra pratica já quase em desuso, é a de jejuar ou comer peixe no lugar de carne vermelha, seguida de certas restrições de ações como evitar sair na rua, limpar a casa, até mesmo tomar banho. Estes fatos incidem sobre a “teoria do Sacrifício” e sobre a “velha moral da dádiva transformada em princípio de justiça”, sinalizadas por Mauss. É quando um sacrifício é feito em nome de uma retribuição divina, a humildade pela bonança futura.

Há ainda a cerimônia de “morte do Judas” que funciona como uma catarse, quando pessoas se unem para fazer “justiça” contra o “traidor de Cristo”, é a troca justa pelo ato cometido.

As simbologias do período tanto para os judeus quanto para os cristãos, principalmente católicos, geralmente incentivam uma prática que faz reacender momentos de reflexão. Desmistifica sua associação como um fato genuinamente litúrgico, por ter em raízes rituais pagãos. Rebate ainda a propagação da idéia de consumismo capitalista, pois a data, em sua essência, vai além deste costume. E, mesmo através dele, há resquícios em comum com a noção de dádiva já praticada por outros povos.
REFERÊNCIAS
COSTA, Francisca. Observações de campo com relatos de pessoas durante o feriado da páscoa de 2011.
JOHNSON, Allan G. Dicionário de Sociologia: guia prático da linguagem sociológica. Rio de Janeiro: Jorge Zaar Ed., 1997.
MAUSS, Marcel. Sociologia e Antropologia. São Paulo. Cosac Naify: 2003.
PAULINAS.http://www.paulinas.org.br/diafeliz/datacom.aspx?Dia=4&Mes=4&DataComID=557. Acessado em 21 de abril de 2011.
SOCIOLOGIA E CIBERESPAÇO.
http://sociologiaeciberespaco.blogspot.com/2009/04/dos-ritos-pagaos-ate-pascoa.html. Acessado em 21 de abril de 2011.

*Análise sobre as relações sociais durante o feriado da páscoa, fundamentada a partir do estudo do capítulo Ensaio sobre a dádiva, apresentado por Marcel Mauss.