É essencialmente humana a necessidade de criação, pois o ato de criar permite a expressão da criatividade e esta expressão, permite o diálogo e interação entre pessoas e a realidade vivente.
Desde os tempos pré-históricos, o ser humano constrói no mundo suas
próprias coisas, demonstrando maior ou menor habilidade para isso, sem a consciência
ou a pretensão de fazer arte. Mas, a criação artística tem a capacidade de fomentar
a fruição e o deleite para quem a produz, consome ou contempla.
Em algum momento de nossas vidas, já sentimos o efeito agradável na
apreciação de alguma obra de arte, seja uma música, um romance, uma pintura,
uma dança ou um poema. Mas não é fácil explicar, exatamente, o que nos encanta
ou entender os motivos pelos quais milhões de seres humanos, ao longo da
história, são atraídos pela arte.
O estudo da arte possui quatro linguagens expressivas: as Artes Visuais,
o Teatro, a Dança e a Música.
Nas Artes Visuais, o objeto artístico, é produzido através de uma
infinidade de técnicas ou, ainda, por suas associações. Verificaremos algumas formas
expressivas, que ao longo da existência humana vêm dando vazão à criação e
criatividade, agregando tecnologia, melhorando os materiais, multiplicando
técnicas e ampliando possibilidades de comunicação através da arte em suas múltiplas
e infinitas atuações.
Técnicas artísticas
PINTURA - Pintar é o processo de colorir, de pigmentar uma superfície, atribuindo-lhe matizes, tons e texturas. A pintura é uma das expressões artísticas mais antigas e tradicionais no mundo das artes visuais. Muitas, em suas inúmeras técnicas, são eternizadas em trabalhos que já fazem parte da memória visual de cada pessoa.
A pintura necessita de um meio de manifestação, o que
chamamos “suporte” (a superfície onde ela será produzida) e um material para
lidar com os pigmentos (os vários tipos de pincéis e tintas). Na contemporaneidade,
Jackson Pollock desenvolveu uma técnica de pintura criada por Max
Ernst, o dripping (gotejamento), na qual respingava a tinta sobre
suas imensas telas: os pingos escorriam formando traços harmoniosos e pareciam
entrelaçar-se na superfície da tela. Esta técnica ficou conhecida mundialmente como
Action Painting (pintura de ação).
A escolha dos materiais e técnicas adequadas está
diretamente ligada ao resultado desejado para o trabalho, e como pretende-se
que ele seja entendido. Desta forma, a análise de qualquer obra artística passa
pela identificação do suporte e da técnica utilizada.
O suporte pode ser a tela (normalmente
uma superfície de madeira coberta por algum tipo de tecido) e, ainda, a
madeira, a parede, o couro, o papel. Cada superfície destas, necessita de uma tinta
específica para sua fixação, aderência e qualidade pretendida.
O elemento fundamental da pintura é a cor. A
relação formal entre as massas coloridas presentes em uma obra constitui sua
estrutura fundamental, guiando o olhar do espectador e propondo-lhe sensações
de calor, frio, profundidade, sombra, entre outros.
Algumas técnicas e materiais da pintura:
· Muralismo, pintura mural ou parietal: é executada sobre uma parede, quer diretamente na sua superfície, como num afresco - que consiste na aplicação de pigmentos de cores diferentes, diluídos em água, sobre argamassa ainda úmida- quer num painel montado numa exposição permanente. É uma técnica de arte pictórica vinculada à arquitetura, podendo explorar o caráter plano de uma parede – como as pinturas feitas em tumbas egípcias - ou criar o efeito de uma nova área de espaço – como o Trompe-l'oeil (engana o olho) técnica romana.
Imagem de um trome-l’oeil das ruinas da cidade de Pompéia.
Há
ainda o grafite, grafito ou grafíti, uma inscrição aliada a desenhos pertencente
à arte
urbana, onde o artista aproveita os espaços públicos,
criando uma linguagem intencional para interferir na cidade, muitas vezes
aliada ao hip-hop.
· Tinta a óleo: é uma mistura de
pigmento minerais diluídos em óleos ou azeites, formando uma massa espessa, difundido
no Período renascentista, onde o artista confeccionava sua própria tinta, passou
a ser comercializada embalada em tubos somente no século XIX. É dissolvida com
óleo de linhaça ou terebintina para torná-la mais diluída e fácil de espalhar.
O óleo acrescenta brilho à tinta; o solvente tende a torná-la opaca. A grande
vantagem da pintura a óleo é a flexibilidade, pois, a secagem lenta da tinta
permite ao pintor alterar e corrigir o seu trabalho.
·
Acrílico: é uma tinta sintética solúvel em água, com aspecto
brilhante e secagem rápida, que pode ser usada em camadas espessas ou finas. Foi
criada no século XX, experimentada por muralistas mexicanos e difundida na arte
contemporânea por Jackson Pollock, Mark Rothko, Kenneth Noland, Barrett Newman, e Roy
Lichtenstein
·
Aquarela: é uma técnica de pintura na qual os pigmentos
se encontram suspensos ou dissolvidos em água. Os suportes utilizados na
aquarela são muito variados, embora o mais comum seja o papel com elevada
gramatura (espessura). São também utilizados como suporte o papiro, casca de
árvore, plástico, couro, tecido, madeira e tela.
·
Guache: é um tipo de aquarela opaca. Seu grau de
opacidade varia com a quantidade de pigmento branco adicionado à cor,
geralmente o suficiente para evitar que a textura do papel apareça através da
pintura, fazendo com que não tenha a luminosidade.
Gravura - Uma técnica produzida focando a impressão e reprodução de imagens. Uma gravura é produzida a partir de uma matriz que pode ser feita de metal (calcografia), pedra (litografia), madeira (xilogravura) ou seda (serigrafia). Nessa arte visual, o artista faz uma gravação da imagem, de acordo com as ferramentas que utiliza, com o propósito de imprimir uma tiragem (cópias) de exemplares idêntico, que pode ser feita pelo próprio artista ou orientando um impressor especializado.
Muito importante salientar que: uma gravura é considerada original
quando é assinada e numerada pelo artista dentro de conceitos estabelecidos
internacionalmente. Após aprovar uma gravura, o artista tira várias provas que são
chamadas p. a. (prova do artista).
Ao chegar ao resultado desejado é feita uma cópia “bonne à tirer” (boa
para imprimir – b.p.i.). A tiragem final deve ser aprovada pelo artista, que,
então, assina a lápis, coloca a data, o título da obra e numera a série.
Ao fim da edição, a matriz deve ser destruída ou inutilizada. Cada
imagem impressa é um exemplar original de gravura e o conjunto destes
exemplares é denominado tiragem ou edição. Em uma tiragem de 100 gravuras, as
obras são numeradas em frações: 1/100, 2/100 etc.
Técnicas de gravura:
· Litografia (matriz de pedra): a litografia (lithos = pedra e graphein = escrever) foi criada no
ano de 1796 por Alois Senefelder.
· Xilogravura (matriz de madeira): surgiu como consequência da demanda cada vez maior de consumo de
imagens e livros sacros, a partir da invenção da imprensa por Gutenberg, quando
as iluminuras e códigos manuscritos passaram a ser um luxo de poucos. A gravura
em madeira seria um meio econômico de substituir o desenho manual, imitando-o
de forma ilusória e permitindo a reprodução mecânica de originais consagrados.
A técnica ainda é bastante difundida nas ilustrações da literatura de cordel.
Imagem de uma obra do artista.
·
No filme “As sombras de Goya”, o artista faz uma demonstração da técnica em uma das cenas, comentada no video:
·
Serigrafia (matriz de seda ou náilon): também conhecida como silk-screen (tela de seda)
é um processo de impressão, no qual a tinta é vazada – pela pressão de um rodo
ou puxador – através de uma tela preparada com princípios fotográficos de captação
da imagem. É utilizada na impressão em variados tipos de materiais e pode ser
feita de forma mecânica (por pessoas) ou automática (por máquinas).
Escultura
É uma arte visual que representa
imagens usando a tridimensionalidade do espaço, pode parcial (o caso do relevo)
ou total. Os processos de atividade escultórica datam da pré-história e
sofreram significativas mudanças através dos tempos, no uso variado de técnicas
materiais utilizados (pedra, metal, argila, gesso ou madeira).
A técnica da modelagem consiste em
elaborar esculturas utilizando materiais flexíveis, facilmente manipulável com
o uso das mãos, como a cera, o gesso e a argila.
No caso da argila, a escultura será
posteriormente cozida, tornando-se resistente, resultando na cerâmica. A
modelagem é, também, o primeiro passo para a confecção de esculturas através de
outras técnicas, como a fundição e a moldagem.
A técnica do entalhe é um processo onde
o artista trabalha cortando ou extraindo o material em excesso (madeira, por
exemplo) até obter a forma desejada.
Outra técnica utilizada para a
escultura é fundição de metal (ferro, cobre ou bronze – da liga entre vários metais,
por suas qualidades e especificidades que pedem o objeto a ser produzido, ou
local onde será alocado)
A fundição requer um processo complexo:
1- Começa com um modelo em argila
2- Faz-se o molde (fôrma) que será preenchido com cera,
obtendo-se outra peça idêntica neste material, que poderá ser retocada, para
corrigir algumas imperfeições derivadas do molde
3- O metal líquido é vazado dentro do molde, ocupando o
lugar deixado pela cera. 4- A escultura de metal passa, então, por um processo
final de recorte, de acabamento e tratamento contra corrosão ou ação do tempo.
Arquitetura
A Arquitetura é a organização do espaço tridimensional. É uma atividade
humana existente desde que o homem deixou de se abrigar em cavernas.
Uma definição mais precisa da área envolve todo o design do ambiente
construído pelo homem, o que engloba desde o desenho de mobiliário (desenho
industrial) até o desenho da paisagem (paisagismo) e da cidade (urbanismo),
passando pelo desenho dos edifícios e construções (considerada a atividade mais
comum dos arquitetos).
O trabalho do arquiteto envolve, portanto, toda a escala da vida do
homem, desde a manual até a urbana.
A Arquitetura depende ainda, necessariamente, da época da sua
ocorrência, do meio físico e social a que pertence, da técnica decorrente dos
materiais empregados e, finalmente, dos objetivos e dos recursos financeiros
disponíveis para a realização da obra.
Para Carlos Lemos, a “Arquitetura desenha a realidade urbana que
acomoda os seres humanos no presente”. Mas, teve seu esplendor e imaginação
criativa no Período Medieval, na Idade Média não foi um período de “trevas”
para arte, muito menos para a arquitetura.
E, ainda, cinco das sete maravilhas do mundo antigo são obras
arquitetônicas: A Pirâmide de Gizé, os Jardins Suspensos da Babilônia, O templo de
Ártemis, O Mausoléu de Halicarnasso e o Farol de Alexandria.
Imagem do Museu de Arte de Niterói
A imagem acima é uma fotografia de Gustavo Mello Perlingeiro.VAMOS PRATICAR?
QUESTÕES DE PROVAS JÁ APLICAS QUE SE
RELACIONAM AO CONTEÚDO:
Questão 1 (Enem
2018)
As duas imagens são produções que têm a cerâmica como matéria-prima. A obra Estrutura vertical dupla se distingue da urna funerária marajoara ao
a) evidenciar a simetria na disposição das peças.
b) materializar a técnica sem função utilitária.
c) abandonar a regularidade na composição.
d) anular possibilidades de leituras afetivas.
e) integrar o suporte em sua constituição.
Resposta:
Letra B
Questão 2 (Enem 2018)
ROSA,
R. Grande sertão: veredas:
adaptação da obra de João Guimarães Rosa.
São Paulo: Globo, 2014 (adaptado).
A imagem integra uma
adaptação em quadrinhos da obra Grande
sertão: veredas, de Guimarães Rosa. Na representação gráfica,
a inter-relação de diferentes linguagens caracteriza-se por
a)
romper com a linearidade das
ações da narrativa literária.
b)
ilustrar de modo fidedigno
passagens representativas da história.
c)
articular a tensão do romance
à desproporcionalidade das formas.
d)
potencializar a dramaticidade
do episódio com recursos das artes visuais.
e)
desconstruir a diagramação do
texto literário pelo desequilíbrio da composição.
Resposta: Letra D
Questão 3 (Enem 2014)
Cordel resiste à tecnologia gráfica
O Cariri mantém uma das mais ricas tradições da
cultura popular. É a literatura de cordel, que atravessa os séculos sem ser
destruída pela avalanche de modernidade que invade o sertão lírico e telúrico.
Na contramão do progresso, que informatizou a indústria gráfica, a Lira
Nordestina, de Juazeiro do Norte, e a Academia dos Cordelistas do Crato
conservam, em suas oficinas, velhas máquinas para impressão dos seus cordéis.
A chapa para impressão do cordel é feita à mão,
letra por letra, um trabalho artesanal que dura cerca de uma hora para
confecção de uma página. Em seguida, a chapa é levada para a impressora, também
manual, para imprimir. A manutenção desse sistema antigo de impressão faz parte
da filosofia do trabalho. A outra etapa é a confecção da xilogravura para a
capa do cordel.
As xilogravuras são ilustrações populares obtidas
por gravuras talhadas em madeira. A origem da xilogravura nordestina até hoje é
ignorada. Acredita-se que os missionários portugueses tenham ensinado sua
técnica aos índios, como uma atividade extra catequese, partindo do princípio
religioso que defende a necessidade de ocupar as mãos para que a mente não
fique livre, sujeita aos maus pensamentos, ao pecado. A xilogravura antecedeu
ao clichê, placa fotomecanicamente gravada em relevo sobre metal, usualmente
zinco, que era utilizada nos jornais impressos em rotoplanas.
VICELMO, A. Disponível em: www.onordeste.com.
Acesso em: 24 fev. 2013 (adaptado)
A estratégia
gráfica constituída pela união entre as técnicas da impressão manual e da
confecção da xilogravura na produção de folhetos de cordel
a)
realça a importância da
xilogravura sobre o clichê.
b)
oportuniza a renovação dessa
arte na modernidade.
c)
demonstra a utilidade desses
textos para a catequese.
d)
revela a necessidade da busca
das origens dessa literatura.
e)
auxilia na manutenção da
essência identitária dessa tradição popular.
Resposta: Letra E
Questão 4 (Enem 2014)
CLARK, L. Bicho de bolso. Placas de metal, 1966
O objeto escultórico produzido por Lygia Clark,
representante do Neoconcretismo, exemplifica o início de uma vertente
importante na arte contemporânea, que amplia as funções da arte. Tendo como
referência a obra Bicho
de bolso, identifica-se essa vertente pelo(a)
a) participação efetiva do espectador na obra, o que
determina a proximidade entre arte e vida.
b)
percepção do uso de objetos
cotidianos para a confecção da obra de arte, aproximando arte e realidade.
c)
reconhecimento do uso de
técnicas artesanais na arte, o que determina a consolidação de valores
culturais.
d)
reflexão sobre a captação
artística de imagens com meios óticos, revelando o desenvolvimento de uma linguagem
própria.
e) entendimento sobre o uso de métodos de produção em
série para a confecção da obra de arte, o que atualiza as linguagens
artísticas.
Resposta: Letra A
Questão 5 (Enem
2019)
Na obra Cabeça de touro, o material descartado torna-se objeto de arte por meio da
a) reciclagem da matéria-prima original.
b) complexidade da combinação de formas abstratas.
c) perenidade dos elementos que constituem a escultura.
d) mudança da funcionalidade pela integração dos objetos.
e) fragmentação da imagem no uso de elementos diversificados.
Resposta: Letra D
Questão 6 (Enem 2019)
Fotografia de Jackson Pollock pintando em seu ateliê, realizada por Hans Namuth em 1951.
e
MUNIZ, V. Action Photo (segundo Hans Namuth em Pictures in Chocolate). Impressão fotográfica. The Museum of Modern Art, Nova Iorque, 1977.
NEVES, A. História
da Arte 4. Vitória: Ufes – Nead, 2011.
Utilizando chocolate derretido como matéria-prima, essa obra de Vick Muniz reproduz a célebre fotografia do processo de criação de Jackson Pollock. A originalidade dessa releitura reside na
a) apropriação parodística das técnicas e materiais utilizados.
b) reflexão acerca dos sistemas de circulação da arte.
c) simplificação dos traços da composição pictórica.
d) contraposição de linguagens artísticas distintas.
e) crítica ao advento do abstracionismo.
Resposta: Letra
A
Referências
Artes Visuais: conheça as técnicas e os materiais artísticos
utilizados. Pesquisado: https://arteref.com/arte-no-mundo/artes-visuais-conheca-as-tecnicas-e-os-materiais-artisticos/,
em 19/01/2021.
BOZZANO, Hugo. Arte
em Interação. São Paulo: Ibep, 2013.
FERRARI, Solange dos Santos Utuari. Arte por toda parte: volume único. 2.
Ed. São Paulo: FTD, 2016.
GOITIA, Fernando Chueca. (Org.). História
Geral da Arte: Pintura VI. Espanha: Ed. Del Prado, 1995.
LEMOS, Carlos. O que é
arquitetura. São Paulo: Brasiliense, 2003.
Questões do ENEM e
gabaritos: https://descomplica.com.br/gabarito-enem/,
acesso em 20/01/2021.
REIS, Eliana Vilela dos. Manual compacto
de Arte – ed. Rideel – 2010.
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