quarta-feira, 25 de janeiro de 2023

MANEIRISMO e ROCOCÓ: Os marcantes períodos de transições estilísticas




O Maneirismo 

É um estilo artístico que se situou na transição entre a Arte Renascentista e a Arte Barroca, desenvolveu-se em Roma, por volta de 1520 até meados de 1610. O termo tem origem na expressão italiana la bella maneira e significa “a bela maneira”, o que ainda é visto para muitas pessoas como conotação original de afetação e imitação superficial. Tratava-se de uma tendência para a estilização exagerada que se transformou na sua identidade, extrapolando assim, as rígidas linhas dos modelos clássicos. Por isso, muitos historiadores consideram este estilo como o primeiro modernista. Um exemplo é a obra “O juízo final” de Michelângelo em sua fase madura, visualizada no detalhe que mostra a alegoria de São Bartolomeu segurando a própria pele, esta possui a face modelada como a face do próprio artista, autorretratando-se.

Na pintura de Tintoretto e de El Greco houve o crescimento de ideias que adquiriram importância cada vez maior na arte do século XVII: a ênfase sobre a luz e a cor; o desprezo pelo equilíbrio simples; e a preferência por composições mais complicadas, composição típica desse estilo apresenta um grupo de figuras dispostas umas sobre as outras, num equilíbrio aparentemente frágil. As imagens são unidas por contorções extremadas e o alongamento exagerado dos músculos.

Características

·         Período marcado pela Reforma Protestante; a religiosidade em seus temas, tanto em telas quanto em afrescos.

·         Pintura teve ainda temas históricos, mitológicos greco-romanos e retratos;

·         Escultura com distanciamento da realidade e feita com inspiração na obra de Michelangelo;

·  Imagem humana retratada de forma alongada, concedendo solenidade e elegância à composição;

·         Valorização da originalidade e das interpretações individuais, autoria, marca reconhecível;

·         Maior dinamismo e complexidade de suas formas;

·         Artificialismo no tratamento dos seus temas, a fim de se adquirir maior emoção, elegância, poder ou tensão.

 

  Alguns rtistas Maneiristas:


 Antonio Correggio (1489-1534), foi contemporâneo dos renascentistas Michelângelo e Rafael. O artista produziu obras com tema religiosos e mitológicos. Com suntuosidade e refinamento em suas composições de cenas. A Imagem é uma foto do afresco Ascensão da Virgem, na parte central do teto da Catedral de Parma. 




El Greco (1541-1614), foi um pintor, escultor e arquiteto grego que desenvolveu a maior parte da sua carreira na Espanha. Em seu trabalho podemos verificar a verticalidade na disposição dos elementos compostos por corpos esguios e alongados, rostos melancólicos e misteriosos, cores brilhantes, eliminação da perspectiva de modo a ressaltar as cenas secundárias, além de trabalhar a luz em suas telas de maneira que direciona a luminosidade para os pontos mais importantes. A imagem mostra a obra “O Enterro do Conde de Orgaz”, pintado para igreja de São Tomé em Toledo. É considerada sua obra mais significativa. 



 Giambologna (1529-1608), foi um escultor francês considerado o mais perfeito representante do Maneirismo, e seu renome vem de suas obras cheias de movimento, com um precioso polimento de superfície. Entre as mais conhecidas estão o Mercúrio, do qual existem várias versões. A imagem mostra a escultura em grupo “Rapto das Sabinas”.


Giuseppe Arcimboldo (1527-1593), foi um pintor italiano considerado o mais irreverente representante do Maneirismo. Suas pinturas mostram composições de frutas, legumes, animais e objetos exóticos queque dão forma a figuras humanas. O pintor utilizou em cada tela, elementos que correspondessem ao tema retratado; assim, “A Primavera” é composta basicamente por flores, “O Verão”, por frutas próprias dessa estação, “O Outono”, por folhas e frutas dessa época do ano e “O Inverno”, por uma "árvore sem folhas". O mesmo acontece com o restante de sua obra que foi inspiração para a Arte Surrealista.

Parmigianino (1503-1540) foi um pintor italiano que buscava causar a sensações e emoções estranhas na contemplação de suas obras.  A dimensão de seus personagens e sua expansividade tomam forma única e particular. Como mostra a imagem da pintura Madona com Longo Pescoço, a mesma traduz as características visuais que nomeiam este estilo artístico.


Tintoretto (1518-1594) pintor italiano de grande notoriedade e representação do estilo maneirista, pois suas obras demonstram grande energia dramática e utilização perspectiva acentuada e dos efeitos da luz fez dele um dos precursores do estilo Barroco.  Sua “Ultima ceia” é um exemplo fiel da transição entre o Maneirismo e o Barroco, contrastando significativamente com a obra de feições clássica de Leonardo Da Vinci.



 







O Rococó

Período estilístico surgido e desenvolvido na França, mas influenciou artistas de outras nacionalidades, principalmente alemães, austríacos e italianos.  Sucedeu a arte barroca, tendo sido marcado pelo exagero e nas ornamentações, em uma arte carregada de ostentação e essencialmente aristocrática.

Será que tanta pomposidade é o que fez chegar até o último século a aura francesa como fonte de bom gosto e refinamento?

Para o historiador e crítico de arte Arnold Houser, o Rococó expressa a beleza, a graça da vida, seduzindo e encantando. Possui maior leveza e fluidez em uma linguagem formal, mas sensual e delicada. A pintura ganha um cenário idílico e bucólico da paisagem, e o retrato começa a ser encomendado por um público consumidor, o que antes era privilégio do clero e realeza, pela ascensão do capitalismo, da burguesia e declínio da monarquia francesa.  p. 509.

É neste contexto que germina a Revolução Francesa, nos primeiros ideais revolucionários, pelo descontentamento do que é visualmente ostentado na vida palaciana, no registro das extravagâncias da aristocracia e de seus retratos contrastando com a situação geral da vida do povo.

Mas é de uma arte de encanto, beleza e graça que estamos descrevendo, observada na pintura “O Balanço” (1766) de Jean-Honoré Fragonard, uma das mais famosas do período.


 O estilo Rococó:

A origem do termo é dada pela presença de elementos inspirados em conchas (rocaille, a provável origem do nome, pode ser traduzido como concha), espirais e volutas.

A decoração mostra seu potencial no afresco do teto do Palácio de Wurzburg, na Alemanha, uma das obras mais celebradas do ao artista Giovanni Battista Tiepolo (1696-1770), “Alegoria dos Continentes”, com figuras de deuses mitológicos e figuras históricas – um exemplo da estética visual do período, fruto do gosto da aristocracia francesa do século XVIII, a obra pertence.



As características do período são bastante visíveis também na arquitetura da Igreja Wieskirche, na Alemanha, pelo uso de ornamentação dourada e curvilínea, a representação de elementos da natureza e os afrescos ricos em detalhes.


O mobiliário do período é bastante reconhecível no Brasil, pois veio com a família real portuguesa, no período de colonização. E, também, na arquitetura colonial brasileira, tendo boa parte dos conjuntos arquitetônicos tombados pelo IPHAN e Unesco, datados dos momentos em que a história da arte vivia o classicismo europeu.

No maranhão, visualizamos a influencia do Rococó na ornamentação da Catedral de São Luís, a Igreja da Sé, da imagem acima e, na imagem abaixo, no mobiliário do Palácio dos Leões.



A escultura também assume um importante caráter decorativo, expressando charme, brilho, ternura, espiritualidade, delicadeza e sensualidade, “substituindo o maciço estatuesco e realisticamente espaçoso do barroco”, p.527. A imagem mostra a obra “A ameaça do Cupido” (1757) do escultor francês Etienne-Maurice Falconet.


 Principais características do estilo Rococó:

·         Crítico do Estilo Barroco, e sua dramaticidade soturna;

·         Uso de muitos adornos;

·         Uso de cores mais claras e em tons pastéis, luminosidade;

  • uso excessivo de tons dourados na pintura e na ornamentação;

·         uso de curvas acentuadas, espirais e volutas;

·         Pinturas de paisagens burlescas, festivas e tranquilas;

·         Retrata a frivolidade e luxo da realeza da época: afetada e superficial;

·         Pastoril simbólico e bucólico;

·         Temas: nudez, históricos, mitológicos o os prazeres humanos (hedonismo);

  • Inspiração nas formas da natureza;
  • No mobiliário e na decoração havia uso de espelhos e madeira;
  • Era um estilo predominantemente decorativo.

 

 Artistas e suas obras em destaque:

  • Antoine Watteau (1684-1721): Obras mais famosas estão Peregrinação à ilha de CíteraPierrot e Os dois primos.
  • Giovanni Battista Tiepolo (1696-1770): pintou O banquete de Cleópatra, Retrato de mulher como Flora e os afrescos do Palácio de Wurtzburgo.
  • Jean-Baptiste Chardin (1699-1779): Obras como A lavadeira, O buffet, Cesta de pêssegos Bolhas de sabão.
  • François Boucher (1703-1770): Obras importantes como O banho de Diana, O triunfo da Vênus e Vênus consolando o Amor.
  • Francesco Guardi (1712-1793): Obras Vista da Ponte de Rialto, Piazza San Marco e Procissão noturna na Piazza San Marco.
  • Thomas Gainsborough (1727-1788): Obras O menino azul, O carrinho de mercado e O passeio matinal.
  • Jean-Honoré Fragonard (1732-1806): pintou O balanço, A fonte do amor e O beijo roubado.

Étienne Falconet (1716-1791): pintou O oráculo, A ameaça do Cupido, Flora, Vênus das pombas.


VAMOS PRATICAR?

QUESTÕES DE PROVAS JÁ APLICAS QUE SE RELACIONAM AO CONTEÚDO:


Questão 1 (ENEM 2022)


EL GRECO. Laocoonte. Óleo sobre tela, 1,37cm x 1,72cm. National Gallery of Art, Washington, Estados Unidos, circa 1610-1614. Disponível em: https://images.nga.gov. Acesso em: 28 jun 2019 (adaptado).

Essa impressionante obra apresenta o sacerdote Laocoonte sendo punido pelos deuses por tentar alertar os troianos da ameaça do Cavalo de Troia, que escondia um grupo de soldados gregos. Enviadas pelos deuses, serpentes marinhas são vistas matando Laocoonte e seus dois filhos como forma de punição.

KAY, A. In: FARTHING, S. (Org.). Tudo sobre arte.
Rio de Janeiro: Sextante, 2011 (adaptado).

Produzida no início do século XVII, a obra maneirista distingue-se pela

a) representação da nudez masculina.

b) distorção ao representar a figura humana.

c) evocação de um fato da cultura clássica grega.

d) presença do tema da morte como punição da família.

e) utilização da perspectiva para integrar os diferentes planos.


Resposta: Letra B

A distinção da obra maneirista apresentada no texto I se dá pela distorção nas formas físicas humanas. Tal aspecto é comum dentre as obras do maneirismo, visto que a representação dos indivíduos é marcada por um alongamento dos corpos, conforme é possível observar na tela “El Greco”.


Questão 2 (FGV 2013)

"Hora do Canto, aulas de flauta, de cerâmica, o curso de História da arte espanhola, El Greco... Ainda lembro exatamente do quebra-cabeça com uma pintura de Arcimboldo".
Abaixo está copiado um quadro de Arcimboldo, de que a autora se lembra, por ter sido um dos seus quadros motivo de um quebra-cabeça.




O quadro é adequado para um quebra-cabeça em razão da dificuldade de montagem, devido à

a)  uniformidade de elementos.

b)semelhança de formas.

c)   indefinição da imagem.

d)    falta de proporcionalidade.

 Resposta: Letra B

 

Questão 3 - Prefeitura de Manaus (2010)

 Com relação aos artistas barrocos, julgue os itens abaixo e, em seguida, assinale a opção correta.

I – A característica mais marcante das pinturas de Caravaggio é o modo como ele utiliza a luz; por isso ele é conhecido como o fundador do estilo Luminista.

II – As pinturas de Tintoretto têm duas características principais: os corpos das figuras são mais expressivos do que os rostos, e a luz e a cor utilizadas nos quadros são de grande intensidade.
III – As obras de El Greco trazem como característica principal a verticalidade das figuras.
IV – Além do contraste entre luz e sombra nos trabalhos de Rembrandt, o que mais chama atenção é a gradação da claridade, os meio tons e as penumbras que envolvem áreas de luminosidade mais intensa.
A quantidade de itens certos é igual a

a)    1

b)    2

c)    3

d)    4

 Resposta: Letra D


Questão 4 (Enem 2012)

 


BARDI, P. M. Em torno da escultura no Brasil. São Paulo: Banco Sudameris Brasil, 1989.

Com contornos assimétricos, riqueza de detalhes nas vestes e nas feições, a escultura barroca no Brasil tem forte influência do rococó europeu e está representada aqui por um dos profetas do pátio do Santuário do Bom Jesus de Matosinho, em Congonhas (MG), esculpido em pedra-sabão por Aleijadinho. Profundamente religiosa, sua obra revela

 

 

 

a)    liberdade, representando a vida de mineiros à procura da salvação.

b)    credibilidade, atendendo a encomendas dos nobres de Minas Gerais.

c)    simplicidade, demonstrando compromisso com a contemplação do divino.

d)    personalidade, modelando uma imagem sacra com feições populares.

e)    singularidade, esculpindo personalidades do reinado nas obras divinas.

 

Resposta:

Letra D. As esculturas de Aleijadinho têm forte personalidade e também tenta caracterizar, nos traços do rosto, pessoas populares.

 

Questão 5 (Ufes)

Em relação à Imagem, é INCORRETO afirmar:

a)    Apresenta sensualidade típica das manifestações escultóricas do rococó.

b)    Apresenta linhas sinuosas, características do estilo rococó

c)    Apresenta dimensões reduzidas, por ser uma réplica de um tema de esculturas monumentais.

d)    Apresenta pequenas dimensões que, aliadas ao material, caracterizam a graciosidade e o requinte do rococó.

e)    Apresenta o caráter alegre do estilo rococó

Resposta: letra C

 

   

NÓS PESQUISAMOS AQUI!

 

BOZZANO, Hugo. Arte em Interação. São Paulo: Ibep, 2013.

FERRARI, Solange dos Santos Utuari. Arte por toda parte: volume único. 2. Ed. São Paulo: FTD, 2016.

GOMBRICH, E. H. A história da arte. Rio de Janeiro: LTC Livros Técnicos e Científicos, 1995.

SPENCE, David. Grandes artistas: vida e obra. São Paulo: Editora Melhoramentos, 2014.

HOUSER, Arnold. História Social da Arte e da Literatura. São Paulo: Martins Fontes, 1998.

MARIOTTO, Gladys. Arte, leitura de mundo. Curitiba, PR: Expoente, 2011.

REIS, Eliana Vilela dos. Manual compacto de Arte – ed. Rideel – 2010.


*Texto produzido em 2020 para a Plataforma Gonçalves Dias, do Governo do Estado do Maranhão.

ROMANTISMO: A arte entre os séculos XVIII e XIX

 

* A Capa do disco "Viva la Vida", da banda inglesa Cooldplay, de 2008, faz duas releituras: das obras "A liberdade guiando o povo" de Deacroix e da obra Viva la vida, uma natureza morta tida como a ultima pintura feita pela artista mexicana Frida Kahlo.

ü  Contexto Histórico da estética do Romantismo

O Romantismo foi um movimento filosófico, literário e artístico que surgiu no final do século XVIII até o século XIX. O termo “romântico” significa “sentimental”, um dos aspectos mais evidentes deste período e que caracteriza toda sua produção artística. 

Mas, dentre muitas características, valoriza o espírito nacionalista, o sentimento, a subjetividade, o idealismo e a fé, valores ignorados pelo Período anterior, o Neoclassicismo. Tinha uma visão contrária ao racionalismo clássico e ao iluminismo.

Toda a arte deste período, mostra, a consciência individual dos artistas, pois intenção era a expressão, o sentimento puro e simples, refletindo o que estava acontecendo ao seu redor e os seus anseios.

Lembrando que a Europa estava abalada em um século agitado por mudanças sociais, políticas e culturais, causadas pela Revolução Industrial (que provocou a divisão econômica do trabalho e o começo da especialização da mão-de-obra) e pela Revolução Francesa (em que a sociedade lutou em busca da valorização dos direitos individuais). 

A imagem mostra a obra A liberdade guiando o povo símbolo da Revolução Francesa, feita por Eugène Delacroix – Artista francês que causa um intenso clamor e comprometimento político em suas obras. Personificou alegorias, fazia com que a arte funcionasse como uma festa para os olhos de quem a observava.

Principais características da Arte no Romantismo:

·      Temas (assuntos) retratados: mitológicos, religiosos, natureza morta, paisagem, retrato, autorretrato, histórico, alegórico, marinha e dia a dia dos pintores;

·       Valorização da natureza, da imaginação, da fantasia;

·       Valorização dos sentimentos, como os de Liberdade, Igualdade e Fraternidade tão importantes na Revolução Francesa estavam presentes na arte; Patriotismo, idealização da mulher e fuga da realidade.


Artistas e obras do período:


Goya (1746-1828) – Artista espanhol que pintou e gravou retratos de pessoas famosas da corte espanhola, pessoas simples do povo, imagens terríveis da guerra, telas com monstros, cenas da história além das lutas empreendidas em nome da liberdade e revela uma crítica social em suas obras. Imagem mostra a obra “Os Fuzilamentos” que data de 3 de maio de 1808.




Eugène Delacroix (1799-1863), descrito no início do texto.


Gericault (1791-1824) – Foi influenciado pela obra do artista Neoclássico, Jacques-Louis David e dedicou-se a copiar os artistas Barrocos, Rubens, Velázquez e Caravaggio. Sua obra mais célebre é A Balsa da Medusa, um monumental óleo sobre tela que está exposta no Museu do Louvre em Paris, mede 4,91 m x 7,16 m.


Willian Turner (1775-1851) – Sua obra é toda situada na observação da natureza da natureza em especial telas que buscam fazer um estudo completo a respeito da luz e sombra. Dentre os destaques das suas obras podemos citar “O Grande Canal, Veneza” e “Vapor e Velocidade”. Existe a criação de uma atmosfera da paisagem com essas telas, uma inspiração para os artistas do Estilo Impressionista.


John Constable (1776-1837) – seus trabalhos eram voltados para a representação da natureza, retrata os lugares idílicos, pastoris e bucólicos em que ele mesmo nasceu e viveu. Com a luz em suas obras, conseguiu um efeito vivo e sereno.  Dentre elas, podemos destacar: A Carroça de Feno.

 

François Rude – o trabalho deste artista tem em destaque os ornamentos escultóricos nas estátuas para o Arco do Triunfo, em Paris, chamado de "A Marselhesa" (ou "Partida dos Voluntários de 1792"), que personifica o Hino Nacional Francês. Ela simboliza a França, enquanto pátria-mãe, chamando os voluntários para lutar pelo país e sobre esses estendendo suas asas protetoras. A mulher com asas simboliza o Espirito de Liberdade e incita o povo para a luta.


  
... E no Brasil?

O romantismo brasileiro marcou a história de toda a arte de nosso país. coincidiu com a Independência política do Brasil em 1822, com o Primeiro reinado, com a Guerra do Paraguai e com a campanha abolicionista.

Na literatura, teve seu início em 1836 com o livro “Suspiros Poéticos e Saudades”, de Domingos José Gonçalves de Magalhães.

Mas, antes disso na Arte recebeu a Missão Artística francesa, em 1816. Com o objetivo de estabelecer o ensino oficial das artes plásticas e acabou influenciando o cenário artístico brasileiro, além de estabelecer o ensino acadêmico inexistente até então.

A obra de José Maria de Medeiros, “Iracema” (1884), representa bem o romantismo na arte brasileira.

VAMOS PRATICAR?

QUESTÕES DE PROVAS JÁ APLICAS QUE SE RELACIONAM AO CONTEÚDO:

Questão 1 (UEL)

Assinale a alternativa que completa adequadamente a asserção:

O Romantismo, graças à ideologia dominante e a um complexo conteúdo artístico, social e político, caracteriza-se como uma época propícia ao aparecimento de naturezas humanas marcadas por

a) teocentrismo, hipersensibilidade, alegria, otimismo e crença.
b) etnocentrismo, insensibilidade, descontração, otimismo e crença na sociedade.
c) egocentrismo, hipersensibilidade, melancolia, pessimismo, angústia e desespero.
d) teocentrismo, insensibilidade, descontração, angústia e desesperança.
e) egocentrismo, hipersensibilidade, alegria, descontração e crença no futuro.

 Resposta: Letra C

 

Questão 2 (UFV)

Assinale a alternativa falsa:

a) Romantismo, como estilo, não é modelado pela individualidade do autor; a forma predomina sempre sobre o conteúdo.

b) Romantismo é um movimento de expressão universal, inspirado nos modelos medievais e unificado pela prevalência de características comuns a todos os escritores da época.

c) Romantismo, como estilo de época, consistiu basicamente num fenômeno estético-literário desenvolvido em oposição ao intelectualismo e à tradição racionalista e clássica do século XVIII.

d) Romantismo, ou melhor, o espírito romântico, pode ser sintetizado numa única qualidade: a imaginação. Pode-se creditar à imaginação a capacidade extraordinária dos românticos de criarem mundos imaginários.

e) Romantismo caracterizou-se por um complexo de características, como o subjetivismo, o ilogismo, o senso de mistério, o exagero, o culto da natureza e o escapismo.

Resposta: Letra A

 

Questão 3 (UFSC)

           

O quadro é do pintor francês Eugène Delacroix (1798 – 1863) e é intitulado “A Liberdade guiando o povo”, datado de 1830. Este quadro tornou-se uma das representações mais famosas da Revolução Francesa, pois: 

a)           nele podemos observar todas as características do simbolismo, bem como a representação de todas as classes que participaram da fase inicial do movimento, com destaque para a bandeira tricolor criada pelos revolucionários, levada pela figura que lembra a participação intensa e fundamental das mulheres no processo.

b)           utiliza uma linguagem de fácil entendimento, onde é possível depreender todas as fases da Revolução Francesa numa só imagem, situando a obra no contexto da arte impressionista.

c)            tornou-se também um ícone do estilo rococó, do qual Delacroix é um dos fundadores e permite observar o caráter violento da Revolução.

d)           sintetiza, com traços pertencentes ao romantismo francês, as ideias fundamentais da revolução, representadas pela bandeira revolucionária, levada pela mulher que constitui a personificação da liberdade, e pela presença de personagens que representam a burguesia e os sans-culottes, linha de frente do movimento antimonárquico.

Resposta: Letra D

 

NÓS PESQUISAMOS AQUI!

 

ABBAGNANO, Nicola. Dicionário de Filosofia. 6ª edição. São Paulo: Martins Fontes, 2012.

GOMBRICH, E. H. A história da arte. Rio de Janeiro: LTC Livros Técnicos e Científicos, 1995.

HOUSER, Arnold. História Social da Arte e da Literatura. São Paulo: Martins Fontes, 1998.

MARIOTTO, Gladys. Arte, leitura de mundo. Curitiba, PR: Expoente, 2011.

REIS, Eliana Vilela dos. Manual compacto de Arte – ed. Rideel – 2010.



*Texto produzido em 2020 para a Plataforma Gonçalves Dias, do Governo do Estado do Maranhão.

domingo, 18 de setembro de 2022

A Importância da pesquisa cientifica em Artes na escola contemporânea




Devemos ter consciência que a prática de ensino está situada de acordo com as constantes transformações da vida cotidiana e assim, o professor deve manter-se atento às mudanças que a sociedade impõe, que vêm acontecendo de forma cada vez mais rápida, na realidade contemporânea.

Neste sentido, a pesquisa no ambiente escolar é um caminho para a observação dessas mudanças, para visualização de problemas e a proposição de soluções, através de ações que relacionem a prática educacional à realidade social e cultural do aluno.

Pelo regimento que ampara o ensino da arte em sua importância para o estudo da cultura, cabe ao professor, em sua plena formação e aquisição de competências, garantir ao aluno a aplicação dos conteúdos aliados à pesquisa e aplicação de projetos que as direcionem. Por isso, situar-se em constantes atualizações, haja vista os avanços tecnológicos e o acesso a novas mídias. É quando a arte passa a instigar maior participação ou respostas mais imediatas de seu público, principalmente, por este momento histórico manter-se interligado culturalmente, ao ponto do “mundo de percepção do aluno não estar mais restrito ao seu meio”, extrapola o ambiente do lar, da escola e do bairro em que vive (ANDRÈS, 2000, p.150).

Assim, Ferraz e Fusari apontam uma preparação singular do professor de arte e já insere a arte como um diferencial analítico nos conteúdos: linguagens, códigos e suas tecnologias, “nossa competência é incluir e educar a capacidade de julgar, avaliar as atividades e as experiências em todas as linguagens consideradas como meios de comunicação e expressão (1999, p.44).

Dewey visualizou uma educação que desse condições para os alunos tomarem consciência para a resolução de problemas por si mesmos, provocando iniciativa e autonomia, produzindo resultados, estreitando relações entre teoria e prática.

Teorias adotadas pelo educador Anísio Teixeira em seu livro Educação e o Mundo Moderno, onde aponta que este tipo de educação pautada na experiência,


“representa uma reconstrução dos esforços de Dewey para integrar indivíduos e sociedade, trabalho e jogo, mente e corpo, criança e currículo, o espontâneo e o reflexivo, o natural e o social, sentidos e inteligência, ciência e humanismo, ação e reflexão, cultura e eficiência, autoridade e liberdade, disciplina e interesse, o subjetivo e o objetivo, o saber e o fazer, teoria e prática, o precário e o estável, e assuntos referentes à realidade brasileira imediata” (BARBOSA, 2001, p. 63). 

A pesquisa dentro da escola visa nortear educadores de arte e seus alunos, em atividades que se baseiam exatamente nesse pensamento de Dewey e ainda no de Nicolas Bourriaud que pondera a união da práxis e poiésis, teorizadas por Marx, que visa a “totalização da experiência (...) mesclando produção e produto em um dispositivo de existência” (Dewey, 2010, p.68).

Santos, em sua obra Pela mão de Alice, aborda a importância da pesquisa e da ciência dentro da universidade, porém havemos que ponderar que a pesquisa científica pode estar presente na educação básica também. Sentimos a necessidade de ampliar para todas as instâncias educacionais a consideração de que

 

É cada vez mais importante fornecer aos estudantes uma formação cultural sólida e ampla, quadros teóricos e analíticos gerais, uma visão global do mundo e das suas transformações de modo a desenvolver neles o espírito crítico, a criatividade, a disponibilidade para a inovação, a ambição pessoal, a atitude positiva perante o trabalho árduo e em equipe, e a capacidade de negociação que os preparem para enfrentar com êxito as exigências cada vez mais sofisticadas do processo produtivo. (p. 198, 2010). 

A pesquisa na educação básica otimiza a produção do conhecimento, permite ao alunos exercitarem a busca de respostas, valoriza suas experiências prévias, projeta caminhos, rompe barreiras entre o conhecimento empírico e o conhecimento científico.

Importância do conhecimento popular o empírico para o conhecimento cientifico.

            Entendemos como conhecimento popular ou conhecimento comum, dos saberes disseminados sem comprovação advindas por uma tese (caso do conhecimento científico), sendo reduzido de forma costumeira como mera informação. Segundo Lakatos, “O destinatário desse tipo de informação popular é o que se pode chamar de grande público; ele não se ocupa em investigar profundamente a validez das informações” (p.85, 2018). É ainda, o que o filósofo, que estudou a fenomenologia das relações sociais, Alfred Schutz chamou de conhecimento tácito, fundamental para lidarmos com as incontáveis situações diárias que constituem a vida social, pois a mesma se baseia em um sentido comum do que é real, principalmente no conhecimento contido na cultura.

Abbagnano (p. 205, 2012) conceitua o conhecimento, de forma geral, como “uma técnica para a aferição de um objeto”, objeto este que possibilite a descrição, o cálculo ou a previsão verificável, onde a técnica pode ter os mais diversos graus de eficiência.

Devemos considerar a importância de todas as formas de conhecimento, elas se cruzam à medida o objeto de interesse surge até a aferição de sua existência, como cita o autor, é quando uma tese se apresenta em suas complexidades, surgindo assim, uma fonte de pesquisa.

O conhecimento é costumeiramente dividido em diferentes campos: conhecimento popular, filosófico, religioso e cientifico. Porém, o conhecimento cientifico diferencia-se dos demais, não pelo seu objeto de estudo, mas pela forma como o mesmo é obtido.

Porém, defendemos que o conhecimento empírico é uma importante base para o pensamento e a sociabilidade, por isso precede o conhecimento científico, pois muitas pesquisas e comprovações científicas surgiram de forma a esclarecer dúvidas em relação ao conhecimento popular.

É ainda o conhecimento referenciado por Marilena Chauí quando cita o pensamento de John Locke: “De onde procede todo o material da razão e do conhecimento? Responde em uma só palavra: da experiência. Todo nosso conhecimento se baseia nela e dela provém em última instância” (apud, Chauí, p. 129, 2006)

Como se formam os conhecimentos? Por um processo de combinação e associação dos dados da experiência. Por meio das sensações, recebemos as impressões das coisas externas; essas impressões formam o que Locke chama de ideias simples. (Chauí, p. 129, 2006).

 Reconhecemos, assim, que toda forma de conhecimento é válida e necessária. Os conhecimentos formam as bases de nossas relações sociais e se entremeiam trazendo sentido à nossa existência.

 

 

REFERÊNCIAS

ABBAGNANO. Dicionário de Filosofia. 6ª ed. São Paulo: Martins Fontes, 2012.

ANDRÈS, Maria Helena. Os caminhos da Arte. 2° ed. Belo Horizonte: C/Arte, 2000.

BARBOSA, Ana Mae. John Dewey e o ensino da arte no Brasil. São Paulo: Cortez, 2001.

_________________ Tópicos utópicos. Belo Horizonte: C/Arte, 1998.

BOURRIAUD, Nicolas. Formas de vida: a arte moderna e a invenção de si. São Paulo: Martins Fontes, 2011.

CHAUÍ, Marilena. Convite à Filosofia. 13ªed. São Paulo: Ática, 2006.

DEWEY, J. Arte como experiência. São Paulo: Martins Fontes, 2010,

FERRAZ, Maria Heloísa Corrêa de Toledo. Metodologia do ensino de arte. São Paulo: Cortez, 1999.

JOHNSON, Allan G. Dicionário de Sociologia: guia prático da linguagem sociológica. Rio de Janeiro: Jorge Zaar, 1997.

LAKATOS. Eva Maria e MARCONI, Marina de Andrade. Metodologia do Trabalho Científico. 8ª ed. São Paulo: Atlas, 2018..

SANTOS, Boaventura Sousa. Pela mão de Alice. 13. Ed. São Paulo: Cortez, 2010.