ARTE GRECO-ROMANA
Ao longo da história da humanidade absorvemos, influenciamos ou somos
influenciados por culturas que mantivemos qualquer tipo de contato, pois alguma
forma de arte existe em todas as partes do globo, mas a história da arte como
um esforço contínuo não tem seu princípio ou fim definido. Mas há a continuidade
transmitida de mestre a discípulo, e de discípulo a admirador ou copista, o que
ligaria a arte do vale do Nilo de cerca de cinco mil anos atrás à produção do
povo grego. Pois veremos que os mestres gregos “frequentaram” a escola dos
egípcios (parafraseando o historiador de arte austríaco Ernst Hans Josef Gombrich) e todos nós somos discípulos
dos povos gregos e também dos povos romanos que foram influenciados de forma
linear e transitória pelos mesmos.
A influência dos gregos e romanos pode ser verificada ao longo da história da humanidade, a partir de sua própria existência...
Assim, na Idade Média, negando seus preceitos e cânones, depois resgatada nos períodos posteriores como o Renascimento (cuja nomenclatura já os requisita de forma direta, no século XIV) e o Neoclassicismo (onde a nomenclatura os trata como o “novo clássico”, fomentado pela descoberta das ruínas da cidade de Pompéia, soterrada pelas lavas do vulcão Vesúvio). Esta influência perdura e se reinventa, sempre negando ou exaltando os “clássicos”, nas mais diferentes representações artísticas, culturais e sociais.
A palavra clássico deriva do latim classicus, que significa um cidadão da mais alta classe, de extremo valor, segundo o pesquisador da história da música, Roy Bennett. Desta forma, falamos clássicos a obras com grande estima e reconhecimento universal: Shakespeare é um “clássico” da literatura e os gregos e romanos “clássicos” para a filosofia, sociologia, matemática, política, música, arquitetura, escultura e para a literatura.
Servem de referências e bases para a nossa cultura geral.
ARTE GREGA
A arte grega costuma ter seu estudo dividido em três períodos que
demarcam, em sua temporalidade, modificações substanciais e acréscimos de rebuscamentos:
Período Arcaico
Nos primeiros séculos, a produção escultórica do povo grego se
assemelhava à dos egípcios em rigidez. Mas, sabemos que os egípcios baseavam
sua arte no próprio reconhecimento. Mas os gregos começaram a usar os próprios
olhos, não a representação deles. Uma vez iniciada essa revolução, os escultores
em suas oficinas ensaiaram novas ideias e novos modos de composição da figura
humana, e cada inovação era avidamente adotada por outros. O homem jovem era
representado nú (essas estátuas eram chamadas de “Kouros”) e as moças eram
representadas vestidas (korés).
A sua cerâmica era decorada com padrões geométricos simples e, quando se queria representar uma cena, esta formava parte do desenho com austeridade e rigor.
Evolução da representação técnica na escultura feminina, visualizado: https://br.pinterest.com/pin/67835538115476935/,
em 29/07/2020.
Período Clássico
Quando a arte passa a apresentar grande apuro técnico, com a criação de
cânones e regras para a representação pautada na natureza, tanto para figura
humana quanto para a arquitetura e a pintura. Com a utilização de formas
idealizadas, mais belas que o normal, representação de atletas em pleno
movimento e mulheres com vestes esvoaçantes, como representação dos deuses (os gregos
eram politeístas!), tudo podendo ser detalhado em esculturas que servem como
enfeites dos templos. Neste período percebemos maior indução de movimento nas
estátuas, para isto, começa a utilização do bronze que era mais resistente do
que o mármore, podendo fixar o movimento sem que os membros (braços, pernas) se
quebrem. Na pintura da cerâmica, há o
destaque no uso de tintas vermelhas sobre o fundo negro, percebemos a pintura
com maior dinamismo, realismo, naturalismo e expressividade. Foi o período em
que a democracia ateniense atingira seu nível mais elevado e que a arte grega deu
início a um grande desenvolvimento.
O corpo naa obras de arte da Grécia Antiga #vivieuvi
Período Helenístico
Teve influência oriental da macedônia, com a arte mais decorativa e suntuosa. Quando o apogeu técnico, estético e conceitual do povo grego foi atingido e, por fim, seu declínio. Aprimoraram uma multiplicidade de usos e técnicas, como a da encáustica sobre gesso e mármore pela aplicação de cera derretida, criação de mosaicos, que adquirem detalhismo e refinamento. As esculturas ganham intensa expressividade e teatralidade, emotividade e riqueza de detalhes, feitas em bronze (o domínio da técnica escultórica em mármore será alcançado apenas pelos romanos, que copiarão as obras gregas e usarão o bronze para fazerem armamentos). A arte helênica conservou ainda algumas direções clássicas puras idealizadoras do objeto, mas a tendência, todavia, é para o aumento de imaginação e liberdade, a arte passa a superar o equilíbrio clássico, por sua dinamicidade.
Na arquitetura grega foram desenvolvidos três estilos ou ordens: a ordem
dórica, jônica e a coríntia (empregadas respectivamente nos períodos arcaico,
clássico e helenístico). Imagem visualizada: http://pontozeroum.blogspot.com/2016/01/colunas-gregas.html,
acesso 29/07/2020.
Outra das invenções importantes da arquitetura grega foi o anfiteatro, geralmente construído na encosta de uma colina, aproveitando as características favoráveis do terreno para ajustar as arquibancadas semicirculares. No centro do teatro ficava a orquestra, e ao fundo o palco, decorado com um cenário arquitetônico fixo.
Imagem de um
anfiteatro na antiga cidade de Myra, na Lycia, onde atualmente ocupa região da
Turquia. visualizada: https://br.pinterest.com/pin/85568461654535623/,
acesso em 29/07/2020.
No âmbito das artes cênicas, os gregos fundaram gêneros que até hoje
organizam as várias modalidades do teatro contemporâneo. A tragédia e a comédia
aparecem como textos em que os costumes, instituições e dilemas da existência
eram discutidos através da elaboração de narrativas e personagens bastante
elaboradas. Tendo grande prestigio entre a população, o teatro atraía os
olhares de várias pessoas que se reuniam para admirar e discutir as peças
encenadas publicamente.
ARTE ROMANA
A estética romana teve por base a estética da cultura greco-helenística,
que aos poucos foi adquirindo características próprias, na construção de uma
arte que atendia com praticidade o modo de vida e necessidades dos romanos. A
temporalidade é aproximada de 753 a.C. (quando a cidade de Roma é fundada) até
476 d.C. (com o fim do Império Romano), um império que durou cerca de mil anos.
Assim como os gregos, eram politeístas, absorvendo a mesma religiosidade e suas características, adotando a mudança dos nomes de alguns deuses do panteão grego. Assim, Afrodite se transformou em Vênus, Ares virou Martes, Hera – esposa de Zeus - foi chamada de Juno pelos romanos, e o Zeus grego (soberano do olimpo), se converteu em Júpiter.
Herdeiros da arte grega, os romanos espalharam suas esculturas, pinturas
e mosaicos por todo território que conquistavam, igualmente, construíam teatros
onde podiam ser representadas peças que serviam para instruir e divertir a
população. Em algumas cidades eram levantadas arenas para jogos de gladiadores,
recriações de batalhas, lutas entre homens e animais selvagens (o anfiteatro
romano era construído a céu aberto e em vários pavimentos, diferente do grego
que aproveitava o relevo das encostas de montanhas).
Imagem do Teatro Coliseu, em Roma, capital da Itália. Visualização: https://www.maxmilhas.com.br/blog/guia-de-destinos/viagem-para-a-italia-o-guia-ideal-para-voce,
em 30/07/2020.
A arquitetura romana deriva da arquitetura grega, embora
diferenciando-se por algumas características ou agregando-as, por isso alguns
autores agrupam ambos estilos designando-os por arquitetura clássica. Alguns
tipos de edifícios característicos deste estilo propagaram-se por toda a
Europa, em particular, o aqueduto, a basílica, a estrada romana, o domus, arcos
do triunfo, e o Panteão. Os monumentos romanos se caracterizam pela solidez;
aprenderam com os etruscos o emprego do arco, assim como a abóbada ou teto
curvo e o cimento hidráulico. Construíram também catacumbas, fontes, obeliscos
e templos.
Os romanos abastados prezavam pelo conforto e, geralmente, nas casas dos patrícios havia água encanada. Se o rio não estivesse perto da cidade, um aqueduto era levantado para trazer água à população que a recolhia nas fontes instaladas na cidade. (Aquedutos são sistemas de transporte de águas feitos na forma de pontes, sustentadas por arcos superpostos).
Imagem do aqueduto da cidade de Segóvia, Espanha, visualizada: https://fuigosteicontei.com.br/segovia-espanha-la-que-fica-o-castelo-que-inspirou-walt-disney/,
em 30/07/2020.
As termas eram as casas de banho, que usavam água aquecida,
caracterizando alto grau de higiene dessa civilização.
Roma propiciou a primeira experiência republicana da história. A
Civilização ainda contribuiu grandemente para o desenvolvimento do direito,
arte, literatura, arquitetura, tecnologia, religião, governo, e da linguagem no
mundo ocidental e sua história continua a ter uma grande influência sobre o
mundo de hoje.
Na técnica como expressão, a pintura romana é uma variante da pintura
grega das fases clássica e helenística. Apenas, por ser de caráter prático, o
romano acentuou as finalidades decorativas, aplicando com maior frequência à
arquitetura, dando-lhe forte realismo.
Imagem da pintura “Quíron e Aquiles”,
um afresco da cidade de Herculano,
soterrada pelo vulcão Vesúvio, hoje a cidade é
um museu à céu aberto, Museu Arqueológico Nacional de Nápoles,
na Itália. O centauro Quíron ensina Aquiles a tocar a lira. Visualização: https://www.wikiwand.com/pt/Quíron, em
30/07/2020.
Os afrescos da cidade de Pompéia, soterrada também pelo vulcão Vesúvio no séc. I a.C., representam bem este período antigo, na pintura mural, na forma de afrescos. Com cenas do cotidiano, figuras mitológicas, religiosas e conquistas militares. Usavam tintas feitas com materiais retirados da natureza, como de metais ou pedras em pó, substâncias retiradas da madeira ou extraídas de moluscos, vidros pulverizados e seivas de árvores.
Afresco é uma técnica de
pintura mural, executada sobre uma base de gesso, cal ou
argamassa ainda úmida, por isso o nome derivado da expressão italiana fresco, de mesmo significado
no português, na qual o artista deve aplicar pigmentos puros diluídos
somente em água. Dessa forma, as cores penetram no revestimento e, ao secarem,
passam a integrar a superfície em que foram aplicadas, ganha grande
durabilidade.
As pinturas chamadas “trompe l’oeil” (que significa ilusão de ótica) se
tornaram mais usuais e variadas, com a multiplicação de elementos simulados de
arquitetura, oferecendo vistas de paisagens urbanas e jardins, evidenciando um
uso bastante correto da perspectiva para dar a impressão de tridimensionalidade
e ilusionismo ao ambiente. Imagem de pintura em uma parede na cidade de
Pompéia, visualização: https://pompeiiinpictures.org/VF/Villa_016_p7.htm,
em 30/07/2020.
A Escultura romana também é fortemente inspirada na grega. Algumas
estátuas representavam o imperador ou chefes políticos e militares famosos e
eram colocadas em lugares públicos, outras representavam deuses. Também foram
esculpidos bustos, retratando membros das famílias imperiais ou abastadas e
baixos-relevos narrativos em arcos de triunfo e colunas, como forma de
comemorar os feitos notáveis do Imperador.
Imagem “Augusto de Prima Porta”, mármore, 2,08 metros, 0,12 metro x 1,3 metro, localizado no
Museu do Vaticano. Visualizada: http://beatrizlagoa.com.br/beatrizlagoa/romanos/, em 30/07/2020.
Além da grande produção de esculturas romanas, havia o hábito
generalizado da cópia de obras gregas mais antigas e a permanência de alusões
ao classicismo grego ao longo de toda sua história, mesmo através do
Cristianismo primitivo, manteve vivas uma tradição e uma iconografia que de
outra forma poderia ter-se perdido.
Ruínas, localizadas na baía de Bolonha em
Tarifa. Trata-se de uma antiga povoação romana que confirma a importância deste
local estratégico nos tempos antigos. Um dos mais importantes achados romanos,
não só da Andaluzia, mas de toda a península, é o SITIO ARQUEOLÓGICO de Baelo
Claudia.
Neste local,
praticava-se uma economia baseada na pesca, no fabrico de conservas, salga
de peixe e comércio com as embarcações que se deslocavam de um lado para outro
lado nas Colunas de Hércules.
Também se elaborava
o famoso molho garum de Cádiz. Nas ruínas, o bairro industrial está
situado junto à praia, perto das tabernas.
Baelo Claudia, ruínas romanas de Bolonia,
sul da Espanha, pertinho da cidade de Tarifa.
Nas aulas, sugiro os slides:
QUESTÕES DE
PROVAS JÁ APLICAS QUE SE RELACIONAM AO CONTEÚDO:
Questão 1 (Ueg 2013)
Analise a imagem.
Augusto de Prima Porta, esculpida por volta de 19 a.C., é uma típica escultura da Roma antiga. A diferença dessa escultura em relação às gregas do período clássico está:
a) na
monocromia, indicando maior austeridade dos costumes romanos em comparação com
os dos gregos.
b) na postura
ereta e estática, demonstrando que as esculturas gregas retratavam o movimento
dos corpos.
c) no caráter
político, já que as esculturas gregas priorizavam temas da mitologia
religiosa.
d) no uso da
indumentária militar na composição da obra, uma vez que as esculturas gregas
valorizavam o corpo humano.
Resposta: Letra C
Questão 2 (Ufsm 2012)
Observe as
imagens:
Com base nas
gravuras, reflita a respeito da Antiguidade Clássica e analise as afirmativas a
seguir.
I. A Civilização
Grega não sofreu influência dos egípcios nem dos povos do Oriente Médio. Sua
cultura esgotou-se entre os gregos e sua originalidade foi reconhecida apenas
com o Renascimento Cultural.
II. A arte do
período clássico evidenciou o ideal grego de harmonia e equilíbrio, percebido
tanto na representação da figura humana quanto no projeto de sociedade,
a pólis.
III. A arte do
período helenístico expressou uma dramaticidade que pode ser entendida como
expressão das tensões do mundo grego da época: a derrocada
da pólis autônoma e independente e a formação de grandes reinos.
IV. Ao conquistar
e dominar as cidades gregas, o Império Romano manteve o seu projeto original
(oriundo das culturas itálicas) e ignorou a cultura helênica.
Está(ão)
correta(s)
a) apenas I e
II.
b) apenas II e
III.
c) apenas I, II e
III.
d) apenas III e
IV.
e) apenas
IV.
Brasília
50 anos. Veja. N° 2 138, nov. 2009.
Utilizadas desde a
Antiguidade, as colunas, elementos verticais de sustentação, foram sofrendo
modificações e incorporando novos materiais com ampliação de possibilidades.
Ainda que as clássicas colunas gregas sejam retomadas, notáveis inovações são
percebidas, por exemplo, nas obras de Oscar Niemeyer, arquiteto brasileiro
nascido no Rio de Janeiro em 1907. No desenho de Niemeyer, das colunas do
Palácio da Alvorada, observa-se
a) a presença de um capitel muito simples, reforçando
a sustentação.
b) o traçado simples de amplas linhas curvas opostas,
resultando em formas marcantes.
c) a disposição simétrica das curvas, conferindo
saliência e distorção à base.
d) a oposição de curvas em concreto, configurando
certo peso e rebuscamento.
e) o excesso de linhas curvas, levando a um exagero na
ornamentação.
Resposta: Letra B
A partir da interpretação da imagem e do texto, é possível perceber que
as colunas têm traços modernos, principalmente, se compararmos com as
informações do enunciado, que nos informa que tais colunas
sofreram modificações e incorporaram novos materiais com ampliação de
possibilidades, o que pode ser evidenciado na obra de Oscar Niemeyer.
Referências
BOZZANO, Hugo B. Arte em
interação.
Volume único. São Paulo: Ibep, 2013.
COSTA, Francisca.
Arte Grega. Acesso: https://drive.google.com/file/d/1zHAS4iTVIOy8x75w_IL_8s0zPbV15ek-/view?usp=sharing,
em 30/07/2020.
Dominici, Marcos. Grécia – Artes Visuais.
https://drive.google.com/file/d/1bvRX4PVTsUVSNRxBuk4JLQaB-OO1Ps1t/view?usp=sharing, acesso em
29/07/2020.
Enciclopédia Itaú cultural: http://enciclopedia.itaucultural.org.br/termo26/afresco,
acesso em 30/07/2020.
FERRARI, Solange dos Santos Utari. Arte por toda parte: volume único. 2.
Ed. São Paulo: FTD, 2016.
GOMBRICH, E. H. A História da Arte. São Paulo:
Martins Fontes, 1998.
REIS, Eliana Vilela dos. Manual compacto
de Arte – ed. Rideel – 2010.
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